Com prudência, juventude e voltas por cima, o Botafogo confirmou seu tranquilo retorno à Série A

Ricardo Gomes, um dos símbolos do retorno do Botafogo à elite
O Botafogo não fez um retorno brilhante à primeira divisão, mas quem precisa disso? O importante é subir e, acima de tudo, conseguir o objetivo de forma consistente. Ninguém precisa ser o Corinthians de 2008, mas ninguém deve ser o Vasco de 2014. A vitória por 1 a 0 sobre o Luverdense oficializou uma volta tranquila à primeira divisão, que permitirá ao clube carioca pensar a temporada de 2016, com exigências muito maiores que a atual, com a devida antecedência.

Depois do rebaixamento de 2002, o Botafogo manteve os pés no chão por vários anos, até se perder nos gastos novamente e cair no ano passado. Depois de chegar a quase um ano de salários atrasados em 2014, uma mudança radical: teto salarial de R$ 60 mil, não maior que muitos concorrentes seus na Série B. Contratações baratas vieram, nomes caros e de pouco resultado (Pimpão, Gilberto) foram negociados. Folha aliviada, com algo há décadas esquecido em General Severiano: apostar na base.

O mesmo clube que revelou um dia Garrincha e Nilton Santos há muito tempo não traz alguém de nome para o futebol brasileiro - e não estamos falando em alguém do nível desses gênios, mas ao menos titulares razoáveis. Talvez Sassá, Fernandes ou Luís Henrique não se tornem figuras destacadas no cenário internacional, mas eles foram importantes nesta campanha. Bom para o clube se lembrar de que a base jamais pode ser esquecida. Os meninos, ao lado dos experientes e renegados Thiago Carleto, Luís Ricardo e Daniel Carvalho, uma base consistente, mesclando juventude e experiência na dose correta. Como sempre deveria ser, mas como normalmente era esquecido pelo clube da estrela solitária.

E Ricardo Gomes, claro. Nenhuma história de superação é mais bonita que a sua nesta trajetória. Depois do AVC de 2011, quando começava a entrar no rol de grandes técnicos do país após ganhar a Copa do Brasil com o Vasco, aceitou o desafio de pegar um Botafogo pressionado e instável na metade do primeiro turno. Não fez nada brilhante, mas comandou uma campanha sólida. O seu retorno à elite é tão bonito quanto o do Alvinegro.

Rodada nordestina
A rodada de ontem confirmou o acesso do Botafogo (1º, 68) e deixou o América-MG (2º, 63) perto de subir, mas foi nordestina. Para começar, o Santa Cruz (4º, 58) fez 3 a 1 no Oeste (15º, 42) e manteve-se dentro do G-4. Encostou no Vitória (3º, 60), mas não desgarrou de quem está atrás. Afinal, o maranhense Sampaio Corrêa (5º, 57) fez 2 a 0 no Atlético-GO (14º, 43) e segue pertinho da zona de promoção.

Quem ficou para trás foi o Náutico (6º, 56), que só empatou em 1 a 1 com o cada vez mais ameaçado Macaé (17º, 39). O Bahia (7º, 55), por sua vez, teve um tropeço grave: ficou no 2 a 2 com o ABC (18º, 29), resultado ruim para os dois, já que deixa o Tricolor longe do G-4 e rebaixa os potiguares de forma oficial para a Série C. Outro que ficou longe de subir é o Paysandu (9º, 53), que apenas empatou em 1 a 1 com o já rebaixado Mogi Mirim, fora de casa.

Na ponta de baixo, outro nordestino se deu bem: foi o Ceará (16º, 41), que conseguiu um grande resultado ao fazer 3 a 0 no Bragantino (8º, 54), mais um que ficou longe do sonho da elite. O Luverdense (10º, 51), ao perder para o Botafogo, está praticamente fora também.

Foto: Vitor Silva/SSPress.

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