Ponto valioso em Medellín

Num grupo tão equilibrado, pontos fora de casa são imprescindíveis. E o Atlético Nacional provou do próprio veneno: semana passada, fora dominado pelo Libertad em Assunção, mas aproveitou as falhas paraguaias para conquistar um importante 2 a 2 como visitante. Ontem, dominou o Estudiantes na maior parte do jogo, mas perdeu gols demais e, num lance isolado, sofreu um empate em pleno Atanásio Girardot, resultado que lhe tira parcialmente da zona de classificação à próxima fase. Ganhar do Barcelona em Guayaquil virou obrigação.

Com as tradicionais duas linhas de quatro, Mauricio Pellegrino foi a Medellín em busca do pontinho valioso. E seu time começou bem, jogando com estas linhas adiantadas, pressionando a saída de bola do Atlético Nacional e ganhando o meio de campo na base do vigor físico. Logo, porém, a equipe colombiana descobriu o caminho das pedras: atacar com Berrío, às costas de Álvaro Pereira. Desprotegido, o lateral uruguaio foi constantemente envolvido a partir de triangulações do ponteiro com Bernal. Na outra ponta, Copete não conseguia levar vantagem sobre Aguirregaray.

O Estudiantes só equilibrou o jogo quando Martínez compreendeu que era preciso voltar e dar assistência a Pereira, evitando o dois-contra-um. Este é um problema do Nacional-2015: sem Cardona e Cárdenas para armar pelo meio, a equipe de Juan Carlos Osorio fica dependente de jogadas pelos lados para agredir o adversário. O curioso é que chegou ao 1 a 0 pelo centro da cancha, mas com uma falha de Damonte, que errou passe bisonho, servindo Zeballos. O ex-botafoguense pegou na veia e abriu o placar.

Precisando empatar, Pellegrino abriu o time no segundo tempo, colocando o artilheiro Carrillo no lugar de Martínez. A mexida foi arriscadíssima: primeiro, porque tornava o time argentino num 4-3-3; segundo, porque saía justamente o homem que dava assistência na marcação a Álvaro Pereira. Com efeito, o Atlético Nacional começou em cima, e parecia perto do 2 a 0. A entrada do experiente Sánchez Miño, aos 12, é que devolveu ao time de La Plata a força no meio, acrescentando qualidade técnica também. O gol, porém, sairia aos 24, num passe genial de Cerutti a Jara, que pegou toda a zaga desprevenida.

O empate é excelente para os argentinos, que vão a 4 pontos, dividindo a ponta do grupo com o Libertad. Na próxima rodada, o Estudiantes recebe os paraguaios, e em caso de vitória fica perto da vaga. Se o Barcelona seguir sendo o saco de pancadas, a tônica do grupo será vencer os equatorianos e conquistar ao menos um ponto como visitante diante dos rivais diretos. Neste caso, o único clube que ainda não vacilou é o de La Plata. É preciso manter esta vantagem para não ficar para trás, pois a disputa é feroz.

Bom resultado
O pior para o Internacional seria uma vitória do Strongest em Santiago. Como jogará duas vezes ainda em La Paz, o time boliviano poderia chegar já classificado à última rodada em Porto Alegre, o que obrigaria o Colorado a não perder, ou talvez até vencer em Guayaquil o Emelec. A vitória por 3 a 1, se recoloca a Universidad de Chile na disputa, não deixa ninguém encostar de fato no time gaúcho na tabela. Um empatezinho no Equador, porém, segue sendo vital. Diego Aguirre parecia certo quando previu 10 pontos como o necessário para se classificar. Se o Strongest ganhasse ontem, esse índice subiria.

Tropeço millonario
Na estreia, em Oruro, o River Plate até foi razoavelmente bem, perdendo mesmo é para os 3.700 metros de altitude. Ontem, não: com imensas dificuldades no primeiro tempo, o time de Marcelo Gallardo sentiu não apenas o gramado irregular do Monumental de Núñez, mas sua própria ansiedade. Saiu perdendo para o Tigres, conseguiu o empate no segundo tempo e, justiça seja feita, criou o suficiente para vencer, embora não tenha conseguido. Com apenas 1 ponto, os millonarios estão na lanterna da chave. Precisarão ganhar no gramado sintético do Juan Aurich, ou então a classificação estará realmente a perigo, num grupo longe de ser mais o difícil desta Libertadores. Ao lado do Atlético Mineiro, é a decepção da Copa até agora.

Mesmo caso
Um dos motivos alegados para a queda de Enderson Moreira do comando do Grêmio foi justamente a impaciência com alguns jovens, apesar do lançamento de Luan. No Santos, foi o mesmo caso. Foi algo realmente grave, pois é consenso que ele vinha tirando da equipe um rendimento superior às suas condições, em termos de qualidade. Pior: o elenco comemorou sua saída, em que pese a boa fase da equipe no Campeonato Paulista. Que Enderson reflita. E que o Santos tenha a sorte de encontrar alguém que siga fazendo este time não mais que médio jogar acima de suas possibilidades técnicas.

Comentários