Antes e depois do exagero de Ricci



Juiz brasileiro na Copa do Mundo de 2014, Sandro Meira Ricci faz uma Libertadores bem infeliz. Depois de expulsar Emerson Sheik de forma exagerada no começo do jogo entre Corinthians e São Paulo e estragar o clássico do Timão, o árbitro repetiu a dose nesta quinta, desta vez com o Racing. A expulsão do zagueiro Lollo foi um grande exagero, e mudou completamente os rumos de uma partida que era bem equilibrada até então no Defensores del Chaco.

O Racing mostrou ter aprendido com os erros da primeira fase. Em vez de só esperar o Guaraní, como fez e levou 2 a 0, a Academia entrou propositiva em Assunção. Contando com o apoio de sua barulhenta torcida, impôs seu melhor futebol ao Guaraní em boa parte do primeiro tempo. Armados no seu tradicional 3-6-1, os paraguaios não podiam usar os meias Benítez e Contrera como pontas, como tanto gosta o técnico Fernando Jubero, pois havia muita gente a quem marcar.

Em nenhum momento da primeira etapa o Guaraní dominou o jogo. Ao contrário: contando com Bou inspirado, era o time argentino que mais levava perigo quando tinha a bola. A partida era equilibrada, de meio de campo, com poucas chances, muito truncada, até o cartão vermelho aplicado a Lollo, aos 41 minutos, por uma suposta cotovelada que ele mal chegou a esboçar. A partir daquele lance, o jogo mudou completamente de figura.

O curioso é que Diego Cocca não pôs um zagueiro de cara, tampouco no intervalo. Apostou, ousadamente, em manter Diego Milito ao lado de Bou para tentar um gol cedo e, aí sim, se fechar. O Racing criou duas grandes chances logo após os 15 minutos de parada, mas logo teve de se retrair. Para entrar Voboril na recomposição defensiva, Milito teve de sair. Ali ficava claro o que Cocca queria: segurar o empate, que era o que podia seu time, e sem seu principal líder dentro de campo. O Guaraní, claro, veio para a pressão.

Ainda assim, o time paraguaio quase nunca chegou a invadir a área argentina. O Racing se protegeu muito bem sempre, com Videla, Cerro, Camacho e Díaz formando uma segunda linha de quatro à frente da defesa que impedia qualquer abastecimento a Santander. Restavam, então, os chutes de fora da área. Palau tentou três, Mendoza levou perigo noutro, mas foi Benítez quem conseguiu furar o bloqueio. Por melhor que tenha se defendido o Racing, era difícil mesmo segurar 45 minutos de puro ferrolho.

O Guaraní mostrou mais uma vez que merece todo o respeito de qualquer equipe da Libertadores. Em seu terceiro jogo no mata-mata, venceu o terceiro, e sem sofrer gols. Vai a Avellaneda com chances. Mas o Racing ainda é mais time, e, apesar do resultado ruim, fez uma partida taticamente superior. Superou-se na busca de um empate que só escapou por conta de um exagero da arbitragem. Trata-se de um dos times mais focados a ganhar a Libertadores, e fará do Cilindro um inferno na semana que vem. É mais um mata-mata cujo favorito terá de reverter o 1 a 0 dentro de casa. As quartas de final pegam fogo.

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Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2015 - Quartas de final - Jogo de ida
21/maio/2015
GUARANÍ 1 x RACING 0
Local: Defensores del Chaco, Assunção (PAR)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (BRA)
Público: 15.000
Renda: não divulgada
Gol: Benítez 39 do 2º
Cartão amarelo: Maldonado, Palau, Benítez, Cerro, Bou, Cabral e Videla
Expulsão: Lollo 41 do 1º
GUARANÍ: Aguilar (6,5), Patiño (5,5) (Ocampo, 39 do 2º - sem nota), Cáceres (6,5) e Maldonado (6); De La Cruz (6), Palau (7), Mendoza (6), Benítez (6,5) (Juan Aguilar, 42 do 2º - sem nota), Contrera (5,5) (Fernández, 24 do 2º - 5,5) e Bartoméus (6); Santander (6). Técnico: Fernando Jubero (6)
RACING: Saja (5,5), Pillud (6), Lollo (5,5), Cabral (6) e Grimi (5,5); Videla (6) (Acevedo, 28 do 2º - 5,5), Cerro (6), Díaz (5,5) e Camacho (5,5) (Acuña, 24 do 2º - 5,5); Bou (6) e Diego Milito (5,5) (Voboril, 9 do 2º - 6). Técnico: Diego Cocca (6)

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