Sete minutos de esperança

Foi quase que protocolar a classificação do Barcelona para a final da Liga dos Campeões. Isso é um baita elogio aos catalães: classificar-se de forma tranquila contra o Bayern na Allianz Arena é algo quase impossível. E assim ocorreu: foram apenas sete minutos de susto para os catalães, ou melhor, de esperança para os bávaros - o intervalo entre o 1 a 0 de Benatia e o empate de Neymar. A semifinal foi aberta, mas pouquíssimo emocionante, e tudo é culpa deste espetacular time de Luis Enrique.

Tudo o que o Bayern München mais queria e precisava era marcar um gol antes dos 10 primeiros minutos de partida. Só assim conseguiria voltar para a disputa, dar um susto no Barcelona. O gol de Benatia aos 7 foi muito comemorado, mas sempre com aquele aviso: a qualquer momento, os dois gols que faltavam para a classificação poderiam virar quatro. Bastava o trio sul-americano de ataque dos catalães entrar em ação.

Messi, Suárez e Neymar, que já haviam dizimado os alemães no Camp Nou, precisaram de apenas dois ataques para fechar a semifinal. No primeiro, de Messi para Suárez, e dele para Neymar. O Barcelona não se assustou com o gol sofrido e conquistou o empate com a naturalidade de quem chega para conquistar a Europa. No segundo, uma casquinha de Messi, e a repetição do lance entre o craque uruguaio e o brasileiro. Somente mais cinco gols levariam os bávaros para a decisão. Muito maior que a distância de Munique a Berlim, palco da partida do próximo dia 6.

O jogo estava tão definido que o Barça começou a se poupar. Suárez não voltou para o segundo tempo, certamente se poupando para o fim de semana, quando a equipe poderá confirmar o título espanhol diante do Atlético, em Madrid. E não foi só o uruguaio que não retornou para a etapa final: o time inteiro do Barcelona parece ter ficado no vestiário junto do charrua. Sem qualquer ambição, o time de Luis Enrique tratou apenas de administrar uma longa vantagem. O fez de forma tão frouxa e relaxada que, mesmo abalado, o Bayern conseguiu marcar dois gols e virar o placar. Muito pouco para quem precisava de um 6 a 2.

O Barcelona chega com todos os méritos à final. É o melhor time desta Liga dos Campeões, e perdeu hoje apenas seu primeiro jogo neste mata-mata, no qual tinha 100% de aproveitamento. Ainda assim, é impossível desconsiderar os desfalques do Bayern. Por mais que possamos questionar Guardiola e o fato de ele ter preterido Götze e preferido jogar sem um meia verdadeiramente criativo nos dois jogos, atuar sem Robben e Ribéry não é apenas uma perda técnica grave, mas uma obrigação de mudança em toda lógica de atuação da equipe bávara. A eliminação quase veio diante do Porto. Contra uma equipe do porte do Barça, era realmente improvável um novo sucesso, por mais que se falasse em equilíbrio, dado o porte dos dois clubes.

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Ficha técnica
Liga dos Campeões da Europa 2014/15 - Semifinal - Jogo de volta
12/maio/2015
BAYERN MÜNCHEN 3 x BARCELONA 2
Local: Allianz Arena, Munique (ALE)
Árbitro: Mark Clattenburg (ING)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gols: Benatia 7 e Neymar 14 e 28 do 1º; Lewandowski 14 e Müller 29 do 2º
Cartão amarelo: Rafinha, Thiago Alcântara, Lewandowski, Xabi Alonso, Rode e Pedro
BAYERN MÜNCHEN: Neuer (5,5), Rafinha (5), Boateng (5,5), Benatia (6,5) e Bernat (5,5); Thiago Alcântara (6,5), Xabi Alonso (6), Lahm (5) (Rode, 22 do 2º - 5,5) e Schweinsteiger (5,5) (Javi Martínez, 41 do 2º - sem nota); Müller (7) (Götze, 41 do 2º - sem nota) e Lewandowski (7). Técnico: Pep Guardiola (5,5)
BARCELONA: Ter Stegen (7), Daniel Alves (6), Piqué (5,5), Mascherano (5) e Jordi Alba (5,5); Busquets (5), Rakitic (5,5) (Mathieu, 24 do 2º - 5) e Iniesta (6) (Xavi, 30 do 2º - 5); Messi (6,5), Suárez (7) (Pedro, intervalo - 4) e Neymar (7). Técnico: Luis Enrique (6)

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