Fim ou recomeço de festa?



O clima de baixo astral em Boedo era evidente no fim da tarde de hoje. Eliminado da Libertadores após uma constrangedora derrota em casa para o fraco Danubio, o San Lorenzo viu encerrar, dez dias atrás, um ciclo vitorioso que já durava quase dois anos, quando foi campeão argentino, sul-americano e vice mundial. Diante de um Nuevo Gasómetro mais vazio do que cheio, porém, o Ciclón iniciou sua nova etapa da melhor maneira possível: ganhando de um rival, no caso o Vélez, e encostando na liderança do Campeonato Argentino.

O elenco de Edgardo Bauza deve sofrer uma grande reformulação nas próximas semanas, mas o time que jogou hoje foi praticamente o mesmo da Libertadores. E o primeiro tempo foi digno de um campeão da América: diante do Vélez mais fraco dos últimos anos, o San Lorenzo se impôs e foi superior. Com Romagnoli comandando as ações ofensivas, a equipe da casa chegava com facilidade, especialmente através de Villalba, que infernizou o fraco Cardozo pelo lado direito de ataque, contando sempre com o eficiente apoio de Buffarini, mais uma vez o melhor jogador em campo.

Na primeira etapa, o que faltou à equipe da casa foi basicamente o gol. O San Lorenzo dominou o meio e propôs sempre as ações. O Vélez calculou isso, e ficou atrás também por tal motivo. Porém, foi na maior parte do tempo envolvido. Salvou-se com duas boas defesas de Aguerre e por conta da ótima partida que fez Pellerano na etapa inicial, evitando por várias oportunidades que a bola chegasse até Matos. No ataque, poucas chegadas. As únicas possibilidades vinham através do habilidoso e rápido Rolón, que deu trabalho a um Emanuel Más mais inseguro do que de hábito no primeiro tempo.

Se o 0 a 0 foi o lucro que o Vélez levou ao vestiário, no segundo tempo a história foi outra. Mais bem postada, a equipe de Miguel Ángel Russo passou também a jogar. Com a entrada de Grillo no lugar de Cardozo, as tramas de Villalba e Buffarini pela direita foram estancadas. Quando o jovem e promissor Delgadillo (estreou hoje na primeira divisão) entrou pela ponta esquerda, o time de Liniers passou a ter uma jogada forte por aquele flanco, em cima do lateral direito do Ciclón. Sem Romagnoli, como sempre substituído no segundo tempo, o San Lorenzo já não criava mais, nem tinha os lados para explorar. O Vélez não só tinha o jogo controlado como parecia mais perto de chegar ao gol que de sofrê-lo.

A história do jogo mudou exatamente por causa disso, e o sintoma foi a construção da jogada que decidiu a partida: foi num contra-ataque rápido, que surgiu após Caruzzo salvar na pequena área uma chance clara que teria Pavone. Só contra-ataca quem está recuado, e era assim que o San Lorenzo estava postado, diante da superioridade tática de seu adversário. Na jogada, Villalba foi derrubado violentamente por Romero, muito bem expulso da partida. Na cobrança de Barrientos, gol de Caruzzo. Com um a menos, ficava difícil para o Vélez reagir. Ainda assim, reagiu: o empate teria sido o mais justo, não fosse Pablo Lunati ignorar um pênalti claro de Torrico em Asad, aos 43 minutos.

O San Lorenzo, portanto, não fez uma grande partida. Longe disso: teve um bom primeiro tempo, mas escapou de um resultado pior no segundo. Ainda assim, venceu, e isso é o que mais importa. Não apenas por encostar em Boca e River, que também têm 24 pontos e se enfrentam amanhã na Bombonera, mas para iniciar bem sua nova fase, seu novo momento que viverá a partir de agora. Já o Vélez, com apenas a metade desta pontuação e se revolvendo num modestíssimo 19º lugar, segue em busca de dias melhores.

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Ficha técnica
Campeonato Argentino 2015 - 11ª rodada
2/maio/2015
SAN LORENZO 1 x VÉLEZ SARSFIELD 0
Local: Nuevo Gasómetro, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Pablo Lunati (ARG)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gol: Caruzzo 37 do 2º
Cartão amarelo: Buffarini, Yepes, Caruzzo, Ortigoza, Aguerre, Cardozo, Pellerano, Villalba (VEL), Amor e Cubero
Expulsão: Romero 36 do 2º
SAN LORENZO: Torrico (6), Buffarini (7), Caruzzo (6,5), Yepes (5,5) e Más (5); Mercier (5,5), Ortigoza (6,5) e Romagnoli (6) (Ávila, 23 do 2º - 5,5); Villalba (6,5), Matos (5,5) (Cauteruccio, 9 do 2º - 5) e Blanco (5,5) (Barrientos, 27 do 2º - 6). Técnico: Edgardo Bauza (6)
VÉLEZ SARSFIELD: Aguerre (6), Cubero (6), Amor (5,5), Pellerano (6) e Cardozo (4) (Grillo, intervalo - 5,5); Somoza (5), Romero (5), Rolón (6) (Compagnucci, 38 do 2º - sem nota) e Villalba (5,5) (Delgadillo, 10 do 2º - 6); Asad (6) e Pavone (5). Técnico: Miguel Ángel Russo (5,5)

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