A diferença está nas individualidades

Bayern iniciou o jogo no 3-5-2 e foi dominado
Apesar da derrota de 3 a 0 do seu Bayern para o Barcelona, não é exagero nem absurdo dizer que Pep Guardiola não levou desvantagem em relação a Luis Enrique no duelo tático de hoje à noite no Camp Nou. Afinal, durante boa parte do jogo, em especial no segundo tempo, os alemães tiveram o jogo sob controle. O que desempatou o duelo foram as individualidades: a falta delas do lado bávaro e um Messi ainda mais inspirado do que de costume pelos catalães. O desequilíbrio foi tanto que o confronto, já no jogo de ida, está muito perto de uma definição.

Famoso por nunca mudar a postura de sua equipe tanto dentro como fora de casa, Guardiola talvez pudesse ter ousado mais na escalação. Se não tinha Robben e Ribéry, e ambos fazem muita falta a qualquer elenco do mundo, a entrada de Götze, como nos 6 a 1 sobre o Porto, era imperiosa para que o Bayern pudesse também jogar no Camp Nou, em vez de apenas esperar o Barça. Mas não: Pep montou seu time de início num 3-5-2 que não deu certo. Em 14 minutos, o time da casa criou três chances claras. Aí, a equipe bávara voltou ao 4-4-2 (Rafinha saiu da zaga pela esquerda à lateral direita, Thiago Alcântara saiu da ala direita para a ponta esquerda, entre outras mexidas) e passou a equilibrar as ações.

Passada a pressão inicial, o Barcelona seguiu propondo o jogo, mas nunca chegou a fazer uma grande partida em termos coletivos. Neymar, preso na ponta esquerda, era pouquíssimo acionado, embora Messi, Suárez, Rakitic e Iniesta se encontrassem o tempo todo, com o bom apoio de Daniel Alves e Jordi Alba pelos lados. Porém, com Lahm, Schweinsteiger e Xabi Alonso marcando, o Bayern era seguro atrás e mantinha também a posse sob seu domínio, correndo poucos riscos. O duelo pela bola, que acabou em 52% a 48% para o Barcelona, foi sempre equilibrado, apesar dos inúmeros desfalques alemães.

No segundo tempo, Neymar melhorou e entrou no jogo, mas foi o que de melhor teve o Barcelona na volta do intervalo. Guardiola aproveitou o intervalo melhor que Luis Enrique: o Bayern encaixou a marcação, manteve a posse de forma mais ofensiva e correu menos riscos. Até Messi entrar em cena, claro, aos 31 minutos.
Aos 20 minutos, Guardiola muda o esquema e equilibra o jogo

Quando o argentino fez 1 a 0, em boa roubada de Daniel Alves no ataque, o Bayern tinha o jogo à feição, e parecia perto de levar o empate para Munique. O gol atordoou os normalmente frios alemães. E ainda que tenha sabido aproveitar a ocasião para se impor e definir a parada, o Barcelona só chegou aos outros dois gols em iniciativas individuais do seu maior craque. No 2 a 0, deixou o excelente Boateng sentado no chão e encobriu o melhor goleiro do mundo como se estivesse em uma pelada com amigos em Rosário. No terceiro, exibiu toda sua categoria e visão de jogo ao deixar Neymar livre para deslocar Neuer.

É verdade que o jogo não foi para 3 a 0, que o Bayern não tinha seus dois maiores craques, mas o fato é que o Barcelona confirmou hoje, com um excepcional placar, que é o melhor time da Liga dos Campeões, e o principal candidato a conquistá-la. Triturou Manchester City e PSG com quatro vitórias nos mata-matas anteriores e praticamente define as semifinais nos 90 minutos do Camp Nou. O trio sul-americano de ataque é imparável, de qualidade quase sem precedentes. Antes mesmo de o jogo de hoje ocorrer, o Barça já detinha certo favoritismo, por mais forte que seja o Bayern. Agora, com este 3 a 0, será uma grande surpresa se não for à decisão - até porque, com Messi, Suárez e Neymar, é raro não fazer um gol, e com unzinho os alemães já terão de marcar cinco. Na verdade, só Messi já parece suficiente para classificar o Barcelona. Hoje, ganhou o jogo praticamente sozinho.

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Ficha técnica
Liga dos Campeões da Europa 2014/15 - Semifinal - Jogo de ida
6/maio/2015
BARCELONA 3 x BAYERN MÜNCHEN 0
Local: Camp Nou, Barcelona (ESP)
Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA)
Público: 95.369
Renda: não divulgada
Gols: Messi 31 e 34 e Neymar 48 do 2º
Cartão amarelo: Daniel Alves, Piqué, Neymar, Benatia e Bernat
BARCELONA: Ter Stegen (6), Daniel Alves (7), Piqué (6), Mascherano (6,5) (Bartra, 43 do 2º - sem nota) e Jordi Alba (7); Busquets (6), Rakitic (7) (Xavi, 35 do 2º - sem nota) e Iniesta (6,5) (Rafinha, 41 do 2º - sem nota); Messi (9), Suárez (6,5) e Neymar (7). Técnico: Luis Enrique (6,5)
BAYERN MÜNCHEN: Neuer (7), Boateng (5), Benatia (5,5) e Rafinha (5); Thiago Alcântara (5,5), Xabi Alonso (5), Lahm (5), Schweinsteiger (5,5) e Bernat (5); Müller (6) (Götze, 33 do 2º - 5) e Lewandowski (4,5). Técnico: Pep Guardiola (5,5)

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