O pragmatismo da Argentina mereceu vencer a falta de criatividade da Colômbia

Mercado divide com James: marcação argentina foi eficiente
A partida contra o Chile trouxe de volta a esperança de que a Colômbia de 2012 a 2014 estava voltando. Mas o jogo da tarde desta terça, em Barranquilla, foi uma ducha fria nas expectativas otimistas: o que se viu hoje foi o time sem graça que fracassou na Copa América. Uma seleção pouco imaginativa, sem qualquer dinamismo, que abusa das ligações diretas e dos chutões em vez de trabalhar a bola com qualidade. E que perdeu, merecidamente.

A Argentina, diga-se, não fez nada brilhante. E nem poderia: os desfalques são sabidos, dificultam a vida de Tata Martino. Mas as circunstâncias do jogo facilitaram. Com apenas dois pontos, os argentinos não podiam se dar ao luxo de gostar do empate em Barranquilla. Era preciso vencer para sair do sufoco. O gol cedo de Biglia era tudo o que a equipe precisava: a vantagem legitimava a estratégia reativa dos visitantes e os desobrigava a correr atrás do resultado. Numa tarde de intenso calor e muita umidade, ter fôlego para o segundo tempo valia ouro.

Postado com Mascherano e Biglia recuados, Banega centralizado e Lavezzi e Di María abertos por lados inversos ao jogo com o Brasil, a Argentina neutralizou a Colômbia a tarde toda. Téo Gutiérrez procurava voltar para auxiliar James Rodríguez e Macnelly Torres na criação, mas a marcação platina era muito eficiente. Sem alternativas nem vitórias pessoais, restava aos colombianos a ligação direta. No contragolpe, a Argentina estava mais perto de ampliar que de sofrer o empate.

No intervalo, Pekerman tirou Muriel do banco e o posicionou na ponta esquerda. Mesmo que só James estivesse agora na criação (Macnelly Torres saiu), a equipe melhorou, mais por uma questão de postura que de achar espaços de forma efetiva. A Argentina recuou demais, passou a contragolpear cada vez menos, e isso chamou a Colômbia para a pressão. Porém, com uma marcação ainda muito correta, o time visitante correu pouquíssimos riscos. Muriel não deu o brilho individual que a equipe da casa precisava, Cardona não trouxe criatividade nem bons chutes de longe e Ramos teve uma ou duas chances no jogo aéreo, apenas. Fora uma trapalhada de Romero com Rojo, o time da casa jamais levou real perigo. Os argentinos, com Peruzzi e Dybala descansados, chegaram bem mais perto, na trave.

À Argentina vale aquilo que eu disse sobre o Brasil hoje pela manhã: mais importante que bom futebol, neste momento, é vencer. Porque a vitória traz pontuação, que traz tranquilidade. Os vice-campeões mundiais saem da constrangedora penúltima posição das eliminatórias, sobem a 5 pontos e, enfim, entram na briga das eliminatórias. O resultado de hoje compensou o empate em Assunção com o fraco Paraguai. A derrota para o Equador, porém, ainda não foi recuperada.

Pelo lado colombiano, ficou claro que a partida contra o Chile ainda não é a regra deste time. Cuadrado faz falta, mas Pekerman dispõe de nomes capazes de fazer esta equipe manter um alto nível mesmo sem ele. A boa partida em Santiago é a prova. No momento, pelo pouco que jogou na Copa América, e pela baixa pontuação neste começo de eliminatória, a Colômbia é, dos "seis grandes", o que está em pior situação na classificação e nas perspectivas.

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Ficha técnica
Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 4ª rodada
17/novembro/2015
COLÔMBIA 0 x ARGENTINA 1
Local: Metropolitano, Barranquilla (COL)
Árbitro: Carlos Vera (EQU)
Público: 44.000
Gol: Biglia 19 do 1º
Cartão amarelo: Daniel Torres, Zapata, Palacios, Mejía, Mascherano, Lavezzi e Dybala
COLÔMBIA: Ospina (5), Palacios (4,5), Zapata (4,5), Murillo (6) e Fabra (6); Mejía (5,5) (Ramos, 32 do 2º - 5,5), Daniel Torres (5), Macnelly Torres (5,5) (Muriel, intervalo - 5,5) e James Rodríguez (5,5); Bacca (4,5) e Téo Gutiérrez (5) (Cardona, 12 do 2º - 5). Técnico: José Pekerman
ARGENTINA: Romero (5,5), Mercado (6) (Peruzzi, 33 do 2º - 6), Otamendi (6), Funes Mori (5) e Rojo (5,5); Mascherano (6,5), Biglia (7) e Banega (6); Lavezzi (6) (Pérez, 40 do 2º - sem nota), Higuaín (6) (Dybala, 24 do 2º - 6) e Di María (6,5). Técnico: Gerardo Martino

Foto: AFA.

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