Sugestões de fórmula para o Brasileirão

A fórmula proposta pelos clubes que desejam o mata-mata não é unanimidade. Bom, nem o mata-mata, nem os pontos corridos, são unanimidade. Mas jogar 38 vezes para ainda realizar uma outra fase decisiva parece realmente exaustivo. Se classificar oito equipes neste formato seria um exagero técnico, colocar quatro pode tornar o campeonato desinteressante em termos de título para os demais tão cedo quanto é hoje para um time pequeno chegar ao G-4 - ele daria agora não só a vaga na Libertadores, mas também a segunda chance de conquistar o taça.

Já que a criatividade é o nosso dom maior, exercito a minha com algumas sugestões de fórmula para que o Brasileirão implante a partir de 2017. A primeira delas é a que considero a melhor de todas. Tudo é uma questão de pensar bem, e todas as ideias devem sem bem-vindas. Como disse meu amigo Igor Natusch num Carta na Mesa em janeiro, qualquer fórmula é boa se o campeonato for bem organizado, e talvez o nosso diferencial em relação aos países europeus, se soubermos explorar bem o nosso campeonato, é o fato de o nosso produto ter uma final, ter jogos decisivos em vez de apenas a disputa de pontuação. Emoção ou chatice pode haver com qualquer formato de disputa. Justiça e injustiça, também.

DEZ PRIMEIROS E DEZ ÚLTIMOS, COM RETURNO
Os 20 clubes jogam em turno único. Os dez primeiros se classificam para a segunda fase, e os dez últimos lutam contra o rebaixamento. Na segunda fase, as dez equipes jogam em turno e returno. Os quatro primeiros se classificam para as semifinais, que indicarão os finalistas. No torneio da morte, os jogos também são em turno e returno, e os quatro últimos (pode se discutir se quatro é mesmo o melhor número) são rebaixados.
Vantagens: considero esta a melhor fórmula por vários motivos. Primeiro: todos os clubes jogariam ao menos 37 vezes, número quase idêntico ao atual (os finalistas jogariam 41, e os semifinalistas 39). Segundo: teríamos uma segunda fase de alto nível, com os dez melhores times do país realizando confrontos emocionantes. Terceiro: os rebaixados seriam indicados com bem mais justiça do que num suposto turno único, como ocorria nos anos 90. Todos os clubes teriam uma segunda chance de alcançar seus propósitos, mas dentro de um certo limite técnico.
Problemas: no torneio da morte, seria possível haver jogos desinteressantes nas últimas rodadas para as equipes que já se livraram da queda. O mesmo pode ocorrer na segunda fase, em relação aos últimos colocados desta. Mas nada muito diferente do que vem ocorrendo na era dos pontos corridos.
Número de jogos: 41 para os finalistas, 39 para os semifinalistas, 37 para os demais.
Variante formulista: se o objetivo for dar emoção aos participantes do torneio da morte que já escaparam da queda, uma ideia possível é fazer o líder deste decagonal garantir vaga nas semifinais, numa espécie de repescagem, reduzindo para três o número de classificados no decagonal principal.

DEZ PRIMEIROS E DEZ ÚLTIMOS, SEM RETURNO
Os 20 clubes jogam em um turno único. Os dez primeiros se classificam para a segunda fase, e os dez últimos lutam contra o rebaixamento. Na segunda fase, as dez equipes jogam em turno único, e os quatro primeiros fazem semifinais e finais. No torneio da morte, os jogos são em turno e returno, e os quatro últimos são rebaixados.
Vantagens: o alto nível técnico da 2ª fase, com os 10 melhores times do país, e a maior justiça quanto à indicação dos rebaixados. Além disso, o mínimo que uma equipe faria neste formato é de 28 jogos.
Problemas: os eliminados na 2ª fase seriam os que menos jogariam neste formato.
Número de jogos: 32 para os finalistas, 28 para os eliminados na 2ª fase e 37 para os participantes do torneio da morte.
Variante formulista: os seis clubes eliminados na 2ª fase (5º ao 10º colocado desta etapa) poderiam realizar um pequeno torneio seletivo para indicar um representante brasileiro na Libertadores. Se o país não tiver direito a esta vaga extra, os dois melhores deste minitorneio poderiam enfrentar os eliminados nas semifinais para duelarem por estas vagas. E dê-lhe formulismo!

