Promissora decepção



O fato de o Grêmio ter deixado o Serra Dourada lamentando o empate é o primeiro indicativo de que a estreia de Roger foi boa. O Goiás era um dos líderes do campeonato, jogava em um estádio no qual o Tricolor costumeiramente sofre, ainda não havia tomado gols na competição e vinha de uma ótima vitória sobre o Palmeiras em São Paulo. Não é um grande time, mas tinha suas credenciais. E o Grêmio só não bateu este adversário porque, entre outros motivos, sofreu um gol num erro de Anderson Daronco, o árbitro imprudentemente escalado para este jogo.

O Serra Dourada vazio talvez tenha ajudado o Grêmio a se sentir em casa. A equipe entrou com personalidade, ocupando o campo goiano e jogando como se estivesse na Arena. Roger não manteve o 4-2-3-1 de Felipão como se esperava: Pedro Rocha e Yuri Mamute atuaram abertos, mais adiantados, e os meias Giuliano e Luan mais centralizados, como meia. A troca de posição entre todos era constante. O apoio dos laterais Galhardo e Marcelo Oliveira foi qualificado e fez parte do processo ofensivo.

Marcando bem adiantado e com uma atuação muito eficiente de seus volantes (em especial Walace), o Grêmio fez um jogo de meia-linha no primeiro tempo. A única conclusão de relativo perigo do Goiás foi um chute de longe de Patrick. De resto, foram só chances gremistas, mesmo que pela frente houvesse uma equipe muito fechada. Apesar disso, com movimentações surpreendentes vindas de trás, as chances apareciam. Numa delas, Mamute recebeu livre na área e isolou. Minutos depois, Galhardo é quem se desprendeu, fez bela tabelinha com Luan e deixou para Giuliano colocar justiça no placar.

Com Robert no lugar de Patrick, o Goiás voltou mais ofensivo e com nova postura do intervalo. Agora, Walace não precisava se preocupar apenas com Felipe Menezes, mas com outro meia. Isso obrigou o Grêmio a ficar mais atrás nos minutos iniciais, e a equipe esmeraldina, na pressão, conseguiu o empate - houve falta em Marcelo Grohe, mas o placar refletia o que era o começo da etapa final.

O Grêmio, porém, não sentiu o gol, e veio para cima. A entrada de Everton deu à equipe mais uma opção, já que Pedro Rocha era nulo no segundo tempo. Porém, o menino entrou muito mal tecnicamente: errando passes demais, tentando um drible a mais, tomando decisões equivocadas e precipitadas. Ainda assim, sua entrada inegavelmente coincidiu com a retomada do controle do jogo por parte do Tricolor. Não houve uma dominação tão forte quanto no primeiro tempo, mas a equipe gaúcha acabou o jogo melhor, bem melhor até. Por isso os dois pontos perdidos doem tanto: foram perdidos em apenas 7 minutos de começo de segundo tempo.

Ainda assim, foi uma boa estreia, apesar da decepção. O Grêmio "mordeu" como Roger prometia, sem precisar abusar das faltas para se impor. É claro que é preciso considerar que o Goiás costuma jogar fechado mesmo dentro de casa, é uma característica da equipe de Hélio dos Anjos não ser propositiva. Mas no caso de hoje não foi uma postura calculada: foi uma obrigação imposta por uma equipe dominadora, que só não saiu com a vitória por circunstâncias alheias.

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Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2015 - 4ª rodada
31/maio/2015
GOIÁS 1 x GRÊMIO 1
Local: Serra Dourada, Goiânia (GO)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Público: 3.859
Renda: R$ 131.155,00
Gols: Giuliano 35 do 1º; Rodrigo 7 do 2º
Cartão amarelo: Wesley e Marcelo Grohe
GOIÁS: Renan (6), Everton (4), Felipe Macedo (7) (Fred, 43 do 2º - sem nota), Alex Alves (5) e Rafael Forster (5); Péricles (5), Rodrigo (6), Patrick (5) (Robert, intervalo - 6) e Felipe Menezes (5); Erik (5) (Ruan, 36 do 2º - sem nota) e Wesley (5). Técnico: Hélio dos Anjos
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Galhardo (7) (Fellipe Bastos, 38 do 2º - sem nota), Geromel (6), Rhodolfo (7) e Marcelo Oliveira (7); Walace (7), Maicon (6), Giuliano (7) e Luan (7); Pedro Rocha (5) (Everton, 15 do 2º - 4) e Yuri Mamute (6) (Braian Rodríguez, 36 do 2º - sem nota). Técnico: Roger Machado

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