Chega de vender: o Grêmio já economizou demais em 2015

Várias críticas podem ser feitas à atual direção do Grêmio, mas de uma coisa não dá para acusá-la: de não ter convicção. O caminho percorrido até agora em 2015 cumpre com fidelidade o planejado, em especial no que se refere à contenção de gastos. O clube barateou bastante sua folha salarial, e nem fracassos dentro de campo, nem a extrema dificuldade de contratar nomes de peso mudaram a política. Com isso, o clube já pagou muitas contas que andavam atrasadas. E os resultados em campo, até o momento, se assemelham aos do ano passado.

Em um clube com dificuldades financeiras (como quase todos, aliás), é preciso de fato que alguém faça esse "trabalho sujo". O Grêmio está "sacrificando" 2015 em busca de dias melhores no futuro. Age na contramão do imediatismo, o que é muito salutar. E anda no limiar entre a suficiência e a carência no que se refere ao seu grupo de jogadores: muitos deixaram a Arena, e poucos chegaram este ano. Dos poucos que desembarcaram, a absoluta maioria veio sem badalação alguma. O plantel tricolor tem bons jogadores na maioria das posições, mas é jovem demais e bastante enxuto.

Sábado, porém, o presidente Romildo Bolzan Jr. deu uma entrevista relativamente preocupante após a vitória sobre o Avaí. Nela, sinalizou que poderá vender algum atleta na janela de julho, caso chegue alguma "proposta impossível" de ser negada. A questão é que, para o Grêmio, mesmo em contenção de despesas, nenhuma proposta deve ser tratada como irrecusável. Parece uma contradição, mas não é: o Grêmio já diminuiu custos enormemente, já pagou muitas dívidas históricas nos últimos meses, contratou um técnico que ganha 10% do que o anterior recebia. Do jeito que anda, está conseguindo contrabalançar de forma razoável a contenção de gastos com a competitividade da equipe. Mas se começar a vender titulares, essa equação se desequilibra.

Walace, Luan e Rhodolfo são os jogadores mais assediados. São, de fato, três dos principais nomes do grupo gremista, peças-chave na equipe de Roger Machado. Caso sejam negociados, enfraquecerão demais o time. É claro, todos podem ser repostos com contratações se o dinheiro da venda for alto. Mas contratações nem sempre se encaixam rapidamente. Isso pode cobrar um preço alto neste Brasileiro, como o time abrir mão de suas chances de G-4 por causa de uma venda - uma participação na Libertadores alavancaria receitas. O dinheiro que uma negociação gera pode ser importante, mas muitas já foram feitas este ano. Uma nova saída só se deve dar se o atleta insistir, não meramente pelas cifras elevadas. É hora de fazer esse investimento garantindo quem está em casa e vem dando boa resposta.

Na mesma entrevista concedida na Ressacada, Bolzan garantiu, antes de falar das tais "vendas impossíveis" que o planejamento era não vender mais ninguém. Se o Grêmio tem sido tão fiel ao seu plano financeiro na hora de frear gastos, precisa também sê-lo na hora de isso não se exacerbar. Equilíbrio na gestão do futebol é isso, e não apenas comemorar balancetes positivos.

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