O Inter adiou de novo sua recuperação. Agora, ela precisará vir numa sequência duríssima



Os dois recentes empates em 0 a 0 do Internacional com Ponte Preta e Chapecoense foram absolutamente enganosos: em ambos os jogos, os goleiros foram destaques. Foram duas partidas muito parecidas, onde curiosamente, apesar dos vários lances perigosos, o gol não saiu para nenhum dos lados. E isso é preocupante para o Colorado, por vários motivos.

O primeiro é pela qualidade dos adversários. A Ponte vive forte declínio na competição, mas merecia até mesmo a vitória sobre o Internacional em Campinas. Havia, porém, o desconto de que era o jogo seguinte à eliminação para o Tigres, que o abalo psicológico era forte. Não perder já foi algo. Porém, ontem, diante da Chapecoense, com uma semana inteira para treinos, o que se viu foi desempenho parecido: desta vez, a equipe de Diego Aguirre até teve um pouco mais chances criadas que seu adversário, mas, a exemplo do jogo da rodada anterior, tanto poderia ter vencido como perdido. Não fossem os já costumeiros milagres de Alisson, a derrota não seria em nada injusta. Isso que o jogo era no Beira-Rio.

O ambiente no Beira-Rio é assumidamente ruim, e as atuações de igual para igual contra adversários deste porte só pioraram as coisas. Pior ainda é chegar em semana de Gre-Nal desta forma. É claro que o clássico é muitas vezes encarado de um modo distinto: nada impede o Inter de superar seu momento ruim e vencer na Arena. A lógica, porém, é outra: o Grêmio vem em queda na tabela do Brasileiro, mas ainda assim vem jogando melhor do que o seu rival. Se a lógica de desempenho das últimas rodadas prevalecer, o Tricolor vencerá o clássico. Mas há uma semana para os dois lados trabalharem, e evidentemente o panorama pode ser mudado.

O detalhe deste Gre-Nal é que, mesmo assumindo teoricamente o favoritismo de estar melhor no campeonato e de jogar em casa, o Grêmio entra no clássico menos pressionado que o Inter. Diego Aguirre, por exemplo, sobreviverá no cargo em caso de derrota na Arena? A sequência colorada é dura: como não aproveitou para fazer pelo menos quatro pontos contra Ponte e Chape, o Colorado terá de descontar isso diante de Grêmio, Fluminense e Cruzeiro, uma sequência duríssima, onde só os cariocas jogarão em Porto Alegre.

Uma derrota no Gre-Nal, com todo o peso que o clássico carrega consigo, pode afastar o Inter do G-4 de um modo, senão definitivo, por ao menos um médio prazo. Para o Grêmio, é a chance de encostar de novo na turma de cima e, passado o duríssimo jogo contra o Atlético, em Belo Horizonte, iniciar uma sequência para pontuação forte, diante de Joinville, Ponte Preta, Coritiba, Figueirense e Goiás, além de deixar o rival para trás e afundá-lo na crise.

Curiosamente, no entanto, é aí que as coisas se equilibram: normalmente quem joga a vida entra com ainda mais afinco em campo do que quem joga pela glória. O Grêmio não joga exatamente pela glória, mas o Inter joga por um ambiente menos carregado e por uma perspectiva menos sombria. Em suma, por sua vida, ao menos na disputa por algo melhor no Campeonato Brasileiro.

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