Para quem ficou melhor?

Ficou tudo para o Santiago Bernabéu. O 0 a 0 do jogo de ida entre Atlético de Madrid e Real Madrid não define nem dá vantagem para absolutamente ninguém na abertura das quartas de final da Liga dos Campeões. Se a equipe de Diego Simeone jogava em casa, e por isso talvez devesse vencer, convém lembrar que se trata de um clássico, e de que o empate sem gols é um resultado bem razoável neste tipo de circunstância. Difícil saber quem vai se sobressair na próxima quarta.

O Real Madrid dominou o primeiro tempo. Ao contrário dos últimos clássicos, nos quais se submeteu a um Atlético muito mais decidido, desta vez a equipe de Carlo Ancelotti portou-se como protagonista das ações. Isso significa jogar com a linha defensiva adiantada, apanhando a maioria dos rebotes no meio e tirando do rival qualquer alternativa em velocidade. A marcação sob pressão forçava erros. No primeiro deles, Godín furou e Bale entrou livre, obrigando Oblak, o nome da primeira etapa, a uma extraordinária defesa.

O time visitante foi o dono das ações, especialmente a partir do ótimo trio formado por Kroos, Modric e James Rodríguez, que ditavam o ritmo da partida. O que faltou para chegar ao gol foi uma jornada um pouco mais inspirada dos atacantes. Bale até começou bem, mas aos poucos foi sendo controlado. Cristiano Ronaldo, na outra ponta, era bem marcado por Juanfran. Pelo meio, Benzema foi o pior de todos. Em duas oportunidades claras de marcar, preferiu o passe ao invés do chute. Foi também por isso que o Real Madrid, embora tenha dominado a etapa inicial quase que inteira, tenha ficado cerca de 20 minutos sem concluir com perigo.

O Atlético jogou no erro rival no primeiro tempo, mas a estratégia não funcionou. Primeiro, porque raramente a defesa merengue tinha a bola lá atrás, já que atuava adiantada. Segundo, porque o próprio meio-campo foi submetido ao do Real. A postura deveria obrigatoriamente outra para o segundo tempo, e o papo de Simeone no intervalo foi bom. Ligado como nos clássicos mais recentes, o time alvirrubro voltou pressionando, jogando em velocidade e de forma extremamente objetiva, suas melhores características. Boa parte disso parte pela melhora considerável da atuação de Turan como meia pela direita. Pela esquerda, Koke não foi bem e acabou bem substituído, embora tardiamente. Já Griezmann, que fazia ótima partida, poderia ter prosseguido na equipe - saiu antes de Koke, inclusive, um erro de Simeone.

O segundo tempo não foi de domínio do Atlético de Madrid, não houve a superioridade que no primeiro o seu rival teve, mas foi mais o jogo do Atlético que do Real. Simeone, portanto, conseguiu reverter a vitória tática que Ancelotti vinha obtendo, e conseguiu assim manter o duelo indefinido. Porque por mais que qualquer vitória em casa classifique o atual campeão europeu, é totalmente plausível o Atlético ir ao Santiago Bernabéu e conquistar um empate com gols. A qualidade do time, os duelos recentes e o fato de ser um clássico são motivos que pesam bastante.

Em tempo:
- Atuação soberba de Varane, o melhor em campo, superior até mesmo a Oblak. Soberano por cima e por baixo, implacável no combate a Mandzukic e veloz como nenhum outro zagueiro tem sido na Europa em tempos recentes. Chegou a fazer grande jogada como lateral direito no primeiro tempo. Pepe não é reserva por acaso.

- O Atlético não toma gols no Vicente Calderón na Liga dos Campeões há 693 minutos, quase 12 horas de futebol. O último foi na goleada de 4 a 1 sobre o Milan, pelas oitavas de final do ano passado. É dificílimo eliminar times que não tomam gol em casa quando há saldo qualificado.

- Juventus um pouco mais perto da vaga ao bater o Monaco por 1 a 0. Pode ser a primeira semifinal dos italianos desde 2003.

Ficha técnica
Liga dos Campeões da Europa 2014/15 - Quartas de final - Jogo de ida
14/abril/2015
ATLÉTICO DE MADRID 0 x REAL MADRID 0
Local: Vicente Calderón, Madrid (ESP)
Árbitro: Milorad Mazic (SER)
Público: 52.553
Renda: não divulgada
Cartão amarelo: Mandzukic, Raúl Garcia, Suárez, Sergio Ramos e Marcelo
ATLÉTICO DE MADRID: Oblak (7,5), Juanfran (6,5), Miranda (6), Godín (6) e Guilherme Siqueira (6); Suárez (4,5), Gabi (5,5), Turan (6) e Koke (5) (Fernando Torres, 37 do 2º - sem nota); Griezmann (6,5) (Raúl Garcia, 31 do 2º - 5,5) e Mandzukic (5). Técnico: Diego Simeone (5,5)
REAL MADRID: Casillas (6), Carvajal (6) (Arbeloa, 39 do 2º - sem nota), Varane (8), Sergio Ramos (6,5) e Marcelo (6); Kroos (6), Modric (6,5) e James Rodríguez (6,5); Bale (6), Benzema (4,5) (Isco, 30 do 2º - 5) e Cristiano Ronaldo (5,5). Técnico: Carlo Ancelotti (6,5)

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