Nem o mata-mata e nem as poças d'água nivelaram o perdido São Paulo com o quase finalista Santos

Costuma-se dizer que o mata-mata é capaz de nivelar dois times de qualidades diferentes. É verdade: nesta Copa do Brasil, e em todas as outras edições do torneio, episódios assim já ocorreram. Este foi um dos argumentos mais utilizados por quem confiava no São Paulo diante do Santos, nesta semifinal. Mas nem o formato da competição, nem o gramado encharcado do segundo tempo e nem o Morumbi de apenas 26 mil presentes foram capazes de esconder a realidade: a de que o Peixe é hoje um time melhor, muito mais organizado, com ambiente mais positivo, embora seu elenco talvez não seja tão caro e badalado quanto o do rival. Em suma, é um time mais pronto para ir à decisão.

Os números do jogo mostram um São Paulo que chutou mais (14 a 11) criou o dobro de chances de gol (12 a 6) e teve muito mais posse de bola (65% a 35%). Só esconde um detalhe importante: o de que o Tricolor teve de correr atrás do resultado a noite toda, e por isso era normal que tivesse a iniciativa do jogo. A ideia de dar a bola para um time inseguro trabalhá-la foi pensada pela equipe de Dorival Júnior, que se mostrou sempre consciente, envolvente e sabedor do que devia fazer para obter o resultado.

O discurso pós-jogo do técnico Doriva dá a entender que o que faltou ao São Paulo foi mais competência nas conclusões. Afinal, se o time criou muitas chances, é porque jogou bem, e fez por merecer uma sorte melhor. Não é verdade: das 12 oportunidades são-paulinas, oito foram em cruzamentos para a área, e outras duas em chutes de longe. Jogadas bem trabalhadas, como a do golaço de Gabriel e a do de Marquinhos Gabriel, quase nada. Isso que Ganso, normalmente tão criticado, não foi tão mal desta vez. Luís Fabiano idem. Mas ambos não fizeram cócegas ao desempenho de Lucas Lima e Ricardo Oliveira, os dois craques da partida de ontem.

É verdade que estamos falando de um clássico, de uma enorme rivalidade, mas a vaga santista para a final está no mínimo muito encaminhada. Para fazer 3 a 0 na Vila Belmiro, algo que ninguém conseguiu no Brasileirão deste ano, o São Paulo teria que ser um time que está muito longe de sua atual realidade. Nem mesmo a irregularidade dos tempos de Juan Carlos Osorio seria capaz de criar uma oscilação tão positiva na atual equipe para a semana que vem. Os mesmos números que ontem esconderam um jogo onde o Santos foi muito superior são os que dão a falsa impressão de que estamos diante de duas equipes parelhas, afinal, suas pontuações no Brasileirão são semelhantes. Não é o caso: o momento santista é incomparavelmente melhor, principalmente no âmbito institucional. O 3 a 1 não foi por acaso.

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