O time do Aguirre deu show



Diego Aguirre tem o grupo do Internacional nas mãos. O que já era nítido com a boa aceitação dos jogadores em relação ao rodízio promovido no Gauchão ficou escancarado ontem, após a consagradora goleada de 4 a 0 sobre a Universidad de Chile, no histórico Estádio Nacional de Santiago. Além da atuação taticamente perfeita do Colorado, derramaram-se elogios sobre como o revezamento adotado pelo técnico no Gauchão é bom para todos e funciona na prática. D'Alessandro, que saiu irritado de campo, foi o primeiro a desmentir que os brados fossem contra a substituição, fazendo os devidos elogios pela medida. Às vezes não entendemos conceitos novos trazidos por um treinador de fora, mas se tivermos paciência e humildade para aceitá-los, podemos aprender muito com eles - muitos que defendem os técnicos estrangeiros se esquecem disso na prática, na primeira dificuldade.

E que jogo melhor haveria para o Inter fazer sua grande partida em 2015? Além de ser uma peleja importante da Libertadores, fora de casa, num caldeirão com cerca de 25 mil chilenos, foi o jogo no qual atuou o time resultante de todo o mês exclusivo de Gauchão. Aguirre disse, segunda-feira, que a melhor equipe possível do Colorado neste momento era a que entraria em campo diante de La U. Eu tive dúvidas, e o amigo colorado que me lê seguramente também estranhou que nomes trazidos no começo do ano para titularidade não fossem escalados - alguns sequer viajaram. E foi justamente este time, o time 100% saído da cabeça do técnico uruguaio, e só da dele, o responsável pelo massacre.

O placar é estrondoso, mas, como disse Nilmar, ainda mais importante que a goleada foi a postura do Internacional, portando-se como protagonista desde o primeiro minuto, ignorando o estádio barulhento que lhe pressionava. A Universidad de Chile chegou a este jogo como lanterna, mas paradoxalmente como time em ascensão: vinha de três vitórias em seu campeonato nacional e com a expectativa de, vencendo seus dois jogos, se classificar sem depender dos demais.

É importante analisar o adversário, e desta vez ainda mais, pois se não fossem erros crassos de La U o Inter também não teria goleado. E é fundamental ressaltar este clima pré-jogo, pois ele explica o que ocorreu dentro dele. Diante de toda essa expectativa por uma recuperação na Libertadores, Johnny Herrera falha grotescamente e Nilmar faz 1 a 0, aos 9 minutos. Foi um balde de água fria tão forte que nem o fato de o estádio ter ignorado a desvantagem súbita e gritado ainda mais alto em apoio serviu para mobilizar a equipe de Lasarte. O Colorado aproveitou a fragilidade psicológica chilena para ampliar logo depois, em novo lance de Nilmar, por Eduardo Sasha. E fez o terceiro, e definitivo, aos 31, em nova falha terrível da zaga chilena aproveitada pelo imparável centroavante colorado.

O segundo tempo tendia a ser monótono, mas foi movimentado porque a Universidad de Chile seguiu se jogando para cima, sem medo de ser impiedosamente goleada. Cada ataque seu equivalia a um contragolpe mais perigoso do Internacional. Num deles, Nilmar sofreu falta fora da área, marcada erroneamente como pênalti. D'Alessandro perdeu sua terceira cobrança no ano - parece que levou anos até os goleiros perceberem que ele bate sempre no canto esquerdo. Mas Valdívia fez o quarto, por entre as pernas do péssimo Johnny Herrera.

O Inter deu show, mas não um massacre técnico, de imposição. Foi um show de eficiência, de quem aproveitou cirurgicamente as oportunidades criadas em erros do adversário. A goleada respalda Aguirre muito mais do que qualquer vacilante discurso presidencial. Ela também praticamente garante não apenas a classificação para a segunda fase, como também a liderança. Um empate em casa com o Strongest assegura a conquista de ambos objetivos.

Em tempo:
- Como ficam Réver, Nilton, Freitas, Anderson, Vitinho e outros tantos preteridos tecnicamente ontem? Na mesma: se melhorarem, jogam. Se não, seguem fora do time. Diego Aguirre não tem medo de pôr em prática o velho discurso dos treinadores brasileiros de que "joga quem estiver melhor", embora isso normalmente não ocorra.

- O Carta na Mesa de ontem está disponível para download.

Ficha técnica
Copa Libertadores da América - 1ª fase - Grupo 4 - 5ª rodada
16/abril/2015
UNIVERSIDAD DE CHILE 0 x INTERNACIONAL 4
Local: Nacional, Santiago (CHI)
Árbitro: Silvio Trucco (ARG)
Público: 25.000
Renda: não divulgada
Gols: Nilmar 9, Eduardo Sasha 12 e Nilmar 31 do 1º; Valdívia 12 do 2º
Cartão amarelo: Corujo, Espinoza, Valdívia e Eduardo Sasha
UNIVERSIDAD DE CHILE: Herrera (3), Corujo (4,5), González (4), Rojas (4) e Magalhães (4) (Ortiz, 36 do 1º - 4,5); Pereira (3,5), Martínez (4,5) (Espinoza, 21 do 2º - 5,5) e Maxi Rodríguez (5,5) (Benegas, 21 do 2º - 4,5); Ubilla (5), Canales (4) e Lorenzetti (4,5). Técnico: Martín Lasarte (3,5)
INTERNACIONAL: Alisson (6), Ernando (6), Juan (6) (Réver, 14 do 2º - 5,5), Alan Costa (6,5) e Géferson (6); Rodrigo Dourado (6,5), Aránguiz (6,5), D'Alessandro (6,5) (Alex, 28 do 2º - 5,5), Eduardo Sasha (7,5) e Jorge Henrique (6) (Valdívia, intervalo - 7); Nilmar (8,5). Técnico: Diego Aguirre (8,5)

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