Depois de tantos problemas, o Brasil termina o ano com duas certezas nas pontas
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Willian e Douglas Costa foram destaques do Brasil novamente |
Além de Willian, que já vinha se mostrando solução durante toda a temporada, a principal e mais nova delas é Douglas Costa. Ao contrário de 2010, o treinador brasileiro foi sensível desta vez ao grande momento de alguns atletas que antes não eram considerados titulares. Agora, claro, as circunstâncias exigiam mudanças, já que o time andava longe de ser convincente, mas não dá para se tirar esse mérito dele. Douglas mostrou nos poucos minutos em que jogou em Buenos Aires, e também ontem na Fonte Nova, o mesmo futebol agudo e agressivo que anda encantando Guardiola no Bayern München.
O resultado de sua entrada foi o esperado: uma equipe de ataque móvel e envolvente. Não há grande força física (embora ele próprio seja troncudo), mas muita qualidade técnica, velocidade, habilidade e agressividade nos três homens de frente. O Brasil ganhou jogadas pelos dois lados e três jogadores com boa capacidade de conclusão também. O primeiro gol foi, talvez, sua jogada menos brilhante, mas denota tudo isso: Willian recebeu de Elias, passou pelo marcador e cruzou não para o centroavante Neymar, mas para o centroavante Douglas Costa, que era o camisa 9 do momento. Tudo isso confunde a marcação adversária.
O gol deu confiança a uma Seleção que ainda buscava se encontrar diante de tantas novidades. Antes do 1 a 0, o Peru esteve perto de marcar com Guerrero, numa bobagem da defesa, mas Alisson salvou. Os 10 primeiros minutos foram ruins, assustados, mas aos poucos o time foi encaixando. Depois do gol, se soltou de vez e controlou o jogo. Foi quando Renato Augusto cresceu a passou a ditar o ritmo do time.
Ainda assim, Douglas Costa seguia sendo o destaque, com sua jogada já típica: drible curto abrindo ângulo para o chute. No segundo tempo, pela direita, após a etapa inicial toda pelo lado canhoto - aproveitando a conhecida fragilidade de Yotún na marcação. Em sua jogada característica, abriu espaço na defesa peruana e, em vez de chutar, teve a sensibilidade de rolar para Renato Augusto ampliar. O terceiro gol também foi obra inicial de Douglas, que soltou uma bomba, e Filipe Luís é quem aproveitou como centroavante da vez. O gol da tranquilidade definitiva, e que fez a Seleção relaxar - e quase sofrer gol duas vezes nos acréscimos.
Claro que há muita coisa a ser considerada, como o fato de o Peru não ser um grande adversário. Mas o fato é que o Brasil fez o que não vinha fazendo há tempos: passar por cima mesmo dos mais fracos. Falta muito para que a equipe de Dunga comece de fato a ter uma mecânica de time, com conjunto mais entrosado, mas o caminho começa a ficar mais claro. Quando Neymar vira o mais discreto dos atacantes, e a vitória quase nem passa diretamente por ele, é sinal de que estamos um pouco mais perto disso. Falando no craque, o que falta acertar no ataque é justamente vê-lo em uma boa partida como falso nove. Não foi desta vez, mas há condições técnicas de sobra para isso.
O resultado em si foi extremamente importante. Sem ainda ter uma noção clara de equipe em quase toda a temporada, o Brasil fecha as eliminatórias na 3ª colocação, com 7 pontos, mesmo desempenho do badalado Chile campeão sul-americano. É difícil saber como esta equipe renderá a partir de março do ano que vem, pois o momento dos atletas pode ser outro daqui a quatro meses, mas vale a pena insistir. Foi a primeira formação que realmente funcionou desde o desastre na Copa do Mundo. Não é pouca coisa, convenhamos.
Em tempo:
- Não apenas pelo gol, mas pela comemoração dele, é que Renato Augusto deve ter ganhado muitos pontos com Dunga. Há anos não se via um jogador marcar um gol pela Seleção e comemorar emocionado, tratando o momento como uma honra e uma glória na carreira. Foi bonito de se ver.
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Ficha técnica
Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 4ª rodada
17/novembro/2015
BRASIL 3 x PERU 0
Local: Fonte Nova, Salvador (BA)
Árbitro: José Buitrago (COL)
Público: 45.558
Renda: R$ 4.186.790,00
Gols: Douglas Costa 21 do 1º; Renato Augusto 11 e Filipe Luís 31 do 2º
Cartão amarelo: Neymar, Tapia, Advíncula e Ascues
BRASIL: Alisson (6,5), Daniel Alves (6), Gil (5,5), Miranda (5) e Filipe Luís (6); Luiz Gustavo (6) (Fernandinho, 32 do 2º - sem nota), Elias (6,5) e Renato Augusto (7); Douglas Costa (8) (Lucas Lima, 43 do 2º - sem nota), Neymar (5,5) e Willian (7) (Oscar, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Dunga
PERU: Penny (5,5), Advíncula (4,5), Zambrano (5), Ascues (4,5) e Yotún (4); Tapia (5) (Ballón, 24 do 2º - 5), Lobatón (5,5) (Gonzales, 24 do 2º - 5) e Farfán (5); Hurtado (4,5) (Reyna, 19 do 2º - 5,5), Guerrero (5) e Cueva (5,5). Técnico: Ricardo Gareca
Foto: Rafael Ribeiro/CBF.
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