O castigo que vem no fim



Pode-se dizer que o destino é cruel com o Atlético de Madrid. Ser eliminado duas vezes nas últimas duas Ligas dos Campeões pelo maior rival nos últimos minutos de jogo é realmente duro de aguentar. Mas desta vez, ao contrário do ano passado, o time de Diego Simeone não foi injustiçado. A classificação fez jus à única equipe que propôs jogo nos 180 minutos de combate das quartas de final. O Real Madrid, com todos os desfalques que sofreu na última semana, mereceu a vaga para as semifinais.

Carlo Ancelotti foi para a decisão de hoje sem Modric, Benzema e Bale, três titulares importantíssimos. Diante de tantos problemas, sua ideia foi mexer o mínimo possível na estrutura do time. O esquema tático foi mantido, e o posicionamento de Kroos e Cristiano Ronaldo também. Por mais que Sergio Ramos fosse talvez uma opção mais adequada para ser o primeiro volante, a aposta foi nele como meia direita, com a manutenção do alemão à frente da zaga. O único deslocado foi James Rodríguez, que passou da meia esquerda para a ponta direita - botar Ramos de meia canhoto seria demais.

Mesmo tão descontado, o Real Madrid mandou no jogo o tempo todo. Não fez uma grande partida, dificilmente poderia numa situação dessas. O que pesou para o domínio total do time da casa foi a postura excessivamente cautelosa do Atlético. Simeone montou seu time num 4-1-4-1 fechado, até mais do que deveria. Seu maior erro, porém, foi colocar o novato Saúl em vez do experiente Gabi no meio. Num jogo deste porte e de tanto contato físico, teria sido uma opção mais adequada.

Desde o início da noite, Chicharito Hernández dava a pinta de que seria o herói. Sub-aproveitado o ano todo, o mexicano se esforçava como nunca, se debatia em busca da bola. James Rodríguez, mais uma vez, foi o grande centro criativo da equipe merengue, mesmo deslocado pela ponta. Foi dele a jogada que culminou no gol, aos 43 do segundo tempo, que passou também por Cristiano Ronaldo, hoje abaixo do que pode, mas ainda assim de boa presença.

O Real Madrid não jogou grande futebol em nenhum dos dois jogos, mas superou o Atlético com total justiça. Hoje, é verdade, só chegou ao gol depois de ter um homem a mais, mas o fato é que mereceu - até porque a expulsão de Turan foi correta. Ao time de Simeone, faltou o que sobrou em toda sua trajetória nos últimos três anos: coragem e destemor para agredir o maior rival, e não se limitar a ficar resguardado. A confiança que sobrou nos duelos pela Supercopa, Liga Espanhola e Copa do Rei parece ter faltado desta vez.

Na outra semifinal, a Juventus sofreu mais do que sua superioridade técnica sobre o Monaco, mas volta às semifinais depois de 12 anos. É a intrusa entre os três gigantes europeus da atualidade.

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Ficha técnica
Liga dos Campeões da Europa 2014/15 - Quartas de final - Jogo de volta
22/abril/2015
REAL MADRID 1 x ATLÉTICO DE MADRID 0
Local: Santiago Bernabéu, Madrid (ESP)
Árbitro: Felix Brych (ALE)
Público: 78.300
Renda: não divulgada
Gol: Hernández 43 do 2º
Cartão amarelo: Pepe, Arbeloa, Raúl García e Koke
Expulsão: Turan 30 do 2º
REAL MADRID: Casillas (6), Carvajal (5,5), Pepe (6), Varane (6,5) e Fábio Coentrão (6) (Arbeloa, 46 do 2º - sem nota); Kroos (6), Sergio Ramos (6) e Isco (6,5) (Illarramendi, 48 do 2º - sem nota); James Rodríguez (6,5), Hernández (7) (Jesé, 46 do 2º - sem nota) e Cristiano Ronaldo (6). Técnico: Carlo Ancelotti (6)
ATLÉTICO DE MADRID: Oblak (7), Juanfran (6), Miranda (6), Godín (5,5) e Gámez (6); Tiago (6) (Giménez, 40 do 2º - sem nota), Koke (5,5), Saúl (4,5) (Gabi, intervalo - 5), Turan (4,5) e Griezmann (5) (Raúl García, 19 do 2º - 4,5); Mandzukic (4,5). Técnico: Diego Simeone (4,5)

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