Cru-Zero

O Cruzeiro segue no zero na Libertadores. Mais uma vez, criou mais que seu adversário, mas desperdiçou chances demais e ficou no empate sem gols. O grupo tido como mais fácil da competição vai se mostrando complicado: são apenas 2 pontos em 2 jogos, e por enquanto, ainda que cedo, a equipe estaria sendo precocemente eliminada na fase de grupos. Nada de muito preocupante para quem é visivelmente melhor que seus rivais de chave, mas é bom manter o olho aberto. Principalmente porque o 0 a 0 de ontem, contra o Huracán, no Mineirão, certamente não estava na conta de ninguém na Toca da Raposa.

Logo cedo, a equipe de Marcelo Oliveira descobriu qual seria o caminho das pedras para chegar ao gol argentino: atacar pelo lado direito, com Mayke e Marquinhos envolvendo o lateral esquerdo Balbi. Por ali, os mineiros criaram perigo diversas vezes. O gol parecia mesmo questão de tempo: De Arrascaeta era envolvente criando jogadas pelo meio, Leandro Damião exibia a fome de gol dos bons tempos de Inter no ataque. Perigo? Quase nada: o falastrão Gamarra era facilmente controlado pelo implacável Willians, deixando o centroavante Ábila isolado. Pelo lado canhoto, Mena subia com qualidade, mesmo que Willian estivesse em noite bem discreta.

O gol, porém, não saiu. E o bicampeão brasileiro foi para o intervalo com o já, àquela altura, incômodo 0 a 0. Foi no segundo tempo, porém, que as coisas desandaram, principalmente pelo lado emocional. A entrada de Alisson deu mais movimentação ao lado esquerdo de ataque mas, fora de ritmo, o ponteiro errou bastante. De Arrascaeta, sumido do jogo, deu entrada ao jovem Judivan. Cheio de personalidade, ele parece não ter sentido o peso do empate em casa. Partiu para cima, criou jogadas, incomodou os argentinos. Tem futuro.

Tudo, porém, eram iniciativas individuais. Carregando o fardo de não chegar ao gol, o Cruzeiro passou a perder o controle de seus próprios nervos. Sem um armador qualificado no meio, era Willians quem começava as jogadas - e começava bem, limpando os trilhos atrás e sem errar passes à frente. Balbi, porém, cresceu, com a qualificada cobertura de Vismara. Marquinhos, agora recuado com a saída de Arrascaeta, já não assessorava Mayke como antes, e a Raposa perdeu o ímpeto pela direita. No miolo de zaga, Nervo e Domínguez se consagraram com o excesso de cruzamentos. Pela direita de defesa, Mancinelli foi implacável. Com a entrada do experiente Montenegro, o Huracán deu a Gamarra opção para trocar passes. O time argentino melhorou, teve contra-ataques perigosos e algumas poucas, mas boas, chances de fazer o crime.

As dificuldades são normais. O Cruzeiro mexeu em sua espinha dorsal, trocou literalmente todo o seu meio de campo, mudou a lateral esquerda, o miolo de zaga e o comando de ataque, e isso obviamente influencia diretamente em seus resultados vacilantes de começo de Libertadores. A trajetória se assemelha à do ano passado, quando a equipe apresentou dificuldades acima do esperado na fase de grupos. A chave, porém, era mais difícil. Agora, tudo o que esta equipe precisava era de adversários acessíveis, para pegar conjunto e chegar voando a partir das oitavas. O sorteio lhe proporcionou exatamente isso, mas o time ainda não encaixou. Daqui a 15 dias, contra os Mineros de Guayana, há uma nova chance.

Complicou
Um dos grupos mais difíceis desta Libertadores já apresenta o seu candidato à lanterna: é o Barcelona, que ontem levou 1 a 0, em Guayaquil, do Libertad. Uma grande vitória dos paraguaios, que vão a 4 pontos e assistirão, de forma confortável, ao embate entre Atlético Nacional e Estudiantes, nesta quinta, em Medellín.

O jogo do ano
O confronto de hoje, contra o Emelec, é o mais importante do ano do Internacional até aqui. Se contra a Universidad de Chile a vitória foi possível apesar dos problemas defensivos, hoje eles possivelmente não serão perdoados diante do perigoso Miller Bolaños. O time equatoriano é experimentado, entrosado, de conjunto forte. Tem alternativas também: sabe se portar bem fora de casa, contragolpeando em velocidade, mas também valorizando a posse da bola e propondo o jogo, se necessário. Fazer 2 a 0 e ir a Manta na liderança é acessório: o importante é vencer, por qualquer diferença, pois dois dos três jogos do returno desta fase de grupos serão fora do Beira-Rio.

Figa por um empate
Em Santiago, o Atlético Mineiro torce por um empate entre Colo Colo e Atlas. Ambos têm 3 pontos, contra zero do Galo. O pior resultado é a vitória dos mexicanos: abririam 6 pontos de vantagem na vice-liderança, sendo que o time de Levir Culpi encerra esta primeira parte da etapa de grupos visitando o forte Santa Fé em Bogotá. Praticamente obrigaria o Atlético a ganhar seus quatro jogos para seguir vivo na Libertadores. Dureza.

Cristian Rodríguez
Jogador já tentado em 2012, e que certamente acrescentaria muita qualidade ao elenco do Grêmio. Não é um criativo: é uma opção de velocidade pelo lado, com boa chegada na área. Daria rapidez a um time que sofre por ser lerdo há bastante tempo. E que precisa de resultados imediatos: ontem, com os 3 a 1 do Aimoré sobre o São José, o Grêmio saiu da zona de classificação para a segunda fase do Gauchão. Claro, o estadual está muito parelho: o Tricolor está a apenas 3 pontos do líder Juventude. Se o tivesse batido na Arena, estaria na liderança do campeonato. Mas não o bateu. Por isso, e muito mais, as desconfianças seguem fortes - e plenamente justificadas.

Comentários

Lique disse…
jogadores como nilton, moreno, éverton ribeiro, goulart, borges, leandro damião, e, me arrisco a dizer, o próprio lucas silva, dão muito certo no cruzeiro, mas não demonstram muito mais fora da toca. o nílton mal jogou pelo inter e já está sendo descartado pela imprensa. fez 300 gols em 70 jogos pelo cruzeiro. acho que o mérito todo é do marcelo oliveira e ele sabe disso.

ao montar uma equipe com refugo de outros times, ano após ano, e se desfazer de suas maiores estrelas sem muito alarde, marcelo oliveira aposta no seu taco. e geralmente acerta.

a ver como termina esse time ao final do ano. jogar no cruzeiro tem sido bom negócio: faz qualquer jogador acima da média parecer um craque, qualquer centroavante parecer artilheiro.

a real é que, no futebol brasileiro atual, todo jogador (por mais alto que seja seu salário) é japonês. num panorama onde a qualidade das peças se nivela por baixo, o papel do técnico vem sendo essencial.

vou dormir que já passou da minha hora.
Lique disse…
em tempo: ricardo goulart fez três gols em jogo da CHAMPIONS REAGUE asiática hoje.
Vicente Fonseca disse…
Concordo plenamente, Lique.