A intransigência da CBF pode acabar de vez com a festa de campeão brasileiro

Tabela infeliz já ameaçou festa do Cruzeiro, campeão no intervalo em 2013
Uma das críticas feitas por quem não gosta de campeonatos por pontos corridos é a de que normalmente o campeão comemora o título sem enfrentar seu perseguidor mais próximo de forma direta. Nos 12 anos de Brasileirão disputado assim, nunca o título foi oficialmente conquistado pelo campeão em um jogo contra o vice. Em 2011, com a rodada de clássicos no final, o Corinthians ao menos pôde saborear sua conquista diante de seu maior rival, o Palmeiras. Em 2015, sem clássicos na reta decisiva e com uma intransigência insensível da CBF, poderá comemorar num hotel.

Ontem, a confederação tomou mais uma entre tantas decisões estúpidas que habitualmente adota: negou-se a adiar a partida entre Corinthians e Coritiba para as 17h de domingo, mesmo horário de Figueirense x Atlético-MG. Isso significa que o Timão poderá ser campeão sem estar em campo. As chances de isso ocorrer não são tão remotas: basta vencer o desesperado Coxa em casa (sábado, 19h30) e ver o já deprê Galo não derrotar os catarinenses, envolvidos com a disputa contra o rebaixamento, no Orlando Scarpelli, no dia seguinte.

Talvez o Timão lote de torcedores a Arena de Itaquera no dia seguinte ao jogo contra o Coxa para secar o Atlético-MG e fazer a festa, mas o risco de que ela não aconteça devido a uma vitória do Galo também existe, o que seria no mínimo um constrangimento. Neste caso, a festa ficaria adiada por dez dias: na quarta, dia 18, os dois postulantes à taça jogam no mesmo horário das 22h. A CBF vai ter de contar com a sorte para não ver sua incompetência esvaziar ainda mais o ponto alto da temporada nacional, que é o momento onde conhecemos o campeão do principal certame do país.

O curioso é que a situação não é exatamente inédita: em 2013, ano posterior à estúpida revogação da rodada de clássicos no fim da competição, o Cruzeiro foi campeão no intervalo de sua partida contra o Vitória, em Salvador. Tudo porque a CBF foi intransigente também e não adiou das 21h para as 21h50 do mesmo dia o jogo do único time que matematicamente poderia lhe tirar a taça, o Atlético-PR. No intervalo da partida contra os baianos, quando souberam que o Furacão havia levado 2 a 1 do Tigre no Heriberto Hülse, os jogadores mineiros pularam e festejaram a conquista no Barradão, mas por alguns poucos minutos, já que era preciso voltar a concentração para o segundo tempo do confronto. Verdade que a real festa do título havia sido três dias antes, contra o Grêmio, no Mineirão. Mas a situação beirou o surrealismo (e a vitória do Cruzeiro por 3 a 1, concentradíssimo mesmo em clima festivo, também).

Ultimamente, pelo visto, tem sido bom comemorar antes, até porque a própria taça oficial a CBF não libera. E nem dá pra dizer que é "gol da Alemanha": na Europa, já vimos recentemente alguns campeões nacionais, como o francês Lyon, ser campeão dentro de um hotel. A cena lamentável esta bem perto de ser repetida por aqui. Se algumas coisas boas do Velho Continente nós copiamos porcamente, nas coisas ruins fazemos direitinho.

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