Vem aí a melhor Copa América de todos os tempos

Quando o Brasil levou 7 a 1 da Alemanha, uma das maiores preocupações que se tinha (temperada, é claro, pelo calor do vexame) era de que a Seleção não se classificasse para a Copa do Mundo de 2018. Não apenas por conta dos problemas do time canarinho em si, mas também pela qualidade dos rivais nas eliminatórias. Pois se as eliminatórias em turno e returno até a Rússia (?) prometem, devido ao alto nível técnico e de competitividade, imaginem um torneio em mata-mata reunindo as seleções sul-americanas? Esta é a Copa América 2015.

E por que ela promete ser uma das melhores de todos os tempos? Primeiro, por um acerto da Conmebol (eles são raras, portanto, valem receber destaque): o de realizar a competição a cada quatro anos, sempre antes das eliminatórias. Isso não aumenta só o charme do torneio (competições bienais de seleções caem neste aspecto), mas também sua importância para a própria eliminatória: quem azeita o time cedo tende a começar bem a disputa por uma vaga no Mundial. E, numa disputa tão equilibrada, começar bem é fundamental.

Segundo, e principal: nunca tivemos tantas boas seleções ao mesmo tempo na América do Sul. Em 2010, nosso continente colocou quatro equipes entre as oito melhores na Copa da África do Sul; em 2014 foram três, mas cinco entre as 16. Não ganhamos nenhuma das últimas três Copas, mas é inegável que, na média, nunca estivemos tão bem. Afinal, agora não temos apenas Brasil e Argentina fortes, mas também Uruguai, Colômbia e Chile. Temos um Equador que só não chegou à segunda fase da Copa porque pegou um grupo forte, um Paraguai querendo reabilitação, e até Peru e Venezuela com uma capacidade não tão desprezível - lembrem, eles foram semifinalistas em 2011, e podem perfeitamente surpreender num torneio de mata-mata.

E sabem o que é mais incrível? O nivelamento não se dá por baixo. No Barcelona, campeão europeu, estão Messi e Neymar (fora Suárez, que não disputa o torneio por ter sido julgado por quem não tem moral alguma para julgar ninguém), sem falar em Mascherano e Claudio Bravo. A Colômbia, de James Rodríguez, destaque do Real Madrid, virá reforçada em relação ao Mundial, pois terá à disposição Radamel Falcao. No Chile há Vidal, vice-campeão europeu pela Juventus, e Alexis Sánchez, destaque do melhor Arsenal dos últimos anos. Se Suárez não joga, o Uruguai conta com o artilheiro Cavani. Isso sem falar em Di María, Godín, Cuadrado, Agüero, Tévez, Guerrero, Jackson Martínez, Eduardo Vargas, Guarín...

Preparamos um mapa temático especial com as principais informações relativas à Copa América 2015, com detalhes relativos às 12 seleções que a disputam e sobre os estádios receberão os 26 jogos do torneio. Vale a pena ficar ligado na edição deste ano. Talvez nunca tenha valido tanto.

Abaixo, além do mapa, um breve panorama das perspectivas para cada seleção.



GRUPO A
Chile: nunca o Chile foi tão favorito numa Copa América. Além de sediar o torneio, os chilenos contam com uma das seleções mais fortes de sua história, que entrará totalmente focada em buscar o primeiro título continental. A renovação de Jorge Sampaoli somente até o fim da competição já indica isso. Favorito a ser campeão de seu grupo, o time rojo poderá disputar todas as partidas no Estádio Nacional, em Santiago, onde venceu 6 dos 8 jogos que disputou nas últimas eliminatórias.

México: apesar de alguns veículos de comunicação mexicanos defenderem a inclusão definitiva do México na Conmebol, para aumentar o nível técnico da seleção, o técnico Miguel Herrera decidiu usar a Copa América como laboratório para a Copa Ouro, a qual dá vaga na Copa das Confederações. Ao todo, 20 dos 23 convocados atuam no próprio país. Longe de ter sua equipe atual, o México pode acabar eliminado já na primeira fase.

