De todo modo, uma bela história

Embora Internacional e Grêmio tenham um potencial de investimento léguas à frente de todos os times do interior somados, Diego Aguirre e Luiz Felipe merecem o título gaúcho da temporada. Ambos passaram por inúmeros percalços até chegar a esta decisão, e aquele que perder talvez comece a rever os velhos fantasmas logo após o Gre-Nal de hoje. Aquele que sair vitorioso do clássico, porém, terá uma bonita história para contar deste Gauchão.

É verdade que o estadual está longe de ser a prioridade colorada, mas sua conquista será a plena afirmação do uruguaio no comando do Inter. Como todo estrangeiro, foi visto com desconfiança inicial, inclusive por parte do presidente do clube. Os resultados não vieram de primeira, os desempenhos foram ruins em boa parte deste semestre, mas aos poucos as coisas foram entrando nos eixos. Sempre fiel às suas convicções, jamais teve medo de ser demitido, embora a pressão fosse sempre lembrada. Implantou um rodízio que o fez, para muitos, parecer perdido diante de tantas opções que o elenco oferecia. Mas foi aí que ele ganhou o grupo e o respeito de todos, acumulando bons resultados até chegar ao Gre-Nal decisivo.

A história de Felipão, então, é bem mais melodramática. O enredo é fácil, batido, mas não por isso menos belo: o técnico que virou vergonha nacional ao comandar o Brasil em seu maior vexame na história consegue abrigo no único lugar onde poderia se refugiar e dar a volta por cima: seu clube do coração, o qual não conquista nada há cinco anos e há 14 anos não levanta nenhuma taça realmente relevante. Juntos, ambos superam um rival mais encorpado, com um grupo numeroso, e fora de casa. A partir dessa união, voltam a sorrir e comemorar.

A tarde, portanto, define apenas o campeão gaúcho, o título menos importante de todo o calendário, mas ainda assim uma disputa cheia de significado. O estadual que é a Copa do Mundo do Grêmio, mas também pode ser o do primeiro penta do Inter em mais de 40 anos. O certame da torcida mista, de direções que dialogam como há tempos não víamos, e que acaba hoje com um técnico estrangeiro tentando fazer história e um técnico com história tentando dar sua volta por cima particular. A história está aí para ser escrita, mas uma certeza já temos: ela será bela como poucas vezes já vimos nesse campeonato que pouco tem de charmoso, embora tenha ganhado em significado neste começo de temporada.

Com que time?

Freitas ou Valdívia, eis o grande mistério colorado. Apostaria no segundo: o Grêmio certamente virá resguardado, chamando o Inter para o jogo, e Valdívia é peça fundamental para a criação colorada. Com Freitas, o meio ganharia em robustez, mas o jogo ficaria truncado. O uruguaio fez sentido no primeiro da Arena, com pressão gremista. Hoje, é dispensável, pelo menos de início.

Dia de taças

Em Rio, São Paulo e Ceará, vantagens pequenas de Vasco, Palmeiras e Fortaleza sobre Botafogo, Santos e Ceará. Em Minas, o Atlético-MG tenta evitar que a Caldense se sagre campeã estadual invicta, uma façanha e tanto para um time interiorano. Em Santa Catarina e Pernambuco, cenário idêntico ao do Gre-Nal, com equilíbrio total entre Joinville e Figueirense, Santa Cruz e Salgueiro. Em Goiás, vantagem larga dos esmeraldinos diante da Aparecidense. E na Bahia e no Paraná, os gigantes Bahia e Coritiba tentam complicadas reversões diante de Vitória da Conquista e Operário. É o domingo final dos estaduais no Brasil, o dia mais recheado de taças erguidas do nosso futebol ano após ano.