Ao efetivar Milton Cruz, São Paulo faz o que devia ter feito assim que Osorio saiu

Bicampeão mundial como jogador, Doriva durou só sete jogos 
A contratação de Doriva pelo São Paulo foi uma das mais infelizes dentre as realizadas pelos grandes clubes brasileiros nos últimos anos. Ninguém tinha muito a ganhar com esse "casamento", e de fato ninguém ganhou. Pior: além de não dar certo em termos de resultados (duas vitórias, um empate e quatro derrotas em sete partidas) e ter tido curtíssima duração (apenas 33 dias), ajudou a arranhar a imagem de um profissional que, quando jogador, foi extremamente vitorioso dentro do Morumbi.

O tragicômico é que a decisão tomada hoje pelo São Paulo após a queda de Doriva já deveria ter sido tomada assim que o colombiano Juan Carlos Osorio deixou o clube para assinar com a seleção mexicana: efetivar Milton Cruz. Por um motivo muito simples: ele conhece o grupo muito mais que Doriva. Entrosadíssimo com Osorio, seria capaz de manter ao menos parte da filosofia do antigo treinador, não causando a ruptura que a chegada de um novo profissional normalmente acarreta. Isso sem falar que se dá bem com os jogadores. Haveria uma dificuldade menor de adaptação, uma continuidade mais simples do processo de trabalho. O São Paulo, em suma, perdeu um mês trilhando um caminho no qual não tinha nenhuma convicção.

Para Doriva, este mês no Morumbi representa uma mancha no currículo de um técnico jovem. O São Paulo foi seu terceiro clube só em 2015. Ele não conseguiu completar seu trabalho no Vasco, demitido pelo mau começo no Brasileiro, mesmo após ser campeão carioca, e deixou a Ponte Preta em meio ao campeonato para aproveitar a chance  recebida no Morumbi. Foi o canto da sereia: ficar na acertadinha Macaca era mais correto que ir para um clube enorme, mas esfacelado por dentro como o São Paulo atual.

Campeão paulista de 2014 pelo Ituano, Doriva iniciou o ano como emergente. Porém, a sequência desenfreada de clubes comandados já o colocou no circuito das figurinhas carimbadas em toda dança de treinadores das Séries A e B. Por gerenciar mal sua carreira em 2015, corre o risco de deixar de ser uma boa aposta, como Eduardo Baptista, por exemplo, e ganhar a pecha de técnico-tampão. Se é que já não a ganhou.

Nada, porém, absolve mais um desmando da diretoria tricolor em 2015. É verdade que Doriva não caía nas graças de Leco, presidente eleito do São Paulo, e poderia ser mandado embora em dezembro. Mas não: foi demitido com apenas 33 dias de trabalho. E não é qualquer um, mas um profissional cuja trajetória é identificada com um período vitorioso da história do clube. Trata-se de um enorme desrespeito, para dizer o mínimo. Não explica, mas simboliza muito do ano turbulento vivido no Morumbi.

Problemaço para Argel
O resultado positivo nos exames antidoping de Nílton e Wellington são um problema e tanto para o técnico Argel Fucks. Suspensos preventivamente por 30 dias, eles estão, neste momento, fora do restante do Campeonato Brasileiro. Como ele fará para escalar o Inter? Apostar no jovem Silva? Ressuscitar o uruguaio Nico Freitas? Recuar Anderson para uma função onde ele não rende tanto? Improvisar Réver? A parada das eliminatórias não será calma, mas acabou vindo em boa hora, pois será preciso pensar em alternativas.

Em tempo:
- O Huracán escapou do rebaixamento na Argentina ao ficar no 1 a 1 com o Belgrano, em Buenos Aires, hoje à tarde. O empate serviu também ao time de Córdoba, que confirmou o 6º lugar e pegará o Independiente no jogo único das semifinais da liguilla pré-Libertadores, em Avellaneda, provavelmente dia 22. O outro confronto do minitorneio será Racing x Estudiantes. Quem passar faz a final, em ida e volta, e o campeão garante vaga na Libertadores do ano que vem.

- Além de Messi, Tevez também não enfrentará o Brasil na quinta-feira. O craque do Boca Juniors sofreu uma lesão no joelho e foi cortado pelo técnico Tata Martino. Carlitos não vinha sendo titular da seleção argentina, mesmo na ausência do craque do Barcelona.

Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

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