Diante do melhor ataque do campeonato, o Grêmio não suportou o acúmulo de desfalques defensivos

Dono de um aproveitamento de 78,8% nos 11 jogos em que fez desde o Gre-Nal, quando nunca mais teve um meio de semana livre para trabalhar, o Grêmio obteve tal desempenho com um total de 25 desfalques no período, uma média de 2,3 titulares fora destas partidas. A demonstração de força do conjunto e do elenco de Roger Machado suportou a maratona de jogos até aqui de forma esplêndida: somando Brasileirão e Copa do Brasil, até ontem eram 8 vitórias, 2 empates e só 1 derrota. Diante do Palmeiras, porém, era previsível que as coisas fossem bem mais complicadas - como realmente foram.

Mas contra o Corinthians o Tricolor foi a Itaquera sem cinco titulares e empatou jogando melhor, certo? Por que contra o Palmeiras não poderia ir tão bem quanto? Por um motivo simples, já apontado por Roger em outra ocasião: os desfalques concentrados em um setor do time. Diante do Timão, a defesa não teve Marcelo Grohe, mas contou com Galhardo, Erazo e Marcelo Oliveira, sem falar em Geromel, por quase metade do confronto. Ontem, Grohe, Galhardo e Geromel, ou todo o lado direito da defesa, esteve de fora. O gol corintiano, aliás, foi marcado naquela ocasião quando o camisa 3 não estava em campo. Quando se perde uma ou outra peça em cada setor, a mecânica de jogo não fica tão comprometida. Quando mais da metade de um setor é suplente, o preço a pagar é bem mais caro neste sentido.

O momento exato em que Tiago dá um passo para trás: a bola do primeiro gol era para ter sido socada pelo goleiro do Grêmio

A ausência conjunta de Marcelo Grohe e Geromel tem cobrado um preço alto ao Grêmio no Campeonato Brasileiro. O time se vira bem sem um ou outro, mas sem ambos a defesa perde a liderança orientadora que evita bate-cabeça nas bolas aéreas. Quem lembra do decepcionante empate com o Sport na Arena? O gol pernambucano veio na primeira grave falha de saída do gol de Tiago. Na zaga, mal posicionada, estavam Erazo e Rafael Thyere. O problema se repetiu em outros jogos, como diante do Corinthians.

Enfrentando ontem o melhor ataque do Campeonato Brasileiro, era previsível que tais problemas fossem ocorrer. Os três gols palmeirenses ocorreram em bolas alçadas à área. Tiago falhou no primeiro gol, Lucas Ramon no segundo e Bressan no terceiro - uma falha de cada reserva. Mas é injusto apontar que a vitória paulista veio apenas por conta disso: o Palmeiras venceu porque controlou o meio-campo quase que a noite toda. Maicon e Giuliano também fizeram falta - especialmente o segundo, que forma, ao lado de Galhardo, uma dupla perigosa e entrosada pela direita de ataque, o que ajudaria a conter as subidas paulistas por aquele lado. Para completar, Robinho, inspirado, colocava Lucas, Zé Roberto, Gabriel Jesus e Rafael Marques para atuarem às costas dos laterais gaúchos, sempre em velocidade.

Quando Marcelo Oliveira rouba no campo de ataque e serve Douglas, o Grêmio tem um mano a mano contra a zaga. Palmeiras foi mais uma vítima da marcação-pressão do Tricolor

É precisamente este exagero de problemas defensivos o que pode equilibrar o confronto do Grêmio com o esfacelado Fluminense, pela Copa do Brasil. Mesmo com 1 ponto em 24 disputados neste returno, o time carioca pode aproveitar a bola aérea de Ronaldinho para Fred para marcar gols caso o Tricolor Gaúcho não tenha a liderança de Marcelo Grohe no jogo de ida - já que Geromel, na melhor das hipóteses, só retorna no de volta, dia 30. Ainda assim, o time gaúcho entra como favorito por sua qualidade ofensiva: mesmo pouco inspirado, mesmo pressionado pelo forte Palmeiras, saiu do Pacaembu com dois gols marcados. Isso, num mata-mata, é fundamental. E diante de uma defesa ainda pior, caso do Flu, pode ser a melhor lógica para o confronto: mesmo no Maracanã, buscar sempre o jogo e impor seu futebol coletivamente bem superior.