A arbitragem ajudou, o Corinthians mereceu vencer o Flu, mas o campeonato ainda não acabou

Cada erro de arbitragem a favor do Corinthians ou contra o seu concorrente mais direto sempre suscita muito barulho. Nesta quarta, tivemos talvez a pior noite da arbitragem brasileira em 2015: Lucas Barrios teve um gol mal anulado em Goiás x Palmeiras, Ponte Preta x Cruzeiro teve três erros capitais. Nos jogos em que a liderança esteve em jogo, mais equívocos: uma expulsão discutível de Marcos Rocha no duelo dos Atléticos, um impedimento inexistente marcado contra o Galo, um pênalti discutível dado a favor do Furacão (discutível, não um erro claro; eu, por exemplo, marcaria) e, o principal, um gol mal anulado do Fluminense contra o Corinthians.

O polêmico pênalti de Victor em Ewandro: Atlético-PR 1 a 0
Como apontar um complô a favor do Timão é algo irresponsável sem que haja alguma prova disso, o que se pode, pelo menos por enquanto, é lamentar pela enésima vez a péssima qualidade das arbitragens aqui no Brasil, e fazer algo para melhorá-las o quanto antes. Cada vez mais, o que vemos são juízes experientes cometendo erros terríveis: Sandro Meira Ricci acumula atuações catastróficas desde que representou o Brasil na Copa. Ontem, o erro contra o Flu em Itaquera não foi dele, mas do bandeira tocantinense Fábio Pereira, que marcou um impedimento passivo de Henrique, que até sai da jogada para Cícero marcar o gol. Uma anulação que pode ter mudado a história do jogo. E que tira de um ótimo campeonato, o melhor dos últimos anos, parte do seu brilho e muito de sua imagem.

Apesar disso, não se pode retirar de Tite e seus comandados o mérito por esta campanha extraordinária. O Corinthians acumula cinco vitórias em série e 14 partidas sem perder dentro do Brasileirão. Não tem um elenco tão numeroso e qualificado quanto o do Atlético Mineiro, talvez até possa sentir algumas ausências neste returno, mas também pode superá-las: ontem, com Elias convocado, o menino Marciel entrou com personalidade de quem conhece do riscado, marcando um golaço logo aos quatro minutos. Sem Renato Augusto, com virose, jogou o veterano Danilo, que fez a mecânica ofensiva funcionar com a mesma perfeição do titular. A questão que fica é como a equipe lidará sem Jadson, inegavelmente o seu melhor e mais importante jogador. Não há peça similar para repor sua ausência.

Não dá para descontextualizar o impedimento mal marcado do andamento da partida, claro, mas é errado também fechar os olhos para o fato de que o Corinthians foi bem superior ao Fluminense durante quase todo o jogo. Só foi dominado no começo do segundo tempo, quando saiu o empate frustrado pelo auxiliar - por isso é que o erro se torna ainda mais grave, pois a tendência, com o 1 a 1, permitia aos cariocas até sonharem com a vitória. Mas o Timão criou nove chances contra três do Flu, concluiu mais, desarmou mais, teve mais a bola nos pés. Jogou mais. Mereceu vencer, pela bola que jogou, e era previsível que assim fosse, já que o time de Enderson Moreira desencaixou desde que Ronaldinho (ontem ausente) chegou às Laranjeiras. Mas que o Timão foi ajudado por erros de arbitragem, ah, foi. É impossível negar o peso do erro no resultado do jogo. Em Belo Horizonte, a mesma coisa: o Galo vem oscilando, o Furacão crescendo, e uma vitória paranaense não seria absurdo em condições normais. Mas levar só isso em conta e desconectar o resultado dos equívocos de arbitragem é desonestidade.

O campeonato ainda não está decidido. Muitos lembraram ontem que o Cruzeiro, em 2013 e 2014, abriu sete pontos de vantagem sobre o segundo colocado justamente nesta altura da competição, e não foi mais sequer ameaçado. O Timão é tão regular quanto a Raposa dos últimos dois anos, o Galo vem oscilando, mas é bom lembrar que, ao contrário das temporadas recentes, há ainda um confronto direto entre os dois principais pretendentes ao título, e ele será em Belo Horizonte. Vencendo, o Atlético pode diminuir a distância para quatro pontos, o que reabriria o campeonato. Na próxima rodada, a distância já poderá cair para isso, inclusive: o time paulista tem clássico com o Palmeiras, fora de casa, enquanto os mineiros visitam o despedaçado Vasco. Ainda é cedo para os atleticanos jogarem a toalha. Até porque eles sempre acreditam, certo?

Comentários

Vine disse…
Já imaginou quanto seria Grêmio x Vasco hoje?
Vicente Fonseca disse…
Hahahaha.

Pela lógica matemática, Grêmio 11 x 0 Vasco

Pela lógica do futebol, Grêmio 0 x 1 Vasco (não tem lógica).
Vine disse…
Ou Grêmio 30 x 0 Vasco. Ninguém disse que deve-se apenas somar os resultados =P
Vicente Fonseca disse…
Hahah. Diante do que (não) vem jogando o Vasco, é o mais provável.