Por administrar errado a vantagem, o Palmeiras quase perdeu uma classificação que parecia certa

O discurso otimista após a derrota do Internacional para o Palmeiras não é um exagero ou um pensamento pequeno por parte dos jogadores e do treinador colorado: a equipe gaúcha realmente fez um bom enfrentamento e não se classificou por detalhe. Houve erros decisivos de arbitragem (contra, mas a favor também), mas principalmente postura. Porque é preciso que se ressalte: embora Argel seja às vezes até simplório ao falar de questões táticas ou explicar suas substituições, ontem seu estilo sanguíneo quase fez sua equipe eliminar a de Marcelo Oliveira, que parecia perdido, apático, mas teve uma tremenda estrela com seus substitutos.

Argel falou que a desclassificação foi injusta porque seu time foi sempre ofensivo. Isso não é verdade: no primeiro tempo, mesmo no 4-3-3 com a bola nos pés, o Inter agrediu pouco o Palmeiras. Não chegou a jogar "por uma bola", como seu técnico prometera, porque não teve chance de fazer isso, já que saiu perdendo muito cedo. Mas foram apenas duas chances de gol para cada lado na etapa inicial, com aproveitamento de 100% do Palmeiras e zero do Inter. Um jogo morno, ao agrado de quem tinha a vantagem.

O segundo tempo começou mais aceso, mas nada indicava que as coisas mudariam. Até que Anderson, num raro jogo onde atuou em sua função de origem no futebol, descontou o placar. O 2 a 1 ainda era do Palmeiras, mas parecia não ser: o time de Marcelo Oliveira estava tão cômodo com a vantagem que levou para o intervalo que dava a impressão de simplesmente não estar preparado para o caso de correr algum risco de eliminação. Em suma: bateu o pavor. O Inter sentiu isso, e foi para cima com tudo.

Em nenhum momento, dos 11 aos 27 minutos, o Palmeiras soube jogar com a vantagem. Na verdade, antes mesmo de sofrer o gol a equipe já abusava das ligações diretas e entrava no jogo acelerado do Inter. Robinho fez falta: sua saída logo aos 20 minutos de jogo tirou o condutor, o homem que dita o ritmo do time. Deslocado na lateral, Zé Roberto não assumiu esse papel. Espaçada em campo, a equipe se defendia do jeito que dava, como se fossem 46 do 2º tempo, e não faltasse meia hora para o jogo acabar. Faltou maturidade para entender o momento do jogo.

Isso tudo contribuiu para o Colorado crescer na disputa. Com boa movimentação de Valdívia e Lisandro López, mesmo sem realmente jogar bem, o time gaúcho mandava na partida e parecia pertinho do empate e da classificação. De fato, conseguiu empatar. Não contava era em sofrer o 3 a 2 poucos segundos após conseguir a vaga parcial. O milésimo erro de bola aérea defensiva da equipe em 2015, em mais uma noite na qual seus laterais foram apáticos no apoio e falhos na marcação, e seus zagueiros assistiram, de camarote, aos adversários cabecearem com liberdade dentro da área.

Mas se é justo que o Inter ressalte sua partida cheia de atitude no Allianz Parque, é cedo para dizer que a equipe se credenciou, a partir deste bom enfrentamento com o Palmeiras, a entrar de vez na luta pelo G-4. Por exemplo: que esquema Argel pretende utilizar nas dez rodadas finais? O de ontem foi o mesmo de Aguirre na maior parte do tempo, um 4-2-3-1, o qual, segundo ele próprio na coletiva de apresentação no Beira-Rio, era uma "frescura". Será que ele mudou suas convicções? E Anderson, será titular? Fez um bom jogo, enfim marcou um gol, mas não mostrou ontem nada além do que Alex e D'Alessandro já fizeram na temporada. A personalidade do time, essa sim, é que precisa ser repetida, pois não será nada fácil tirar a desvantagem na tabela nesses próximos dois meses.

No lance do terceiro gol do Palmeiras, não é o lateral esquerdo Ernando que dá combate a Allione, mas sim Lisandro López e Alisson Farias. Ernando estava posicionado na área, como zagueiro...
...o que de nada adiantou. Afinal, Andrei Girotto se desprendeu de trás e chegou de surpresa para cabecear. Na hora do cabeceio, é possível notar que Paulão, Réver (encoberto na imagem) e Rodrigo Dourado se preocupam demais com Barrios e não notam a entrada do volante, como um foguete, para fazer 3 a 2

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