Derrota surpreendente e má atuação: o River perdeu, mas não está morto na Sul-Americana

Kranevitter passou trabalho: River precisa de nova reversão
Foi o técnico Marcelo Gallardo quem melhor resumiu a situação do seu River Plate na partida de ontem e no contexto da semifinal da Copa Sul-Americana: "poderia ter sido pior, mas nos brindaram com a possibilidade de seguirmos vivos com esta jogada final. Nos deram esta chance, e não há nada definido". O treinador se refere a um lance ocorrido aos 46 do segundo tempo, em que o centroavante Ábila tentou encobrir Barovero e acertou o travessão. Tivesse feito o 2 a 0 em pleno Monumental de Núñez, o Huracán dificilmente seria eliminado, por mais modesto que seja.

Na Libertadores, o River provou que uma derrota em casa no mata-mata não é exatamente um impeditivo para a classificação. Diante do Cruzeiro, time bem superior ao Huracán, perdeu pelo mesmo 1 a 0 em Buenos Aires, mas fez 3 a 0 em Belo Horizonte. Diante de um adversário da mesma cidade, que em vez de ser bicampeão brasileiro é apenas o 24º colocado do Campeonato Argentino, uma reversão é possível, sim.

Mas aí vem a primeira parte da constatação de Gallardo: poderia ter sido pior, e a bola no travessão de Ábila foi só o símbolo disso. Pedra no sapato do River desde os humilhantes 4 a 0 de 2009, o time de Parque Patricios jogou com naturalidade no Monumental. É verdade que seu gol foi de chiripa (uma tentativa de afastar de Casco que bateu em Espinoza e encobriu o goleiro), mas o placar foi merecido. Mais organizado desde o início, fez um primeiro tempo de igual para igual com a equipe campeã da América. No segundo, foi empurrado para trás, mas se defendeu bem (a dupla de zaga e o volante Vismara foram primorosos) e sempre teve o contragolpe bem armado à disposição.

O River usou o banco. Viudez e Lucho González melhoraram o toque de bola, colocaram o uruguaio Sánchez no jogo, mas a equipe errou passes demais a noite toda. Saviola entrou para ser o jogador decisivo de outros tempos, mas o máximo que conseguiu foi isolar um belo passe de Sánchez na pequena área. Driussi foi mal, Martínez idem, Alario acabou pouco acionado. Faltou organização ao time da casa. E tranquilidade de assumir o favoritismo - lembremos que, na fase de grupos da Libertadores, o River penou contra times mais fracos, e depois sobrou no mata-mata contra equipes mais tradicionais.

Ameaçado de rebaixamento no campeonato nacional, o Huracán já deu mostras de que no mata-mata é tinhoso. Campeão da Copa Argentina no ano passado, vem repetindo o bom e surpreendente desempenho nesta Sul-Americana, o que lhe dará a chance de disputar pela segunda vez seguida a Libertadores, em 2016. Vale lembrar que já passou tranquilamente pelo bom time do Sport e eliminou o razoável Defensor nas quartas. Já mostrou que tem condições de fazer o River perdeu seu primeiro dos últimos 14 mata-matas continentais que disputou e, se conseguir este feito, é claro que chega para a decisão com muita força, seja ela contra os paraguaios do Sportivo Luqueño ou os colombianos do Santa Fe.

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Ficha técnica
Copa Sul-Americana 2015 - Semifinal - Jogo de ida
5/novembro/2015
RIVER PLATE 0 x HURACÁN 1
Local: Monumental de Núñez, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Andrés Cunha (URU)
Público: 50.000
Gol: Espinoza 14 do 1º
Cartão amarelo: San Román, Nervo e Díaz
RIVER PLATE: Barovero (5), Mercado (5), Maidana (5,5), Mammana (4,5) e Casco (3,5); Kranevitter (5), Sánchez (5,5), Martínez (4) (Viudez, intervalo - 6) e Driussi (4) (Lucho González, intervalo - 6); Mora (5) (Saviola, 16 do 2º - 4,5) e Alario (5,5). Técnico: Marcelo Gallardo
HURACÁN: Díaz (6,5), San Román (6), Nervo (7), Mancinelli (7,5) e Balbi (6); Vismara (7,5), Bogado (6,5) e Montenegro (6,5) (Sotelo, 8 do 2º - 5,5); Espinoza (7) (Moreno y Fabianesi, 42 do 2º - sem nota), Ábila (6,5) e Toranzo (6) (Bruna, 32 do 2º - sem nota). Técnico: Eduardo Domínguez

Foto: River Plate/Divulgação.

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