Escalação provável de Tata Martino indica uma Argentina respeitosa diante do Brasil

Tata perdeu Messi, Tevez e Agüero para o clássico de hoje
"Hay que alientar...", diz o Olé, em sua chamada para o clássico de hoje à noite. É fato: a Argentina chega para o jogo no Monumental de Núñez muito mais pressionada que o Brasil. Tata Martino tem à disposição uma geração melhor que Dunga, sua seleção fez uma Copa do Mundo muito superior à do rival, mas o momento hoje é outro: sem seus principais jogadores e com um começo de eliminatórias terrível, a albiceleste precisa demais da vitória na cancha do River Plate. E corre o risco de entrar em sua maior crise desde os 6 a 1 sofridos para a Bolívia, em 2009, se não conseguir isso.

É que tudo parece jogar contra a Argentina neste momento. O início de sua campanha rumo à Rússia foi decepcionante e preocupante, com derrota ao natural em casa para o Equador e um empate em 0 a 0 com o modesto Paraguai em Assunção. A equipe chega para o superclássico desfalcada de seu principal artilheiro (Agüero), seu maior ídolo do futebol local (Tevez) e, claro, seu maior craque do último quarto de século (Messi). O Brasil, é verdade, está longe de viver um grande momento, mas tem Neymar numa fase mágica. Ele é, sem sombra de dúvida, o jogador com mais chances de desequilibrar o jogo desta noite.

Primeiro técnico de Neymar no Barcelona, quando ele ainda era um coadjuvante de Messi, Tata Martino sabe bem disso. Sua escalação provável é extremamente respeitosa: três volantes (Mascherano, Biglia e Banega), embora todos com boa saída de bola, e dois laterais que pouco apoiam (Roncaglia e Rojo). Di María, mantida a formação habitual, jogará na ponta esquerda. Porém, como não tem Messi e escalará dois homens de área (Lavezzi e Higuaín), é bem possível que Tata o escale como enganche. Daria articulação a um meio-campo bastante pesado.

Mas atenção: respeitar não é temer. Até por conta desse time mais robusto, o provável é que os argentinos exerçam uma forte pressão no início, para tentar abrir vantagem logo e, com o time mais corpulento que terá, tratar de administrar o resultado diante da leveza brasileira. Sair perdendo e abrir espaço para os contragolpes rivais (desta vez com Neymar, e não Hulk, como diante do Chile) seria trágico.

O Brasil, incrivelmente, está armado de forma mais ousada. Dunga irá de Neymar como falso nove e deve abrir Douglas Costa e Willian pelos lados, como eles tão bem andam desempenhando em seus clubes. Luiz Gustavo e Elias devem jogar mais presos, e Oscar centralizado. Melhor seria Elias e Oscar jogassem numa mesma linha, com tarefas defensivas e de chegada similares. É assim que o volante corintiano rende mais. Até porque depender só do meia do Chelsea na articulação é temerário, já que sua fase não é das melhores.

Seja como for, o empate é bom negócio para o Brasil. Numa eliminatória tão equilibrada, talvez menos que os habituais 30 pontos garantam o G-4. Neste caso, fazer o dever de casa sempre é 90% do caminho andado, e beliscar empates fora é valioso. Diante da Argentina, em Buenos Aires, venha ela do jeito que vier, é ainda mais importante.

La Paz: costumeiras azarãs, Bolívia e Venezuela já estão em situação delicada nas eliminatórias. Ambas perderam seus dois jogos iniciais. Na altitude, os bolivianos são favoritos hoje.

Quito: ao contrário de La Paz, a partida das 19h30 reúne duas equipes que estão com 100% de aproveitamento até agora. O embalado Equador, se vencer, consolida sua posição de sério postulante a uma vaga na Copa. Para o Uruguai, empatar em Quito será um imenso resultado. Não fosse Argentina x Brasil, seria o jogo mais chamativo da rodada.

Santiago: outro belo jogo, com favoritismo claro para o Chile, que começou vencendo seus dois jogos e é um dos favoritos a ir ao Mundial. Para a Colômbia, a má Copa América e a derrota pesada para o Uruguai em Montevidéu foram dois resultados duros. Um empate em Santiago cairia bem demais.

Foto: AFA.

Comentários

Vine disse…
E pensar que Chile x Colômbia poderia tranquilamente ser uma quarta-de-final sensacional na Copa, sem favorito.

Agora é um jogo com favoritismo violento pro Chile.

Como as coisas mudam rapidamente...
Vicente Fonseca disse…
Verdade, Vine. Mas temos que levar em conta que boa parte deste favoritismo se deve ao fato de o jogo ser em Santiago. Na Copa, era em campo neutro. E em Bogotá, as forças seriam no mínimo equivalentes.