Um 9 a caminho

Lisandro López chega para ser o centroavante confiável que o Internacional não tem desde 2012, quando Leandro Damião voltou dos Jogos Olímpicos e passou a não jogar nem 10% do que sabe. Jogador com excelente poder de finalização, nem por isso é um 9 fincado: sabe se movimentar pelos lados, tabelar e participar da construção dos ataques também. Trata-se de um avante completo, de altíssimo nível.

A questão é saber que resposta ele dará no Beira-Rio. Primeiro: é difícil analisar desempenho de quem está no Oriente Médio, afinal, a necessidade técnica de resposta lá é infinitamente menor que na elite da América do Sul. No Porto e no Lyon, López foi grande artilheiro, capaz de anotar 24 gols em 27 jogos no Campeonato Português de 2007/08. Na França, anotou 60 gols. Mas isso tudo com idade entre 24 e 29 anos. Agora, prestes a fazer 32, talvez seu rendimento sofra uma diminuição. Isso fora o fato de que certamente precisará de uma readequação física para entrar a ponto de bala para uma Libertadores. A impossibilidade de disputar a fase de grupos talvez seja até benéfica, pensando por este lado, pois ele ganhará mais tempo para crescer.

Como todas as contratações feitas neste começo de ano pelo Inter, Lisandro López é um grande jogador que vive um momento de baixa na carreira, ou que ao menos já passou de seu auge. A ideia colorada é recuperar Réver (lesionado no Atlético Mineiro), Vitinho (encostado no leste europeu), Anderson (menosprezado pelo Manchester United), Nílton (reserva do Cruzeiro), e formar um timaço a partir de quem já mostrou, num passado não tão longínquo, ser muito bom jogador. Todos são nomes de qualidade, que certamente agregam muito ao elenco neste sentido, mas ao mesmo tempo precisam chegar provando. Precisar dar resposta também é uma característica de elencos vencedores. Uma aposta de certo risco, mas que pode dar certo. Ou precisa dar certo, pois não se investe pouco.

Seja como for, sua contratação não é meramente de ocasião, ou para atrapalhar os planos do Grêmio de trazê-lo. O Internacional precisa de um centroavante confiável, já que Nilmar não dá a resposta esperada e Rafael Moura não tem capacidade para comandar um ataque que quer título continental (embora se dissesse o mesmo de Alecsandro cinco anos atrás). Resta ver qual será o Lisandro López que chegará a Porto Alegre, se o da Europa ou o do Oriente Médio. Pergunta que fizemos, aliás, com todos os reforços que chegaram em 2015 ao Beira-Rio.

Mais um trintão
Outra característica que Lisandro López tem em comum com o restante do elenco colorado é a experiência. Trata-se de mais um jogador com idade acima dos 30, como Réver, Juan, D'Alessandro, Rafael Moura, Nilmar, Alex, Dida e Jorge Henrique. Baixo poder de revenda, portanto, e política divergente da que tornou o clube vitorioso internacionalmente, cerca de uma década atrás.

Contrato
Anderson encerrou a política de contratos muito longos no Beira-Rio, algo que deve ser saudado. López chega por dois anos, deixará o clube aos 34, portanto. Porém, o fato de vir somente pelos salários não é sinônimo de contratação barata: chegará por US$ 200 mil, ou quase R$ 600 mil mensais atuais. Custará ao clube mais de R$ 14 milhões nos próximos 24 meses. Todas as apostas do Inter neste ano são caras. Para quem antecipou R$ 60 milhões em receitas no ano passado, perder a Libertadores deve ser a senha para cintos mais apertados a partir de 2016.

Misto de nível
Ainda assim, o elenco é vastíssimo. Desde 2009 o Inter não forma um grupo tão tecnicamente qualificado como agora. Amanhã, em Rio Grande, o time misto terá nomes como Cláudio Winck, Alex e Juan, fora os titulares Nílton, Réver, Anderson e Nilmar.

A volta de Giuliano
É a melhor notícia que o Grêmio poderia ter recebido. Depender apenas de Douglas, lento, aos 33, não dá. O melhor Giuliano nunca pôde atuar pelo Tricolor, devido às dores no púbis, que agora estão definitivamente saradas. Contra o Juventude, o esquema com três volantes não será utilizado por isso. E Pedro Rocha, impetuoso, segue como titular.

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