Um tempo e um dilema para cada lado
Nos últimos anos, o Santa Fe tem se notabilizado por marcar um golzinho fora de casa que é decisivo em mata-matas. Em 2013, eliminou o Grêmio nas oitavas perdendo de 2 a 1 em Porto Alegre e ganhando por 1 a 0 em El Campín. Repetiu a dose na preliminar de 2014, contra o Monarcas Morelia. Agora, tentará fazer o mesmo diante do Estudiantes.
O jogo de La Plata foi apartado em dois. O primeiro tempo foi dominado pelos argentinos. A equipe colombiana, de ótima primeira fase, teve atuação absolutamente decepcionante. Recuada demais, acabou tomando o gol cedo e ficou no clássico dilema entre tentar ir para cima ou segurar a pressão, não fazendo nem uma coisa, nem outra. Omar Pérez era controlado, e sem seus passes os atacantes ficam desabastecidos. Arias, outra arma poderosa pelo lado esquerdo, foi incumbido pelo técnico Gustavo Costas de tarefas defensivas demais, as quais não sabe executar. Não combateu o rápido Auzqui nem atacou com eficiência.
O que faltou ao Estudiantes no primeiro tempo foi pressionar mais para definir o confronto já nos primeiros 45 minutos. Com Auzqui e Acosta inspirados pelos lados, e seguro defensivamente, o time argentino diminuiu o ritmo após fazer 2 a 0, quando poderia ter aumentado a pressão e marcado mais um gol ainda no primeiro tempo. Ao contrário, preferiu diminuir o ritmo e sair só na boa, tentando aproveitar erros do time visitante. Contando com pontas velozes e uma defesa experiente, não era mesmo uma estratégia equivocada.
No segundo tempo, porém, o Santa Fe jogou com a ousadia que teve em Guadalajara e Santiago, mas não teve no primeiro tempo. Costas soltou Arias, que auxiliou Omar Pérez na criação e virou ponta pela esquerda. O time passou a não depender mais tanto do endiabrado Morelo, um dos melhores atacantes da Libertadores. Tirando duas escapadas da equipe de La Plata, aos 10 e aos 19 minutos, o segundo tempo foi totalmente colombiano. Foram nove chances claras criadas, contra duas dos argentinos.
O Estudiantes foi surpreendido pela coragem do time de Bogotá. Com marcação adiantada, o Santa Fe passou a roubar bolas no campo de ataque, pegando a experiente, mas lenta, defesa argentina desprevenida. O grande erro de Gabriel Milito foi ter retirado de seu time os dois jogadores capazes de puxar um contragolpe veloz: Acosta e Auzqui deixaram o gramado para as entradas de Vera e Jara. As mexidas tinham como pretensão dar consistência ao meio, mas mataram o contra-ataque. Era preciso que os argentinos adotassem postura mais impositiva com estas peças. Seguiram esperando, equivocadamente, e por méritos do Santa Fe.
Ainda assim, é preciso salientar que o gol, apesar de justo, saiu numa bola parada, e com Morelo em impedimento por centímetros. Detalhes que podem definir uma classificação, embora o Estudiantes tenha dado margem para que isso acontecesse, em vez de retomar o controle das ações. No segundo tempo, o dilema ficou com o time de La Plata: aumentar o ritmo e correr o risco de tomar um gol ou segurar o 2 a 0 que o deixaria mais tranquilo na terça que vem? Nem um, nem outro. De novo.
A partida acabou com gostinho de vitória para os colombianos. Não apenas porque o gol fora de casa é importante, mas por ter frustrado o que era uma vitória tranquila do Estudiantes, e também pelo histórico de reversões dentro de casa. O Santa Fe raramente não leva gols em Bogotá, mas raramente não os faz, e no plural. O confronto segue completamente indefinido. O time de Omar Pérez vem realizando uma campanha um pouco superior, mas a vantagem dos platenses existe, embora seja ligeira. É bom Inter e Atlético-MG estudarem o comportamento de ambos, por via das dúvidas.
Em tempo:
- O Tigres tomou um susto no começo, mas chegou ao 1 a 1 que lhe dá a vaga nas quartas de final. Sem brilho, mas confirmando o favoritismo sobre o Universitario de Sucre.
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Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2015 - Oitavas de final - Jogo de ida
5/maio/2015
ESTUDIANTES 2 x SANTA FE 1
Local: Ciudad de La Plata, La Plata (ARG)
Árbitro: Antonio Arias (PAR)
Público: 25.000
Renda: não divulgada
Gols: Auzqui 20 e Carillo 29 do 1º; Morelo 35 do 2º
Cartão amarelo: Domínguez, Desábato, Torres, Arias e Anchico
ESTUDIANTES: Navarro (7), Aguirregaray (6), Domínguez (6), Desábato (5,5) e Álvaro Pereira (5,5); Damonte (5), Gil (6), Sánchez Miño (6) (Gil Romero, 47 do 2º - sem nota), Auzqui (7) (Jara, 14 do 2º - 6) e Acosta (6,5) (Vera, 29 do 2º - 5); Carrillo (7). Técnico: Gabriel Milito (6)
SANTA FE: Castellanos (6), Anchico (5,5), Mina (5), Meza (5,5) e Mosquera (5,5); Torres (5), Roa (4,5), Arias (5,5) (Perlaza, 38 do 2º - sem nota) e Omar Pérez (7); Morelo (7) e Páez (5,5) (Borja, 23 do 2º - 6). Técnico: Gustavo Costas (6)
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