Em noite de Argentina x Uruguai, vale lembrar alguns clássicos históricos

O Brasil pode ser pentacampeão mundial, mas uma coisa é inegável: o maior clássico de qualquer Copa América será sempre Argentina x Uruguai. Final da primeira edição do torneio, o clássico do Rio da Prata reúne os dois maiores vencedores da história da competição. Nada menos que 29 das 43 taças continentais pararam na galeria destes dois países.

Hoje, às 20h30, os olhos de todo continente se voltarão para o Estádio La Portada, em La Serena, quando os dois gigantes que decidiram a primeira Copa do Mundo estarão em campo. A tradição deste clássico vem de mais de um século de história. A primeira final entre ambos completará 100 anos no ano que vem: foi a decisão da Copa América de 1916, a edição inaugural do mais antigo torneio de seleções que o planeta conhece.

Para já entrar no clima do jogaço, separamos seis clássicos inesquecíveis entre os dois eternos rivais. É apenas o filé dessa história, que vai ganhar mais um capítulo hoje à noite. Ao todo, a vantagem argentina é grande: são 84 vitórias, contra 55 do Uruguai e 44 empates, em 183 jogos disputados. Porém, em decisões, é a Celeste que costuma prevalecer. Brasil e Argentina, vale destacar, se enfrentaram 96 vezes na história - pouco mais da metade das vezes, portanto. Nenhum duelo entre seleções no mundo todo ocorreu tantas vezes.

1902: a maior goleada do clássico é argentina
O confronto entre Argentina e Uruguai tem 114 anos de história. O primeiro clássico ocorreu em Montevidéu, em 1901, e terminou com uma apertada vitória dos visitantes por 3 a 2. Um ano depois, porém, a Argentina sobrou: enfiou 6 a 0 na Celeste, fora de casa, naquela que é, até hoje, a maior goleada da história do clássico. O Uruguai se vingaria em 1910, ao ganhar por 6 a 2 em Buenos Aires, mas levaria duas sapatadas logo a seguir: 7 a 2 em 1916 e 6 a 1 em 1919, ambas dentro de casa. Só em 1959 é que a Celeste voltaria a humilhar sua eterna rival, com um 5 a 0 em Guayaquil, pela Copa América.

Uma rara imagem do duelo de julho de 1902
1916: começa a tradição de Celeste de calar estádios rivais
Famoso por frustrar anfitriões dos torneios que disputa, o Uruguai começou sua tradição bem cedo. A Copa América de 1916 se assemelhou bastante ao Mundial de 1950: sua fase decisiva (e única) era um quadrangular, sem disputa de final, mas quis o destino que os dois primeiros colocados se enfrentassem no último jogo. Eram eles Argentina e Uruguai, e o torneio estava sendo disputado em solo argentino.

Após derrotar Chile e Brasil, o Uruguai chegou à partida com a vantagem do empate para levar a taça. A partida, marcada para o Estádio del Bosque, em La Plata, teve de ser interrompida logo aos cinco minutos do primeiro tempo, por conta de uma briga generalizada nas arquibancadas, que chegaram a pegar fogo - a Libertadores, como vemos, começou bem antes de 1960. No dia seguinte, o campo do Racing, em Avellaneda, sediou um empate de 0 a 0 que deu à Celeste sua primeira Copa América.

Uruguai de 1916, campeão da primeira Copa América da história
1930: depois da primeira final de Copa América, a primeira final de Copa do Mundo
O pioneirismo de Argentina e Uruguai não se limita à Copa América. Foi entre ambos a primeira decisão de Copa do Mundo também. Os uruguaios venceram por 4 a 2, numa das finais mais emocionantes da história do torneio: a equipe da casa fez 1 a 0, mas sofreu a virada ainda no primeiro tempo. No segundo, nova virada, desta vez da Celeste, que chegou aos 4 a 2, para enorme festa no Estádio Centenario. O jogo ficou conhecido pela curiosidade de ter sido disputado como uma bola argentina no primeiro tempo (com placar parcial de Uruguai 1 x 2 Argentina) e uma bola uruguaia no segundo (parcial Uruguai 3 x 0 Argentina).


1986: a vingança argentina, com Maradona e rumo ao bi
A Argentina ainda estava engasgada com o Uruguai em 1986. Além de ter uma Copa do Mundo a menos, havia perdido a primeira delas justamente para a Celeste. A vingança viria em 1986: nas oitavas de final, um gol de Pasculli, aos 42 minutos da etapa inicial, deu à albiceleste a classificação para as quartas e abriu o caminho dos mata-matas rumo ao bicampeonato do mundo. De quebra, derrotando o Uruguai.


1987: Alzamendi, de herói a carrasco no Monumental de Núñez
Um dos duelos mais espetaculares entre os dois rivais ocorreu em 1987. O simbolismo era fortíssimo: com Maradona em campo, a Argentina, campeã do mundo do ano anterior, era a grande favorita para conquistar a Copa América - principalmente porque a disputava em casa. Na semifinal, porém, o Uruguai vingaria a derrota na Copa de 1986 com um herói que conhecia o Monumental de Núñez como poucos: Antonio Alzamendi. Herói do River Plate ao marcar o gol do título mundial do clube em 1986, o atacante da Celeste foi o autor do gol da vitória uruguaia por 1 a 0. Acostumado a fazer vibrar o estádio à beira do Rio da Prata, Alzamendi foi, vestindo a camisa de sua seleção, o responsável por uma de suas tardes mais tristes.


2011: a batalha de Santa Fe foi a final antecipada
Argentina e Uruguai entraram na Copa América de 2011 como os dois principais favoritos ao título. Os argentinos, por terem Messi e jogarem em casa; os uruguaios, pela esplêndida Copa do Mundo que fizeram no ano anterior. Porém, ambos tropeçaram na primeira fase. Em vez de líderes, acabaram na 2ª colocação de seus respectivos grupos. Isso forçou um cruzamento logo nas quartas de final, mas com cara de final antecipada, entre os dois eternos rivais. E, 24 anos depois de calar o Monumental de Núñez, o Uruguai voltou a eliminar a Argentina fora de casa: após um espetacular empate de 1 a 1 no Estádio Cementerio de Elefantes, a Celeste levou a melhor nos pênaltis e embalou de vez rumo ao título.

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