Betão começou a escrita

Quando o torcedor corintiano ouve falar no trio de zagueiros Fábio Ferreira/Betão/Zelão, certamente retorce as feições de rosto, lembrando de imediato do pior momento da história do clube: o rebaixamento à segunda divisão, em 2007. Porém, data daquela mesma época o começo de uma era gloriosa do Corinthians: uma invencibilidade sem precedentes jogando no Morumbi diante do São Paulo. Escrita que foi mantida ontem, na segunda vitória no ano do Timão sobre o Tricolor.

Tudo começou num escanteio, aos 40 minutos do segundo tempo do dia 7 de outubro de 2007 - na verdade um pouco antes, mas deixemos a poesia falar mais alto. Quando Betão decretou o surpreendente 1 a 0 do então modesto Corinthians diante do então poderoso virtual bicampeão brasileiro São Paulo, comemorou apenas o fato de a equipe dar um tempo na crise e sonhar com dias melhores, evitar quem sabe o vexame de uma queda para a Série B. Não conseguiu nada disso, mas inaugurou a sequência que dura até hoje.

Desde então, o Corinthians não perdeu mais para o rival no Morumbi. São 12 jogos, quase oito anos de invencibilidade - no total, há 13 o Timão na perde na casa do rival, pois houve um empate em julho de 2007, 1 a 1. Betão, portanto, não iniciou a escrita de fato, mas simbolicamente. A última vez são-paulina foi no Paulista daquele mesmo ano, em fevereiro, quando o Tricolor fez 3 a 1.

O gol de Betão, sabia-se na época, já havia quebrado um outro tabu: antes dele, o Corinthians não vencia o São Paulo há 13 jogos, um recorde da história do clássico. Depois, conseguiu ficar 11 partidas sem perder para o rival, que só foi conseguir ganhar de novo em 2011, na Arena Barueri, no jogo do centésimo gol de Rogério Ceni.

Nestes oito anos, as únicas vitórias do São Paulo ocorreram sempre longe de seu estádio. Em 2011, 2 a 1 na Arena Barueri; em 2012, 2 a 1 e 3 a 1, ambos no Pacaembu; em 2014, 3 a 2, também no Pacaembu. Desde o clássico decidido por Betão, a supremacia corintiana é total: em 26 jogos, são 14 vitórias, 8 empates e apenas 4 derrotas. No Morumbi, são 6 vitórias do Corinthians e 7 empates.

A série invicta do Corinthians no Morumbi
14/07/2007 - São Paulo 1 x 1 Corinthians (Brasileiro)
07/10/2007 - São Paulo 0 x 1 Corinthians (Brasileiro)
27/01/2008 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Paulista)
15/02/2009 - São Paulo 1 x 1 Corinthians (Paulista)
19/04/2009 - São Paulo 0 x 2 Corinthians (Paulista)
27/09/2009 - São Paulo 1 x 1 Corinthians (Brasileiro)
07/11/2010 - São Paulo 0 x 2 Corinthians (Brasileiro)
21/09/2011 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Brasileiro)
31/03/2013 - São Paulo 1 x 2 Corinthians (Paulista)
05/05/2013 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Paulista)
03/07/2013 - São Paulo 1 x 2 Corinthians (Recopa)
13/10/2013 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Brasileiro)
08/03/2015 - São Paulo 0 x 1 Corinthians (Paulista)

Desta vez, um erro individual
Em alguns jogos da temporada que se inicia, o Internacional não atuou bem, mas teve individualidades que o salvaram de uma sorte pior - caso de Nilmar, quarta, contra o Emelec. Ontem, ocorreu o contrário: um erro pessoal de Muriel (que explica porque Alisson tem jogado a maioria dos jogos até do Gauchão) custou a invencibilidade no Gauchão. A segunda parte é que não se confirma: o Colorado não merecia mesmo sorte melhor em Caxias do Sul, diante do Juventude. Faltou espírito de luta, como frisou Jorge Henrique, mas era normal que isso ocorresse em relação ao jogo do último meio de semana. Faltou mesmo é futebol, e sobraram improvisações mal sucedidas de Diego Aguirre. Quarta devem jogar os titulares diante do Aimoré, ainda sem Nilmar, Aránguiz e D'Alessandro.

Fluminense e empate
Pude ver um pedacinho dos clássicos mineiro e carioca ontem. No Mineirão, um segundo tempo, ao menos, bem equilibrado: falha clamorosa de Fábio em sua maior deficiência (a saída com os pés), e o Atlético saltou à frente com um chutaço de Rafael Carioca, mas Leandro Damião igualou para o Cruzeiro, em seu bom começo na Raposa. No Rio, o Botafogo parecia se sobressair em mais um clássico, mas tomou a virada do Fluminense (3 a 1), que ganhou porque tinha o melhor jogador tecnicamente da noite: Fred, autor de um corta-luz para o gol do promissor Gérson e marcador do terceiro, que o torna artilheiro do certame ao lado do flamenguista Marcelo Cirino.

Em tempo:
- Apenas 1.938 torcedores pagaram ingresso para ver Goiás x Atlético Goianiense, pelo estadual goiano. O Serra Dourada vazio é o grito escandaloso do que todos sabemos: os campeonatos regionais precisam repensados urgentemente. Não extintos, mas repensados. Ah. o Goiás venceu por 1 a 0.

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