A América do Sul tem seis seleções fortes e só cinco vagas. E uma delas deve ser do Equador

Com o oportunismo de sempre, Caicedo abriu o placar em Quito
Primeira seleção a ser eliminada de forma matemática na última Copa América, o Equador entrou nesta eliminatória como zebra. Mas só para quem não conhece sua história: presente em três das quatro Copas do Mundo disputadas neste século, a seleção normalmente vai mal no torneio continental, mas dá trabalho nas eliminatórias. Já havíamos alertado para isso em junho, no auge de sua crise durante o torneio no Chile. O início da caminhada rumo à Rússia só confirma esta trajetória cíclica.

Nas últimas três eliminatórias disputadas por dez seleções aqui na América do Sul (2002, 2006 e 2010), a pontuação do 5º colocado, o que disputa a repescagem, variou entre 25 e 28 pontos. A média seria de 27, que são exatos 50% de aproveitamento. Porém, a briga por uma vaga na Copa nunca será tão acirrada como agora: ao menos seis seleções no continente são realmente fortes, com Peru, Bolívia, Venezuela e Paraguai correndo por fora. Ou seja: ao menos uma das equipes que jogou no Brasil 2014 não irá à Rússia 2018.

Contra os tradicionalíssimos Brasil, Argentina e Uruguai, o Chile campeão continental e a Colômbia de James Rodríguez, o Equador era tido como o patinho feio dos favoritos. Mas nada leva a crer que será ele que ficará de pé nesta dança das cadeiras mundialista: líder absoluto das eliminatórias, é o único país com 100% de aproveitamento até agora. E mais: seu rendimento em casa é normalmente altíssimo. Não se trata apenas de um começo bom, ou uma empolgação precipitada de nossa parte apontar isso: é somente projetar tendências recentes.

Nos últimos cinco torneios qualificatórios para o Mundial, às vezes com time inferior ao atual, o aproveitamento em casa do Equador beira os 75%, similar aos dos eternos favoritos Brasil e Argentina. Na altitude de Quito, poucos conseguem tirar pontos deles. Isto significa que esta equipe deve fazer uns 21 pontos em casa, restando seis ou sete como visitante para atingir pontuação de classificado à Copa. E eles já conseguiram três, ganhando simplesmente da Argentina, em Buenos Aires. Logo, têm tudo para chegar lá. E os demais favoritos que se virem.

A vitória de ontem sobre o Uruguai por 2 a 1 foi importantíssima por tudo isso e por outros motivos: era um confronto direto entre dois dos líderes das eliminatórias; e era, também o segundo campeão mundial no caminho equatoriano em três rodadas. Ou seja: a seleção tricolor tem 100% após três jogos com uma tabela nada fácil neste começo. É a grata surpresa (ou nem tanto) que acirra ainda mais as eliminatórias no nosso continente.

Em tempo:
- Fui um dos primeiros a estranhar porque as rodadas duplas das eliminatórias na América do Sul são disputadas em um intervalo de cinco dias, e não de apenas quatro. Ontem, isso fez todo o sentido: se o dilúvio em Buenos Aires impediu a realização do clássico entre Argentina e Brasil, ambas seleções têm uma boa folga de quatro dias até suas próximas partidas, marcadas para a terça que vem. Ah, o campo melhorou na hora do jogo? Não interessa: a previsão era de chuvarada, e o mais prudente foi mesmo o adiamento. Aqui no Brasil perdemos esse hábito saudável de adiar partidas quando há temporais, já que o calendário esquizofrênico não permite isso.

- No jogo mais discreto da rodada, a Bolívia fez 4 a 2 na Venezuela com facilidade. Os venezuelanos começam a eliminatória como nos velhos tempos, sendo saco de pancadas do continente.

- Depois de décadas, a Hungria está perto de voltar a um grande torneio. Bateu a Noruega por 1 a 0 em Oslo e depende de um empate em casa para disputar a Eurocopa. Hoje tem mais repescagem, com Bósnia x Irlanda. E amistosos de alto nível, com destaque para Espanha x Inglaterra e França x Alemanha.

Foto: Federação Equatoriana de Futebol.

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