Cinco finais de Champions onde o menos cotado venceu

Dá pra considerar a Juventus como zebra hoje à tarde?

Talvez "zebra" não seja a melhor palavra. A Juve é tradicionalíssima: não é a equipe italiana que mais vezes ganhou a Liga dos Campeões, mas é a de maior torcida e de mais títulos nacionais em seu país, de longe. É também a atual tetracampeã nacional, acaba de eliminar o poderoso Real Madrid com merecimento, tem o melhor goleiro dos últimos 20 anos (por baixo) do futebol mundial, a zaga-base da Itália (mesmo sem Chiellini), um meio-campo com craques como Pirlo, Vidal e Pogba e simplesmente Carlitos Tévez na frente. Não são poucos os seus predicados, portanto. Será o rival mais complicado do Barcelona em toda sua caminhada na busca do penta europeu, pois PSG e Manchester City não lhe fizeram frente, e o Bayern veio mutilado por seriíssimos desfalques.

Mas o Barcelona leva o favoritismo, sim. Porque desde o início dos mata-matas dá a pinta de campeão. Se PSG e City não fizeram cócegas nos catalães, não foi porque são times fracos, ao contrário: o Barça passou como quis pelos campeões francês e inglês, e não correu grandes riscos diante do tricampeão alemão. O meio já não tem o tiki-taka dos tempos de Xavi, mas o cracaço Iniesta hoje é quase um coadjuvante diante da genialidade de Messi, Suárez e Neymar, um dos maiores trios da história do futebol - e dá pra dizer isso sem qualquer peso na consciência ou risco de precipitação.

Ainda assim, a Juventus pode muito bem ser campeã hoje, e a história da Liga dos Campeões mostra que muitas vezes o time menos cotado conseguiu derrotar o favoritaço. Separamos cinco decisões em que isso ocorreu.

1967: o time mais elegante da Escócia supera a bicampeã Inter
O Celtic de 1967 foi, talvez, o time que jogou o futebol mais bonito da história da Escócia. Ainda assim, era considerado a zebra na decisão contra a Internazionale, àquela altura já bicampeã europeia e mundial (1964/65). A equipe treinada por Jock Stein (um protestante treinando o time católico de Glasgow, suprema ironia) havia eliminado times de estilo semelhante, como o Vojvodina, da Iugoslávia, e o Dukla Praga, da Tchecoslováquia, mas pairavam dúvidas sobre seu sucesso ao defrontar o poderoso e eficientíssimo ferrolho italiano. Em Lisboa, Sandro Mazzola fez 1 a 0 para o time de Milão logo aos 6 minutos, tornando o jogo à feição para a impenetrável retranca italiana. Mas Gemmell e Murdoch (este aos 39 do 2º tempo) viraram o jogo e deram ao Celtic seu maior título em todos os tempos. Notem a beleza e a simplicidade dos uniformes neste vídeo.



1982: de claudicante a vencedor contra a base da Alemanha vice-campeã
Campeão inglês em 1981, o Aston Villa quebrou naquele ano um jejum de mais de 70 anos sem conquistar o título nacional. No entanto, a equipe de Birmingham começou mal a temporada seguinte, chegando ao ponto de demitir o lendário técnico Ron Saunders. Aos poucos, o time foi crescendo de novo: passou pelo Dynamo Berlin, pelo Dínamo de Kiev, eliminou nas semifinais o Anderlecht e chegou à decisão, em Roterdã, diante do Bayern München, dono de vários craques que comporiam a seleção alemã vice-campeã mundial um mês depois, na Espanha. Com um gol de Withe, aos 21 do 2º tempo, o Aston Villa fez 1 a 0 e derrotou o favorito time de Breitner, Rummenigge, Hoeness e Augenthaler.



1986: apara, Duckadam!!!
A talvez maior de todas as surpresas em finais europeias ocorreu justamente contra o Barcelona. Em 1986, o time catalão tinha tudo para conquistar seu primeiro título continental e diminuir a distância para o rival Real Madrid, àquela altura dono de seis taças. O enfrentamento diante do pouco badalado Steaua Bucuresti ainda por cima era na Espanha, em Sevilha. Pois os romenos seguraram um empate em 0 a 0 e, nos pênaltis, viram o goleiro Duckadam defender nada menos que todas as quatro cobranças do Barça. É a maior tragédia da história do Barcelona, e o maior feito da história do futebol romeno de clubes.



1993: o único título francês derruba o espetacular Milan de Van Basten
A tradicional França, campeã mundial de seleções em 1998, só ganhou uma vez a Liga dos Campeões. Mas não foi qualquer título: o 1 a 0 obtido em Munique foi sobre o todo-poderoso Milan com uma escalação que merece ser citada na íntegra: Rossi; Tassotti, Baresi, Costacurta e Maldini; Rijkaard, Lentini, Donadoni e Albertini; Massaro e Van Basten. Era nada menos que a base da seleção italiana vice-campeã de 1994, acrescida de dois holandeses geniais. O Olympique também tinha um timaço, como nomes como Deschamps, Völler, Desailly, Barthez e Abedi Pelé. Não era uma "zebra", só era menos estrelado. Estava para o Milan como a Juve está hoje para o Barça, portanto.



2012: o metódico Chelsea cala Munique
Finais de Liga dos Campeões onde um dos times joga em seu próprio estádio são raras. Ocorreram apenas quatro vezes: em 1957, 1965, 1984 e 2012. Só nestes últimos dois anos o visitante foi o campeão. O metódico Chelsea de Roberto di Matteo foi a mais italiana das equipes inglesas em todos os tempos. Depois de eliminar de forma heroica o poderosíssimo Barcelona nas semifinais, a equipe de Londres teria uma tarefa tão árdua quanto na decisão: derrotar o Bayern dentro da Allianz Arena, em Munique. Diante de uma equipe que comporia a base da Alemanha tetracampeã mundial em 2014, os ingleses não se abalaram com o fato de terem tomado um gol aos 37 do 2º tempo: buscaram o empate aos 42 e levaram a taça na decisão por pênaltis.

Comentários

Vine disse…
Segundo meu pai, a Roma também disputou uma final da Liga dos Campeões no seu estádio, e perdeu. Não sei bem o ano, mas foi na época em que o Falcão jogava lá. Sabe de algo?

Essa do Steaua foi inesquecível. Lembra do que o Duckadam disse sobre os cantos onde os jogadores iam bater?
Vicente Fonseca disse…
É verdade, Vine. Me passou batido, mas agora está corrigido. Valeu!

Como esquecer Duckadam? http://bolaromena.blogspot.com.br/2007/02/apara-duckadam-histria-do-heri-de.html