Mesmo em casa, River pode passar ainda mais trabalho com o Tigres do que passou em Monterrey

O empate em 0 a 0 no México caiu bem ao River Plate. Porém, a Libertadores está bem longe de estar decidida. Em Monterrey, boa parte das dificuldades enfrentadas pelo Tigres para chegar ao gol de Barovero estava na ausência de Javier Aquino, destaque da equipe mexicana nas semifinais, contra o Internacional. Mesmo que Damián Alvarez seja bom jogador, existe uma diferença técnica que ficou perceptível em campo. Foi pelo lado de Jurgen Damm, que infernizou Vangioni na semana passada, que a equipe de Tuca Ferretti mais agrediu a de Marcelo Gallardo.

Desta vez, porém, Aquino joga. E mais: não será o experiente Gabriel Mercado que atuará por ali, e sim o uruguaio Mayada. Não se trata de uma tragédia: aos 24 anos, ele só não atuou nesta Libertadores justamente no jogo da semana passada. Ainda assim, existe uma diferença, que, aliada à presença de Aquino, pode causar transtornos ao time argentino. Ponzio terá de ficar mais atento à cobertura, Carlos Sánchez precisará auxiliar no combate tanto quanto no México (o que lhe tira um tanto da chegada à frente). Com Aquino em campo, é outro jogo, outro nível de preocupação. Mesmo que Mercado jogasse.

Outro problema que tem Gallardo pelos lados é a ausência de Tabaré Viudez, a contratação de janela de meio de ano que mais deu resultado até agora em Núñez. Ele está concentrado, pode ficar no banco, mas certamente não começa o jogo. Bertolo deu trabalho aos mexicanos pela ponta esquerda na ida, mas, como Aquino do lado do Tigres, é outro nível de preocupação - desta vez um pouco mais para baixo. A presença de Cavenaghi na frente é uma perda por conta da ausência de Mora, o uruguaio que ajuda muito no combate à saída de bola adversária.

Portanto, fica claro que o River está enfraquecido tecnicamente em relação ao primeiro jogo. Perdeu experiência na zaga, força de chegada no meio e combatividade e dinamismo no ataque. Isso tudo, somado à volta da mais forte jogada que tem o Tigres, torna o jogo de hoje à noite potencialmente até mais complicado que o de ida, mesmo em Buenos Aires. As dificuldades serão muitas. Mas isso tornaria os mexicanos favoritos?

Não, longe disso. Porque o River já aprendeu a lidar com problemas de todo o tipo, a começar pelo de ter sofrido 5 a 0 do rival Boca em um clássico na pré-temporada, resultado que complicou demais o começo do trabalho. Buscou dois gols nos acréscimos contra esse mesmo Tigres na fase de grupos, teve de torcer por resultados paralelos para chegar às oitavas, enfrentou gás de pimenta na Bombonera, foi obrigado a reverter uma desvantagem no Mineirão lotado contra o Cruzeiro... A história de superação dos comandados de Gallardo é linda, imensa, e os deixa muito fortes para o capítulo final, que será disputado hoje à noite. Pensando em todos os percalços desta trajetória, perder três titulares e ver o Tigres recuperar o seu principal jogador nem parece um grande transtorno, já que 70 mil pessoas estarão a seu lado.

E é bom que o Monumental esteja mesmo preparado para uma noite de dificuldades, de sofrimento, e não para uma festa, como o empate da semana passada pode dar a entender. As grandes tragédias costumam começar com clima de festa, e clima de festa prévio não é algo que combine com este sobrevivente River Plate de 2015. Talvez combine a partir da meia noite de hoje para amanhã.

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