Eram 24 vagas para a Eurocopa 2016. E a Holanda conseguiu ficar de fora

A alta competitividade do futebol europeu às vezes deixa alguma seleção grande de fora de algum torneio importante. Já aconteceu recentemente na Copa do Mundo com a França (1990 e 1994), com a Inglaterra (1994) e com a Holanda (2002). Na Eurocopa, a última vítima de uma eliminatória irregular foi a Inglaterra, em 2008. Mas nada se compara ao fiasco que fez a Holanda nos últimos 13 meses.

Ao perder hoje por 3 a 2 em casa para a República Tcheca, a Laranja conseguiu a proeza de não pegar nem a repescagem para a Euro do ano que vem. Um campeonato que tem nada menos que 23 vagas abertas, além da anfitriã França. Nunca foi tão fácil passar por uma eliminatória na Europa, seja para qual torneio for. Em um grupo formado basicamente por seleções médias (Islândia, República Tcheca e Turquia) e fracas (Letônia e Azerbaijão), a medalha de bronze na Copa de 2014 não tinha o que temer.

A campanha, porém, foi bisonha. Invicta no Mundial do Brasil, onde goleou os pentacampeões, enfiou 5 a 1 na Espanha e só caiu para a Argentina nos pênaltis, a Holanda perdeu nada menos que cinco dos dez jogos que disputou no qualificatório. Foram quatro vitórias e um empate, com aproveitamento medíocre de 43,3%. A campanha foi tão ruim que nem a derrota em casa para a República Tcheca, hoje à tarde, com direito a gol contra do artilheiro Van Persie, fez diferença: como a Turquia bateu a Islândia, a Holanda poderia golear os tchecos pelo placar que fosse, que ainda assim estaria fora do torneio continental do ano que vem. Chegou para esta última rodada já com a corda no pescoço.

Se no Brasil a grande campanha ficou fortemente atrelada a um momento positivo do trabalho de Louis van Gaal, a péssima campanha desde então (incluindo vários amistosos ruins) coloca dúvidas sobre o potencial de uma geração tida como altamente promissora. Guus Hiddink e Danny Blind perderam Robben e Van Persie em grande parte desta trajetória, é verdade, mas mesmo assim é inexplicável que a terceira melhor seleção de uma Copa não chegue no G-3 de seu grupo nas eliminatórias da Eurocopa. A França, em 1990, foi eliminada do Mundial da Itália apos ter sido 3ª colocada no México em 1986, mas acabou em 3º lugar de sua chave, atrás de Iugoslávia e Escócia. E isso foi três anos após a Copa de Maradona, com um time bem diferente do que jogou no México, e não na temporada seguinte, como é o caso da Holanda de agora.

Enquanto a Laranja assistirá à Euro de casa, seleções como Eslováquia, Irlanda do Norte e Albânia estarão na França disputando o torneio. E fica o alerta: no grupo holandês das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 está ninguém menos que a França, além da Suécia, que também pode chegar à Euro via repescagem. Um caminho que promete ser complicado, até porque os holandeses adoram se complicar sozinhos de vez em quando.

Comentários

Sancho disse…
A análise que melhor fez sentido para mim foi a de que há um hiato geracional na Holanda. O elenco praticamente não tem ninguém entre 28 e 32 anos. A gurizada que vem é boa, mas falta experiência. Os jogadores experientes são bons, mas não mais o suficiente. A Holanda voltará a ser forte, mas isso não diminui o vexame.
Vicente Fonseca disse…
É uma boa análise, sim. Não há craques holandeses de 26 e 27 anos, por exemplo. Na Copa, os destaques tinham 30 e 32 ou 20 e 22 anos. Isso pesa, no fim das contas.
Lourenço disse…
Semelhante ao Brasil, em que a decadência precoce da geração que deveria ser protagonista em 2010 e experiente em 2014 (Kaká, Adriano, Ronaldinho e até Robinho) chegaram nessa época em decadência física/técnica. A geração atual brasileira precisa começar e já ser protagonista.
Lourenço disse…
a frase ficou horrível e errada, mas dá para entender
Vine disse…
Nunca tinha parado pra pensar nesse gap de idades, mas faz todo sentido, já que Van Persie, Robben e Snejder já têm 31 anos. Dificilmente jogariam a Copa de 2018, mas parece que será necessário.