Vibração, a chave de Luxa para o Cruzeiro quebrar o tabu em clássicos



Quando um técnico chega, é clichê dizer que o time voltou a vencer pela motivação pela chegada de um novo comandante. Tudo isso é mesmo uma verdade: o Grêmio foi bem nos dois primeiros jogos de Roger, o São Paulo fez um de seus melhores jogos no ano na estreia de Osorio e o Cruzeiro, com Luxemburgo, já ganhou duas. No caso dos mineiros, então, a verdade é dupla, pois somente uma mudança de postura faria a equipe se impor ao Atlético no Independência, e as próprias mudanças efetuadas pelo novo treinador foram em direção ao que andava faltando à Raposa: sangue nas veias.

Charles, por exemplo. É um jogador menos técnico que Henrique, mas muito mais participativo - tanto que marca seus golzinhos de vez em quando. Ontem, ele deu a consistência que andava faltando ao meio-campo azul desde a saída de Lucas Silva, e ainda permitiu a Willians jogar na sua, que é de segundo homem, tendo um pouco mais de liberdade para sair. Willians foi um dos melhores em campo, e iniciou, marcando adiantado, a jogada do terceiro gol, uma verdadeira pintura de Marquinhos.

A opção por Alisson também foi interessante. Em cima de Patric, lateral que apoia melhor do que marca (embora ontem tenha ido mal nas duas tarefas), ele foi a principal peça de ataque da Raposa na primeira etapa. O Cruzeiro já havia feito um primeiro tempo no mínimo igual, para não dizer até um pouco superior ao rival: marcou bem, não deu espaço para o quinteto ofensivo do Galo executar suas envolventes tramas, e tomou um gol irregular. Deu a sorte de ver Jemerson marcar contra. E, curiosamente, foi a partir da saída de Alisson que a Raposa tomou conta de vez do jogo. Tudo pela entrada de Gabriel Xavier.
Vibração ajudou o Cruzeiro a dominar o primeiro tempo, mas Marquinhos caiu de produção centralizado
Ele veio da Portuguesa rebaixada para a Série C, mas é mais querido pela torcida celeste do que o badalado Arrascaeta. Não se trata de uma paixão à toa, daquelas irracionais de torcedor. Gabriel tem sangue nas veias, além de muita técnica. Construiu assim a jogada do segundo gol, na largada da etapa final. A mexida melhorou ainda mais o Cruzeiro, mesmo que Alisson estivesse bem no jogo, e o motivo é simples: Marquinhos passou do centro para a ponta direita, onde rende mais. Passou a jogar na sua, e foi por lá que decretou a ótima vitória por 3 a 1 em pleno Horto. Foi uma pena que a lesão de Gabriel Xavier em meio à etapa final tenha interrompido o experimento daquela formação. Mas foram 24 minutos que já indicaram o futuro tático cruzeirense neste campeonato.

E este futuro, apesar de tudo, não entrou em campo ontem, mas no ano passado. O maior erro de Marcelo Oliveira neste ano foi ter desfeito o esquema com dois meias para colocar somente um centralizado e usar Willians e Marquinhos abertos demais. A chave está em repetir o esquema do ano passado, quando a aproximação de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart foi a chave para o bi brasileiro: neste caso, teríamos Gabriel Xavier (ou Arrascaeta, que evidentemente não pode ser arquivado) um pouco mais pela esquerda, Marquinhos um pouco mais pela direita, e Willian ou Alisson ao lado de Leandro Damião, um pouco mais adiantados. Luxa adora o 4-4-2, e Marcelo Oliveira já o utilizou desta forma. Por que não tentar?
Um possível Cruzeiro no 4-4-2, a la 2014: Mena sobe menos para cobrir as subidas-surpresa de Willians, dois meias mais abertos na criação e Willian mais próximo a Leandro Damião no ataque

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