Impressões mineiras

Desde que programei minha viagem a Belo Horizonte, conhecer o Mineirão, claro, era a grande meta futebolística. Além de ser um dos grandes templos do futebol mundial, ficava relativamente perto de onde me hospedei. Pelo site da Minas Arena, a informação era de que só se vendia ingressos de um dia para o outro em relação ao tour, mas dei aquela tenteada clássica. E valeu a pena.

Foram três quilômetros de caminhada pelo agradável bairro da Pampulha, com algumas subidas e descidas típicas da capital mineira. Desde a chegada, o estádio já impressiona pelo tamanho. A fachada segue a mesma, tombada pelo patrimônio histórico. Como cheguei 12:05, só pude comprar entrada para o último tour, o das 13:00. Nenhum problema: tive 55 minutos para conhecer o Museu Brasileiro do Futebol.

Ele em nada se parece com o do Pacaembu, que é bem mais moderno. Porém, vale muito a pena: é outro estilo de museu. Em vez de apostar na interatividade (embora ela exista em determinados pontos), o negócio mesmo é a história. A começar pelos guias, que são extremamente atenciosos. São tantos, e tão solícitos, que te acompanham por todo o museu, explicando cada detalhe. Fiquei amigo daquele que puxei assunto, o Vinícius Cruz, um cruzeirense. Impressiona também o conhecimento que não só ele, mas todos, têm de futebol. Questões históricas não apenas da construção e dos jogos disputados no Mineirão, mas do futebol do estado de Minas e brasileiro em geral. Um deleite para quem gosta de futebol a fundo.

A sala que mais me impressionou, e que pra mim simboliza o espírito do Museu, é a desta foto ao lado: um recinto com todas as fichas técnicas de todos os jogos da história do Gigante da Pampulha, batidos em máquina de escrever. O responsável pelo catálogo é um senhor que trabalha há décadas no Mineirão, e obviamente está atuando no Museu como um dos guias. De um cuidado pela história que impressiona e encanta.

O tour do estádio contava com guia igualmente muito bem informada e solícita. Porém, senti falta de ter acesso a alguns lugares como as cabines de imprensa, algo bem comum em visitas guiadas, além de outros setores para torcedores do Mineirão. As cadeiras VIP e os camarotes são extremamente confortáveis, embora com alguns pontos cegos nos assentos mais para perto do campo. A grandiosidade do estádio por dentro impressiona bem mais que por fora. O preço é bem mais acessível que a grande maioria das visitas guiadas que já vi por aí (R$ 8 se a escolha for apenas um dos passeios, e R$ 14 por ambos, com possibilidade de meia-entrada). À noite, tive a grande satisfação de conhecer o amigo Fellipe Fraga, nosso correspondente mineiro do Carta na Mesa, no bar Fanáticos, temático sobre, claro, futebol.

Espetacular e digna homenagem ao Taiti de 2013
No domingo, realizei uma prova na UFMG, com um detalhe: o Mineirão ficava do outro lado da rua, e simplesmente 53 mil pessoas foram acompanhar Atlético-MG e Caldense, pela primeira partida da final do estadual. Mesmo tão perto de um estádio lotado, é claro que minhas atenções na saída da universidade estavam todas voltadas para a tela do celular, tentando conexão para acompanhar o Gre-Nal, que já estava em seu segundo tempo. E, claro, a cada atleticano que me via na rua com a camisa do Grêmio, surgia aquele "tamo junto" especial, em relação ao confronto com o Inter pela Libertadores. Não que os cruzeirenses também não simpatizassem. O acolhimento e a generosidade que o povo mineiro me proporcionou nas duas vezes em que lá estive nos últimos 45 dias é algo a ser estudado, e digno de registro.

Fotos: Vicente Fonseca (da próxima vez, juro que tomarei o cuidado de tirar em paisagem, não retrato).

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