Os irônicos treinos de sexta

Grêmio e Internacional certamente entrarão com tudo no clássico de domingo, mas o modo como ambos procedem antes da decisão é bem diferente, embora não totalmente oposto. De um lado, a extrema concentração gremista, que fala pouco, trabalha muito e não faz questão alguma de esconder o time. Do outro, o mistério colorado, que aproveita o ensejo de duas competições concorrentes no tempo para deixar em dúvida quase que a totalidade de sua escalação para o final de semana. Ambas são estratégias válidas, adequada ao momento diferente que cada um vive na temporada.

Hoje, as disparidades de abordagem que os dois rivais fazem antes do jogo chegou a níveis extremos, com uma boa dose de ironia. No CT Luiz Carvalho, atividade fechada. Mistério? Nada disso. Ao menos é o que garante Felipão, que tratou de dizer na entrevista coletiva que o time será o mesmo que bateu o Juventude no último sábado. Não há mesmo grandes espaços para mudanças no Grêmio, que se encontrou e cresceu na atual formação. A entrada de Walace, que chegou a ser ventilada, se ocorrer, será opção para segundo tempo, dependendo das circunstâncias do jogo.

Ao contrário do que ocorreu no Humaitá, o treino de hoje no Parque Gigante foi aberto, o que significa... mais mistério ainda. A atividade não indicou time, e Diego Aguirre fez questão de nutrir o esconde-esconde pré-Gre-Nal em sua coletiva. Quem pode jogar? Basicamente, todo mundo: tirando os lesionados Léo, Cláudio Winck, Jorge Henrique, Réver e Nílton, todos têm chances. Lisandro López não jogará, também não se recuperará a tempo, mas ninguém confirmará isso antes de domingo. Tudo em nome da incerteza, para confundir o lado azul.

Em determinado momento da atividade de hoje, Alex, Vitinho, Anderson e Rafael Moura trabalharam juntos. Talvez aí esteja uma pista para o Gre-Nal, e uma pista quente: nenhum deles jogou contra o Strongest e todos estão 100% fisicamente, condições valorizadas por Aguirre. O treinador uruguaio dificilmente colocará D'Ale e Alex juntos. Lisandro, estando fora, dá chance a He-Man. Valdívia jogou mais de 70 minutos contra os bolivianos, Nilmar também. Talvez seja por aí mesmo o time que pinta para domingo, acrescido de Alisson, William, Alan Costa, um outro zagueiro que jogou quarta (aposto em Paulão), Alan Ruschel, Freitas e Rodrigo Dourado, que poderia ter de jogar de novo para suprir a ausência de Nílton. No banco, aí sim, opções de alto nível, com nomes como Aránguiz, D'Alessandro, Valdívia e Nilmar, por exemplo.

O único mistério azul, por sua vez, é o aproveitamento ou não de Cristian Rodríguez. É difícil dizer ao certo, pois mais de uma vez o uruguaio parecia pronto para retornar e acabou não conseguindo. Mas, se tivesse de apostar, jogaria que Cebolla será opção no banco. E que bom para o Grêmio que ele volte justo num Gre-Nal, jogo onde é preciso experiência e personalidade.

O que fica claro é que o Grêmio está extremamente concentrado para o clássico, mais focado até do que o próprio Internacional, por ter tido uma semana inteira para trabalhar. A hospitalização de Fábio Koff, além de dar um combustível a mais, ajuda a desviar o noticiário azul do clima pré-jogo, e olha que ele já vem sendo discreto. O Grêmio está quieto; o Inter, por conta de suas variantes e do mistério que vem criando, é muito mais notícia atualmente. E estar calado em semana que antecede clássicos é raro, mas quase sempre positivo.

O respeito, porém, vem de ambos os lados. Nada de falastronice, desrespeito ou provocações de dirigentes ou jogadores. Ainda bem.

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