MODELO ANOS 90
24 clubes jogam em turno único, e os oito melhores seguem para as fases finais. Este formato foi o mais utilizado de 1996 a 2002. A diferença costumava estar no regulamento da segunda fase: mata-mata simples, play-off em melhor de três ou dois quadrangulares, cujos campeões seriam os finalistas. Neste caso, em 2016 o regulamento deveria prever dois rebaixados à Série B e seis promovidos à Série A, para que se chegue aos 24 clubes.
Vantagens: uma fase final com oito clubes só é possível num campeonato com mais participantes que o atual. Levar 40% dos concorrentes à etapa decisiva é um exagero. Além disso, permitiria às equipes disputarem mais partidas, em vez de apenas 19, no caso de um turno único com 20 clubes.
Problemas: aumento do número de clubes na primeira divisão e diminuição do número de datas do campeonato.
Número de jogos: 23 para os eliminados na 1ª fase; para os finalistas, 29 (mata-mata simples), 31 (sistema de quadrangulares) ou 32 (play-offs).
Variante formulista: um dos argumentos de quem é contra o turno único é o de que os rebaixados tiveram pouco tempo para se recuperar. A sugestão, até para que estes clubes joguem mais vezes até o fim do ano, é pegar os últimos 8 colocados e dividi-los em dois quadrangulares, numa espécie de torneio da morte. Acrescentaria mais 6 datas a cada um e daria uma segunda chance a quem arrancou mal.

PONTOS CORRIDOS, COM 6 CLASSIFICADOS
Os 20 clubes jogam em turno e returno. Os quatro últimos são rebaixados. Em relação aos mata-matas, os dois primeiros garantem vaga diretamente às semifinais. Do 3º ao 6º lugares, as equipes disputam dois mata-matas para definir os outros semifinalistas.
Vantagens: valorizaria a grande campanha dos dois primeiros em relação aos outros quatro classificados e faria todos enfrentarem todos num sistema de ida e volta, com equilíbrio de tabela garantido. Além disso, a disputa seria por um G-6, o que tende a tornar o final de campeonato mais emocionante do que as já boas disputas de G-4 que temos visto desde 2003.
Problemas: incharia o número de datas do campeonato para 44, quase o mesmo que os ultradesgastantes 46 jogos de 2003 e 2004.
Número de jogos: 44 ou 42 para os finalistas; 42 ou 40 para os semifinalistas; 40 para os eliminados no mata-mata anterior às semifinais; 38 para os outros 14 clubes.
Variante formulista: na briga contra o rebaixamento, poderia se fazer o mesmo. Os dois últimos caem direto e os outros dois do Z-4 poderiam disputar um mata-mata contra o 3º e o 4º da Série B, como ocorria na Argentina.

Comentários

Anônimo disse…
As únicas vantagens dos pontos corridos é q garante o mesmo calendário para todos e exigem planejamento , mas isso é possível de ser amenizado se fizermos ou 24 clubes em turno único , aí os 16 primeiros se dividem em 2 grupos por cruzamento olímpico em turno e returno , os campeões dos octogonais fazem a final , os 8 últimos se enfrentam em turno e returno caindo 4 , para valorizar a competição desde o início, a pontuação não pode ser zerada na segunda fase , tanto nos octogonais semifinais quanto no octogonal do rebaixamento , esse regulamento pode permitir q os times tenham no mínimo 38 jogos(24+14) , e no máximo 40 , o 24º jogo da primeira fase pode ser um mega clássico extra para cada time , assim todos tem 12 fora e 12 em casa na 1ª fase , tb podemos ter 20 clubes como hoje , 2 turnos , depois divide os 8 primeiros em 2 grupos de 4 , e os 12 últimos em 3 grupos de 4 , os vencedores dos grupos formados pelos 8 primeiros fazem a final em ida e volta , os lanternas dos grupos da morte formados pelos 12 últimos caem para a série B , nesse caso a pontuação da primeira fase não zera , esse modelo permite q os times tenham 44 ou 46 jogos , o q exigira redução ou até extinção dos estaduais(eu particularmente sou a favor , mas isso é assunto para outra discussão)