O "artilheiro" Godín é o símbolo de um Uruguai que faz bonito nas eliminatórias

Godín catimba: zagueiro, capitão e artilheiro da Celeste
Nem parece que Suárez segue de fora da Celeste (pois é, ele ainda segue desfalcando o Uruguai, tão desproporcional foi sua punição pela mordida em Chiellini). Mesmo sem seu principal jogador e matador, a equipe charrua tem o melhor ataque das eliminatórias, ao lado do imparável Equador dos 100%. Em quatro rodadas, obteve 9 pontos, arrancada melhor que a de 2011, quando estava no auge do time campeão da América. E duas vitórias foram de goleada, contra Colômbia e Chile, duas fortes seleções do continente. A que se deve esse começo tão positivo?

Principalmente à estratégia adotada por Tabárez: sabendo que seu time não tem mais Forlán ou um meia criativo de categoria ao menos parecida, e ainda sem Luisito, o Uruguai foca o que tem de melhor: sua capacidade defensiva. Aliando a segurança com a eficiência na frente, tem vencido seus jogos com relativa facilidade, mesmo que, em casa, detenha às vezes só 30% da posse de bola, como ontem, diante do Chile.

O símbolo desta equipe, sem dúvida, é o zagueiro Diego Godín. Não bastasse ser um dos melhores do mundo na sua posição, o beque do Atlético de Madrid confirma na Celeste o instinto goleador que tem em seu clube. Foi ele que fechou os 2 a 0 sobre a Bolívia, em La Paz, e que iniciou os dois 3 a 0 da Celeste sobre colombianos e chilenos, no Centenario. Isso sem falar, é claro, no fato de ser o comandante desta defesa esplêndida que Tabárez armou. Se há zagueiros que são o chamado "perigo nas duas áreas" (fazem gols na frente e falham atrás), Diego é perfeito nas duas áreas. Difícil dizer em qual delas é melhor, por sinal.

Godín não é só o líder técnico do Uruguai sem Suárez, é o líder anímico também. Na falta que originou o primeiro gol da vitória de ontem, discutiu asperamente com Vidal e outros jogadores da Roja. Mostrou quem manda, catimbou, tentou desestabilizar (e parece ter conseguido) os chilenos. Chegou a receber amarelo por isso, inclusive. Detalhe que passou despercebido porque, segundos depois, foi ele que completou para as redes uma sobra na pequena área. O Godín capitão e o Godín artilheiro em questão de poucos segundos. A vibração intensa, sempre emocionante, foi ainda mais forte desta vez, já que a rivalidade entre uruguaios e chilenos só aumentou depois do que aconteceu na Copa América.

A intensa comemoração do 1 a 0: chilenos estavam engasgados
Nem o fato de jogar em casa faz o Uruguai mudar seu estilo, e a torcida compreendeu isso. Ontem, só o Chile jogou nos 20 minutos iniciais, mesmo no Centenario. Era normal: equipe propositiva, já joga ofensivamente mesmo longe de Santiago contra qualquer adversário, e não seria diferente contra um Uruguai reativo. A Celeste sabia disso, e venceu porque foi extremamente aplicada: manteve a marcação sempre segura, dificultou a criação chilena, teve sempre saídas rápidas pelos lados e, principalmente, a bola aérea. A equipe de Tabárez fez nada menos do que oito dos seus nove gols nas eliminatórias assim. Contra a baixa defesa de Sampaoli, era natural que o caminho para vencer fosse esse. E a vitória foi encaminhada desta forma no segundo tempo, com Álvaro Pereira e Cáceres, ambos ganhando pelo alto com extrema facilidade.

É verdade que o estilo uruguaio não é atrativo, não é brilhante, mas vem sendo muito eficiente. Óscar Tabárez, com 68 anos, mostra que ainda sabe tirar leite de pedra e formar uma seleção forte sem meias confiáveis e mesmo que seu principal craque seja ausência. Consegue passar aos seus atletas os conceitos de forma tão clara que sua equipe raramente se desarruma em campo. O começo de caminhada rumo à Rússia não poderia ser melhor. E, com Suárez, que volta já contra o Brasil, na próxima rodada, as coisas só tendem a melhorar.

Em tempo:
- Na verdade, o começo uruguaio poderia ser melhor: poderia ser o do Equador, que ganhou mais uma e segue 100%. 3 a 1 na Venezuela, sem tomar conhecimento da rival, mesmo longe de casa.

- Vitória apertada, mas importante do Paraguai sobre a Bolívia. O 2 a 1 deixa os guaranis na zona de classificação para a Copa, algo inesperado diante da péssima eliminatória passada.

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Ficha técnica
Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 4ª rodada
17/novembro/2015
URUGUAI 3 x CHILE 0
Local: Centenario, Montevidéu (URU)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Público: 60.000
Gols: Godín 22 do 1º; Álvaro Pereira 15 e Cáceres 19 do 2º
Cartão amarelo: Corujo, Godín, Maxi Pereira, Álvaro Pereira, Vidal, Medel, Alexis Sánchez e Díaz
Expulsão: Valdívia, após o jogo
URUGUAI: Muslera (6), Maxi Pereira (6), Coates (6,5), Godín (7) e Cáceres (6,5) (Gastón Silva, 25 do 2º - 5,5); Arévalo Ríos (6,5), Corujo (6), Lodeiro (5) (Álvaro Pereira, 13 do 2º - 6,5), Sánchez (7) e Rolan (5) (Nández, 34 do 2º - sem nota); Cavani (6). Técnico: Óscar Tabárez
CHILE: Bravo (5,5), Isla (5,5), Medel (6), Jara (5) e Mena (5) (Matías Fernández, 20 do 2º - 5,5); Díaz (5), Vidal (4,5), Mark González (5,5) (Beausejour, 20 do 2º - 5) e Valdivia (4); Vargas (5) (Orellana, 35 do 2º - sem nota) e Alexis Sánchez (5,5). Técnico: Jorge Sampaoli

Fotos: AUF.

Comentários

Lourenço disse…
Aguante, Celeste
Chico disse…
A força aérea Celeste arrasou a Roja