O Corinthians está cada vez mais consistente, mas precisa jogar melhor para ir além do G-4 de novo



Força dentro de casa, colocação dentro do G-4, melhor defesa do campeonato... O Corinthians vem repetindo em 2015 seu desempenho médio dos últimos anos. Não se trata daquele timaço que pintou em janeiro e fevereiro, tampouco da equipe insegura e irregular de abril e maio. O novo Timão de Tite tem sido, na verdade, uma versão repaginada da equipe de Mano Menezes em 2014. Em seis meses de trabalho, talvez Tite devesse ter ido além disso. A boa notícia é que, pelo que tem em casa, o Coringão pode ir além. Na verdade, precisa ir além.

É estranho falar isso de um time que conquistou 10 dos últimos 12 pontos. Mas o Campeonato Brasileiro, em seu início, precisa ser analisado por dois prismas: o dos resultados, claro, e o das atuações. Analisar exclusivamente resultados é o correto só lá nas últimas rodadas, quando já sabemos o que cada time pode dar e pelo que cada um briga. Afinal, são as atuações que indicam o potencial de crescimento dos times. Com 23 pontos em 36 conquistados, o Timão cumpre aquilo que se esperava: brigará por G-4. Porém, o futebol pode e deve ser melhor para que a equipe se mantenha na ponta de cima. Ter bom elenco (e ele já foi melhor, diga-se) não basta.

Não se trata de exigir demais de uma equipe que vem pontuando cada vez mais firme, mas sim de constatar as últimas atuações. Claro, não se pode jogar bem de uma hora para outra, é preciso respeitar o período de crescimento. Mas o fato é que o Corinthians, embora a tabela indique, não fez por onde, em termos de desempenho, ganhar sete dos últimos nove pontos que disputou. Entre os dois jogos em casa, o time de Tite não passou de um anêmico empate sem gols com o Goiás no Serra Dourada. Em Itaquera, fez seis pontos contra Ponte Preta e Atlético Paranaense. São duas boas surpresas do campeonato, é verdade, mas que podiam perfeitamente ter tirado quatro pontos do Timão, pelo que foram os jogos.

Ontem, como na semana passada, o Corinthians fez um 2 a 0 absolutamente enganoso. O primeiro tempo foi muito equilibrado, com poucas chances de gol de lado a lado, mas o time de Tite teve o mérito de ser mais eficiente. Na etapa final, o Atlético se adiantou e dominou o jogo. Através das ótimas saídas de bola do volante Otávio, soube explorar bem as fragilidades corintianas pelos lados do campo e criou oportunidades para empatar. Sofreu o segundo gol em um lance de bola parada, quase fortuito, nos quais os méritos de Jadson, o melhor homem em campo, foram inegáveis. Naquele momento, o 1 a 1 estava muito mais próximo que o 2 a 0. Como diante da Ponte, sete dias antes.

Ainda assim, não dá para negar que, desta vez, o Corinthians se defendeu melhor. O predomínio da Macaca na semana passada foi total na segunda etapa do jogo. O empate era iminente, o jogo era mais aberto. Ontem, o Atlético teve mais dificuldades, mas exibiu um domínio territorial flagrante. Tite, ainda por cima, mexeu mal ao tirar Bruno Henrique, que vinha bem e dava boa saída de jogo ao meio, para colocar Ralf, que hoje só tem mais altura que o titular - altura que serve para o jogo aéreo, algo que o Furacão simplesmente não dava sinais de explorar. Como diante da Ponte, o técnico recuou o Corinthians cedo demais, dentro de casa, contra adversários sem a mesma grandeza técnica. Sinal claro de que não ainda está plenamente seguro com o que está vendo dentro de cancha.

Não que o Corinthians não mereça estar no G-4, não que não tenha condições para isso. Mas é obrigação nossa apontar o desempenho da equipe, ir além do simples resultado dentro de campo, pois são boas atuações que afirmam de fato uma equipe. Por enquanto, ele está aquém do aproveitamento de tabela. Pode ser que se iguale em breve, pois material humano há para isso. Aí sim, dará para dizer que estamos diante de um real e consistente candidato ao título brasileiro da temporada. Se jogando menos do que sabe o Corinthians vem conseguindo pontos, ninguém duvida que, se Tite tirar souber tirar o melhor do que tem em casa, pode brigar seriamente pela ponta. Por enquanto, vem fazendo apenas o suficiente para jogar a Libertadores mais uma vez em 2016. Para algo além disso, precisa mostrar mais bola.

Sete derrotas
Em apenas 12 rodadas, o Cruzeiro já perdeu mais vezes que em todo o campeonato do ano passado. Se foi derrotado apenas em seis oportunidades no Brasileiro de 2014, a Raposa já sofreu sete derrotas agora, mais da metade dos 12 jogos disputados. A campanha ruim segue. O 1 a 0 para o Fluminense foi o quarto fracasso em cinco rodadas. Foram 12 pontos perdidos dos últimos 15 disputados - eles farão muito falta lá adiante.

Embora haja tempo e bom plantel para se recuperar, o fato é que o time mineiro entrou em campo com um time mais fraco que o que tinha costumeiramente ontem. A distância para o G-4 já é de oito pontos, e para o título de 13. O Fluminense, ao contrário do Corinthians e a exemplo do Grêmio, mantém uma campanha além das possibilidades técnicas previstas para o seu grupo de jogadores. O começo de campeonato mostra que os tricolores gaúcho e carioca devem se posicionar por uma briga pela Libertadores. Para título, falta grupo.

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