Bolívia: o fato de o México vir com reservas abre caminho para a Bolívia tentar uma classificação para os mata-matas, algo que não ocorre desde 1997, quando foi sede do torneio. Ainda assim, segue sendo a seleção com menos recursos da América do Sul, e qualquer coisa além de uma eliminação precoce será surpreendente.

Equador: vivendo uma fase instável, o Equador deu a sorte de cair numa chave com um México reserva e com uma fraca Bolívia. Assim, pode se classificar sem grandes problemas. O difícil vem depois: sendo o provável vice-líder da chave, pode pegar Brasil ou Colômbia já no primeiro mata-mata.


GRUPO B
Argentina: eterna favorita, a Argentina tem, desde 2004, sempre o melhor elenco que entra na disputa pela Copa América. Mais uma vez, entra como a maior favorita ao título. A equipe tem potencial ainda superior ao da Copa do Mundo do ano passado, quando foi vice-campeã, visto que Tévez e Agüero hoje são titulares. Apesar dos tropeços que tem tido na competição, é mais uma vez a grande candidata à conquista, o que encerraria um jejum de 22 anos sem taças de sua seleção principal.

Paraguai: em 2011, o Paraguai conseguiu a façanha de ser vice-campeão sem vencer nenhum jogo. A fraqueza da equipe foi constatada na péssima campanha das eliminatórias. Desde então, não houve grandes mudanças: em nove jogo após a Copa de 2014, a equipe venceu um, empatou quatro e perdeu quatro. Há jogadores experientes no elenco, mas o país não consegue se renovar de forma minimamente satisfatória. Ao menos a "sorte" de cair no grupo da Jamaica pode servir para uma classificação como terceiro colocado.

Uruguai: sem Suárez, o atual campeão sul-americano perde muito de sua força. Isso ficou evidente na Copa do Mundo. Mesmo assim, a Celeste deve passar de fase com relativa tranquilidade, e dar muito trabalho a Brasil ou Colômbia (provavelmente) nas quartas de final. Afinal, não haverá Luisito, mas Cavani, Godín e companhia dão conta do recado.

Jamaica: quem vê três tradicionais seleções ao lado de uma centro-americana pouco cotada logo lembra da Costa Rica na Copa do Mundo de 2014. E a Jamaica, embora bem mais fraca que sua vizinha, pode, sim, fazer algum estrago - quem sabe, até passar de fase como uma das melhores terceiras colocadas. Vem realizando bons amistosos recentemente e tem condições de dar trabalho ao menos para o Paraguai, que vem claudicante há anos.


GRUPO C
Brasil: o trabalho metódico de Dunga começa a deixar o fiasco da Copa do Mundo aos poucos para trás. O Brasil tem material humano inferior à Argentina, mas isso não significa que seja menos favorito que sua eterna rival. Em nove amistosos pós-Mundial foram nove vitórias, uma delas justamente contra os hermanos. Dunga já deu entrosamento à equipe e, com Neymar em grande fase, o Brasil tem tudo para superar não só os 7 a 1, mas a péssima campanha de 2011.

Peru: foi terceiro colocado em 2011, mas sua real qualidade se viu na fraca campanha das eliminatórias. No entanto, se Guerrero estiver inspirado, a seleção peruana pode avançar, sobretudo porque a Venezuela faz parte da chave. Esta é uma vitória obrigatória para o time andino, já que diante de Brasil e Colômbia qualquer ponto será lucro.

Colômbia: quem se encantou com a Colômbia na Copa pode esperar algo ainda melhor em 2015. Com Falcao de volta, os colombianos dispõem de potencial técnico maior que no ano passado. A trajetória não será fácil, mas ver o time de James Rodríguez na final não seria nenhum absurdo.

Venezuela: semifinalista em 2011, a Venezuela tem boas chances de passar de fase. Nas eliminatórias, por exemplo, fez campanha bem superior à do Peru. A chave para chegar às quartas está em bater os peruanos e não perder por larga margem de gols para Brasil e Colômbia, já que o saldo será importante na definição de quais os terceiros colocados que irão avançar para o mata-mata.

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