The lampions
O Nordeste brasileiro terá apenas um time na primeira divisão deste ano, mas possui, sem dúvida, o torneio mais interessante do país no primeiro semestre. A começar pelo fato de, apenas para trazer só um dado isolado, nenhuma final de campeonato estadual chegará aos 64 mil torcedores que Ceará e Bahia alcançaram ontem em Fortaleza. Um fim digno de um torneio bem mais atraente que qualquer outro de nível não-nacional na atualidade.
É verdade que a Copa do Nordeste já faz parte da cultura da região, e é valorizada também porque seus clubes possuem dificuldades de obter conquistas em nível nacional. Nada disso, porém, diminui o sucesso que foi o torneio deste ano. Porque embora ele seja o torneio possível de se conquistar fora do âmbito do próprio estado para clubes como o próprio Ceará, ele faz sucesso porque nivela por cima o começo de ano de seus participantes, e não por baixo.
O sucesso de público é a prova. O Bahia lotou a Fonte Nova na semifinal, diante do Sport, e na primeira partida da decisão. Os 64 mil torcedores de ontem representam o maior público da história do novo Castelão, uma arena que recebeu dois jogos do Brasil na Copa do Mundo, um deles nas quartas de final.
O resto do Brasil, incluindo (e talvez principalmente) todo o Sul e Sudeste, precisa aprender com o Nordeste. O seu exemplo é o melhor que temos na atualidade de como tornar o começo de ano interessante, competitivo, e não cheio de jogos insignificantes por campeonatos deficitários e intermináveis, seja para os grandes como para os pequenos clubes brasileiros.
Valmir Louruz
Tive a honra de conhecê-lo pessoalmente no ano passado, durante um seminário sobre racismo no futebol. Uma pessoa que, de cara, vemos que é simples, correta, humilde no melhor dos sentidos. O maior técnico da história do interior gaúcho, que formou os dois times de maior sucesso nacional neste âmbito: o Brasil de 1985 e o Juventude de 1999. E que nos deixa muito, muito cedo, apenas aos 71 anos, e de uma hora para outra. Vá em paz, Seu Louruz.
Comentários