Insuficiente para o mínimo



O time atual do Grêmio está longe de ser dos melhores, mas uma coisa é certa: ele pode jogar mais do que jogou hoje no Couto Pereira. Na verdade, é praticamente impossível jogar menos. A atuação deste sábado foi insuficiente sob todos os aspectos: não foi capaz de segurar o ataque, não foi capaz de ganhar o meio nem de ameaçar de fato a defesa do Coritiba, que, apesar da vitória, segue sendo um time com sérias dificuldades. Operário-PR, Chapecoense e Fortaleza ofereceram muito mais resistência ao Coxa do que o Grêmio. Perdeu ao natural para um dos times que é, atualmente, um dos mais fracos da primeira divisão.

O time gremista do 1 ao 11 tem problemas técnicos, mas a atuação terrível, em especial no primeiro tempo, se deve a uma questão de postura. Claro que o Coxa é muito superior ao CRB, mas a postura do Grêmio deveria ser a mesma de Maceió, não só no Couto Pereira, mas contra qualquer adversário da Série A: jogar, propor o jogo, marcar adiantado, pegar firme. Ocorreu justamente o contrário: o time gaúcho não jogou, esperou o time da casa de forma medíocre, não o marcou corretamente e vazou preocupantemente quando apertado.

O primeiro gol do Coritiba surgiu aos 26 minutos. Não existia qualquer tipo de pressão do time da casa, mas bastou uma chegada um pouco mais consistente para que o sistema defensivo entregasse o ouro. Primeiro, uma jogada nas costas de Matías Rodríguez, mas por culpa de Walace, que não acompanhou Ruy, e dos dois zagueiros, mal posicionados e desatentos à chegada de Thiago Galhardo. No segundo, como Renato Cajá no domingo passado, um meia livre na frente da área, um rebote de Marcelo Grohe e o gol - desta vez numa lambança de Matías e Erazo.

Luiz Felipe não demorou a mexer. Colocou Yuri Mamute 30 segundos antes dos 2 a 0. O Grêmio não chegou a melhorar com a entrada de mais um atacante. Na verdade, hoje, ao contrário de quarta-feira, se notou uma equipe extremamente desorganizada. Isso fica visível nas tentativas de defesa e ataque: o Grêmio hoje se defendia sempre com menos gente do que deveria, e também apresentava inferioridade numérica nos ataques. Equipe espalhada, bagunçada. E muito apática, o que tem sido uma constante: no segundo tempo do Gre-Nal decisivo no Beira-Rio, o Tricolor teve uma chance de gol apenas. Hoje, contra o Coxa, que é bem mais fraco que o Inter, teve apenas três chegadas. A vitória paranaense nunca esteve ameaçada.

A defesa, antes ponto forte da equipe da Luiz Felipe, sofreu 8 gols nos últimos quatro jogos. O ataque, hoje com Mamute de volta, foi inoperante. O Grêmio precisa de Douglas: sem ele, o time é menos perigoso. Giuliano piora, o meio-campo perde qualidade. Falta também liderança: com Rhodolfo, isso se atenua um pouco, mas hoje a melancolia foi geral. Em 6 pontos contra Ponte Preta e Coritiba, o Grêmio deveria fazer ao menos quatro em condições normais. Tem apenas um, cedendo um empate inaceitável em casa para a Macaca e perdendo completamente ao natural no Couto Pereira. O cenário é relativamente grave, e exige que se repense imediatamente muita coisa no processo de trabalho.

O começo de campeonato não poderia ser pior. E é bom que ele esteja no começo, com 36 rodadas pela frente: assim, se visualiza muito claramente que há a necessidade de reforçar. Ainda assim, Luiz Felipe poderia e deveria estar fazendo mais e melhor com o que tem. O time que estava acertado no Gauchão foi revogado após o Gre-Nal quando não precisava. O que estamos vendo neste início de Brasileiro é o que vimos em fevereiro, no início do Gauchão: um treinador perdido, que tenta achar um time em meio à competição, e que usa jovens demais ao mesmo tempo, em vez de mesclá-los com os mais experientes. Claro, Braian não deu certo, Cebolla já se foi, mas, tirando os guris do ataque, é preciso repensar essa juventude extrema. Repensar enquanto ainda há tempo.

Em tempo:
- Felipão perdido, time sonolento... Até quando vai a paciência e a convicção no atual trabalho? A torcida, pelo visto, já começa a questionar o ídolo da casamata.

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Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2015 - 2ª rodada
16/maio/2015
CORITIBA 2 x GRÊMIO 0
Local: Couto Pereira, Curitiba (PR)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Público: 13.715
Renda: R$ 262.550,00
Gols: Thiago Galhardo 27 e Erazo (contra) 33 do 1º
Cartão amarelo: Ruy, Norberto, Marcelo Oliveira, Maicon e Geromel
CORITIBA: Bruno (7), Norberto (6), Leandro Almeida (6), Welinton (5,5) e Ivan (5,5); Hélder (6), João Paulo (6), Rosinei (6) (Fabrício, 44 do 2º - sem nota), Ruy (7) e Thiago Galhardo (7) (Wallyson, 47 do 2º - sem nota); Rafhael Lucas (6) (Negueba, 34 do 2º - sem nota). Técnico: Marquinhos Santos (6)
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Matías Rodríguez (4), Geromel (4), Erazo (4,5) e Júnior (5) (Yuri Mamute, 33 do 1º - 5,5); Walace (4,5) (Fellipe Bastos, 30 do 2º - 5), Marcelo Oliveira (5), Maicon (4,5) e Giuliano (4,5); Luan (5,5) e Pedro Rocha (5) (Everton, 18 do 2º - 4,5). Técnico: Luiz Felipe (3,5)

Comentários

Anônimo disse…
O Felipão levou quase o gauchão inteiro pra dar um formato e consistência a esse time, daí desfaz tudo em dois jogos, não dá pra entender. Contra o CRB até vá, por causa dos desfalques na frente e de saber que no pior dos casos haveria um segundo jogo, mas ontem foi incompreensível.

E a gente sabe do veto da fifa e da situação financeira, mas se ontem não deixou evidente que o time precisa de ao menos uns dois jogadores para serem titulares não sei mais o que vão esperar. A poção mágica, talvez.