Dever quase cumprido



É claro que o ideal era eliminar o jogo de volta, e o Grêmio teve possibilidades para conseguir esse objetivo. De todo modo, a vitória por 2 a 1 sobre o Campinense deixa ao Tricolor uma sensação de dever quase cumprido: resultado bom, partida relativamente tranquila e uma atuação que, embora sem brilho, também não reservou grandes sustos.

A questão é que, na verdade, o Grêmio poderia sim ter matado a questão hoje mesmo. Não exatamente pelo primeiro tempo, embora, mesmo sem forçar, tenha criado quatro chances claras de marcar, especialmente através da ótima movimentação de Giuliano e Luan, cada vez mais entrosados e afinados. A equipe gaúcha dominou os 20 minutos iniciais, mas aos poucos viu o valente Campinense, que sempre se manteve organizado em cancha, gostar do jogo. O time paraibano teve duas boas chegadas e até poderia ter aberto o placar, mas seria um crime.

Provavelmente descontado por conta das dores no ombro, Braian Rodríguez deixou o campo no intervalo para a entrada de Yuri Mamute. A mexida deu outra cara ao jogo: o uruguaio não havia feito bom primeiro tempo, mas o que chama a atenção é a forma como o menino entrou. Muito a fim de jogo, criou transtornos aos adversários em praticamente todas as vezes em que pegou na bola. Fez toda a jogada individual que resultou no gol de Douglas, aliando drible com velocidade e visão de jogo, algo que ainda não se tinha visto partindo dele. Foram dez minutos de fúria que incluíram uma jogada quase idêntica minutos depois e um desvio de cabeça que quase enganou o goleiro Gledson.

Foi no embalo de Mamute que o Grêmio poderia e deveria ter matado a parada. Aos 13 minutos, por exemplo, Matías Rodríguez recebeu de Giuliano na cara do gol e chutou sobre o goleiro do Campinense. O gol estava na fôrma, mas um pênalti inexistente do próprio Matías em Jefferson Recife (ou, ao menos, bem mais discutível que o puxão de Pedrão em Braian Rodríguez na etapa inicial) fez o Campinense achar o empate. Era um castigo, que não durou muito, já que Luan logo fez o 2 a 1, num lindo passe de Giuliano.

Feito o segundo gol, o Grêmio puxou o freio de mão e passou a administrar o resultado. Mais do que propriamente querer fazer o segundo jogo para ter uma renda a mais e um jogo a menos para Cebolla cumprir suspensão, o que parece ter havido foi uma desaceleração para esfriar o jogo. Tudo o que o Campinense mais queria era correria. Para quem viajou mais de 3 mil quilômetros e ainda terá que refazer o trajeto na volta, forçar era complicado. Tal postura será paga com um jogo entre as duas semifinais do Gauchão. Será em casa, claro, mas é uma data a mais que poderia ser evitada.

Em tempo:
- O Campinense não usa o número 13 em seu uniforme de jogo. A rivalidade é uma coisa espetacular.

Ficha técnica
Copa do Brasil 2015 - 1ª fase - Jogo de ida
1º/abril/2015
CAMPINENSE 1 x GRÊMIO 2
Local: Amigão, Campina Grande (PB)
Árbitro: Avelar Silva (CE)
Público: 4.147
Renda: R$ 75.740,00
Gols: Douglas 7, Felipe Alves (pênalti) 19 e Luan 22 do 2º
Cartão amarelo: Matías Rodríguez e Walace
CAMPINENSE: Gledson (6), Leyrielton (4,5) (Luquinha, 10 do 2º - 4,5), Jairo (5,5), Pedrão (4,5) e Jefferson Recife (6); Negretti (4,5), Neto (5), Leandro Santos (5,5) e Luiz Fernando (5,5) (Jairo Santos, 29 do 2º - 6); Felipe Alves (5,5) (Leandro Sobral, 44 do 2º - sem nota) e Reginaldo Júnior (5). Técnico: Francisco Diá (5,5)
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Matías Rodríguez (4,5), Geromel (6), Rhodolfo (6) e Marcelo Oliveira (5,5); Ramiro (5), Maicon (5) (Walace, 27 do 2º - 5), Giuliano (7) (Everton, 32 do 2º - 5,5), Douglas (6) e Luan (7); Braian Rodríguez (5) (Yuri Mamute, intervalo - 7). Técnico: Luiz Felipe (5,5)

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