O Grêmio mostrou que um bom grupo não precisa ser caro, mas sim homogêneo

Everton entrou no intervalo e melhorou o ataque do Grêmio
O jogo de hoje foi mais um que obriga o questionamento: o grupo de jogadores do Grêmio é tão limitado como se diz? Afinal, tanto Everton como Bobô saíram do banco de reservas e decidiram a partida. Vários jogos deste campeonato foram assim: Fernandinho mudou o time na virada sobre o Joinville, Bobô manteve o nível da equipe quando Luan não podia atuar e marcou contra o Corinthians, Bressan substituiu Geromel e fez o gol da vitória sobre o Santos... O Brasileirão mostra que os substitutos escalados por Roger Machado, seja desde o início ou não, têm dado conta do recado. Contraditório para quem investiu comedidamente na montagem do elenco.

Hoje, contra o Flamengo, não foram apenas os autores dos gols que corresponderam. Vale lembrar que o Grêmio jogou sem seus três principais volantes do elenco. O garoto Moisés foi extremamente correto na primeira função e Marcelo Oliveira foi um dos nomes do jogo na segunda. Pela lateral, Marcelo Hermes cumpriu seu papel. O fato é que um grupo médio vira bom quando o time está bem. E para um time com titulares de bom nível, mas não brilhantes, ter reservas corretos, que não comprometam, e com características que possam se adequar ao sistema de jogo, é quase tão importante quanto grandes nomes compondo o reservado. Por isso, as coisas funcionam, e por isso o rendimento da equipe foi relativamente estável durante o Brasileirão.

A partida de hoje foi de dois tempos completamente distintos. No primeiro, nem parecia que o Flamengo vinha em crise. Jogando com personalidade, usou a seu favor a ansiedade do Grêmio e controlou as ações na Arena. Extremamente organizado, mantinha os gaúchos longe de sua área, detinha quase 60% da posse de bola, somava mais arremates, chances de gol e desarmes. Faltou só mais volume para fazer o gol, mas com três volantes, Jajá e Gabriel na criação e só Guerrero na frente fica difícil.

No segundo tempo, tudo mudou. Segundo Geromel, foi o papo com Roger que melhorou o Grêmio. Mas, mudança tática ou de postura à parte, a entrada de Everton, que já poderia ter ocorrido de início na vaga de Pedro Rocha, deu ao Tricolor mais mobilidade na frente. Com ele e Luan trocando constantemente de posição, o time gaúcho envolveu o Flamengo. Curiosamente, marcou o primeiro gol num contra-ataque, mesmo dentro de casa, e mesmo precisando atacar. Um lançamento genial de Douglas, que culminou numa jogada de frieza e categoria de Luan e oportunismo de Everton na finalização.

Mas Oswaldo de Oliveira tem razão: o que matou o Flamengo não foi o gol, mas a expulsão de Guerrero, aos 13. Verdade que entre o 1 a 0 e a saída do peruano o Grêmio já havia criado perigo mais duas vezes. Depois disso, porém, foi um massacre: oito oportunidades claras, entre elas o golaço de Bobô, em ótima jogada de Marcelo Oliveira, em novo contra-ataque. Marcelo que foi tão bem quanto Giuliano e Galhardo. E Luan, que foi ponta, centroavante, meia e centro técnico do Grêmio que, enfim, parece estar confirmando sua ida à Libertadores. Mas nenhum melhor que Geromel, como quase sempre.

O Grêmio do primeiro tempo foi o das últimas rodadas: um time nervoso, retraído, de pouca confiança e cheio de ansiedade para definir logo sua situação no campeonato. No segundo, foi a equipe que lhe colocou na posição privilegiada que ocupa na tabela: marcação-pressão na saída adversária, roubadas de bola no campo ofensivo, muita dinâmica, toques envolventes e inúmeras oportunidades criadas. O gol cedo facilitou as coisas, claro, mas o time mereceu o resultado. E merece a vaga na Libertadores, que já está em clima de contagem regressiva, não mais sob tanta tensão.

Em tempo:
- Excelente a presença de quase 38 mil torcedores. A grandeza do jogo pedia isso, mas o feriado pode ter até afastado uns 5 ou 6 mil gremistas da Arena hoje à tarde.

- Segundo jogo seguido em que Guerrero é expulso na Arena. Contra o Corinthians, no ano passado, foi por confusão com Alán Ruiz.

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Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2015 - 33ª rodada
1º/novembro/2015
GRÊMIO 2 x FLAMENGO 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Bráulio Machado (SC)
Publico: 37.793
Renda: R$ 1.539.677,00
Gols: Everton 6 e Bobô 39 do 2º
Cartão amarelo: Guerrero
Expulsão: Guerrero 13 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Galhardo (6,5), Geromel (7), Erazo (6) e Marcelo Hermes (5,5); Moisés (6,5), Marcelo Oliveira (6,5), Giuliano (6,5) e Douglas (6) (Bobô, 33 do 2º - 6,5); Luan (7) (William Schuster, 44 do 2º - sem nota) e Pedro Rocha (4,5) (Everton, intervalo - 7). Técnico: Roger Machado
FLAMENGO: Paulo Victor (6), Ayrton (5), César Martins (5,5), Wallace (6,5) e Jorge (6); Márcio Araújo (5,5), Luiz Antônio (5) (Thiago Santos, 20 do 2º - 4,5), Canteros (5) (Kayke, 28 do 2º - 5), Jajá (4,5) (Ronaldo, 40 do 2º - sem nota) e Gabriel (5,5); Guerrero (4). Técnico: Oswaldo de Oliveira

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Sancho disse…
Foi bem expulso? O que aconteceu?

A propósito, o público está indo mesmo que o Grêmio não tenha chance nenhuma de ser campeão. Vai apenas porque o time está jogando bem. Vitória do futebol. Apesar de eu preferir um campeonato com fase final ( ou como se diz, com mata-mata), isso me parece um efeito dos pontos-corridos. Ótimo!

Abraço.
Vine disse…
Se Guerrero foi expulso, nem do Alán Ruiz o Grêmio precisa...
Vicente Fonseca disse…
Fez falta no Moisés e recebeu amarelo por reclamação. Seguiu reclamando e foi expulso. Acho sempre exagerado quando acontece assim, mas diante do que vem sendo o campeonato não chega a ser fora da curva.

E bem lembrado, Sancho: também gosto de uma fase final, mas mesmo sem disputar mais o título a torcida do Grêmio tem comparecido, e com outros clubes foi assim em anos anteriores. Os pontos corridos, isso é claro, não afastam os torcedores dos estádios.
Chico disse…
A Arena pulsou e o Tricolor conseguiu uma grande vitória contra o flamerda.

Geromel, mais uma vez, anulou o ataque flamenguista.