Questão de tempo, mas há pouco tempo

Chegar a uma estreia de Libertadores sem ter vencido sequer um jogo no Campeonato Gaúcho com o time titular não é um retrospecto animador. Ainda assim, parece questão de tempo o Internacional se acertar. O problema mais grave, que foram os quatro gols sofridos diante do São José, parece estar aos poucos se resolvendo. Ontem, diante do Cruzeiro, o time de Diego Aguirre sofreu defensivamente com alguns ataques rivais no primeiro tempo, melhorou no segundo, criou chances, e não venceu por detalhe. Não sofreu gols pelo segundo jogo seguido. É preciso melhorar, mas é preciso tempo também. O problema é que ele é curto.

Aguirre segue convicto em seu 4-3-3. Ontem, no primeiro tempo, faltou imposição para que ele funcionasse. O Inter teve grande velocidade para chegar ao ataque, com Vitinho e Sasha se movimentando, envolvendo os adversários, mas o cobertor curto seguiu deixando o time vulnerável atrás. Cada erro de passe propiciava contragolpes perigosos que o Cruzeiro sabia aproveitar pelos lados, especialmente com Claydir, pela direita, e Wagner, pela esquerda. Muriel foi o personagem da etapa inicial, com ao menos três grandes defesas. O 0 a 0, diante de um jogo aberto todo, foi muito injusto. A partida merecia, ao menos, um 2 a 2.

No segundo tempo, as coisas funcionaram melhor porque a postura foi outra. Para atuar com um time aberto assim, só encurralando o rival. A entrada de Anderson melhorou o meio: embora ele em si tenha tido má atuação, recheou mais o setor e dificultou as escapadas cruzeiristas. Piffero, de certo modo, tem razão: taticamente a equipe deve crescer com a sua entrada e a saída de Vitinho. A questão é que o ex-botafoguense está voando tecnicamente, e o ex-gremista precisa de mais tempo. A escolha do técnico uruguaio terá de ser feita, e a provável colocação de Anderson como titular em Caxias do Sul, sábado, pode ser decisiva para ver quem joga em La Paz na próxima terça.

O Inter pressionou tanto que chegou ao pênalti inexistente. Aí, um grave erro de comando: Anderson pegou a bola e quis bater, para marcar sua estreia com gol. O certo era D'Alessandro, cobrador oficial, executar o tiro. O pior quase sempre acontece neste tipo de caso: Bruno Grassi salvou o Cruzeiro pela enésima vez, e outras tantas nos minutos seguintes, quando o time de Cachoeirinha segurou o Colorado na base do heroísmo.

Há muita coisa por acertar ainda. Réver e Anderson carecem de entrosamento e ritmo de jogo; Fabrício segue insuficiente; Nílton só agora terá um companheiro dedicado a marcar (Freitas, que chega hoje), e por enquanto segue sofrendo sozinho no meio; Nilmar não reencontrou seu grande futebol ainda; e não se sabe quem jogará e como encaixar as peças, e quais ficarão no banco. Essas coisas levam tempo mesmo, mas a estreia na Libertadores é daqui a cinco dias, e é duríssima, na altitude. São os riscos que corre quem contrata muito, e segue contratando.

Ficha técnica
Campeonato Gaúcho 2015 - 1ª fase - 4ª rodada
11/fevereiro/2015
CRUZEIRO-RS 0 x INTERNACIONAL 0
Local: Vieirão, Gravataí (RS)
Árbitro: Anderson Farias (RS)
Público e renda: não divulgados
Cartão amarelo: Claydir, Wagner, Fabrício e Nílton
Expulsão: Laerte 33 do 2º
CRUZEIRO-RS: Bruno Grassi (8,5), Claydir (6,5), Laerte (6,5), Carlão (7) e Rodrigo Heffner (6); Jaiminho (6), Reinaldo (5,5), Paraná (6) (Benhur, 42 do 2º - sem nota) e Wagner (6,5) (Jefferson, 45 do 2º - sem nota); Wesley (5,5) (Henrique, 24 do 2º - 5,5) e Matheus (5). Técnico: Luiz Antônio Zaluar (6,5)
INTERNACIONAL: Muriel (7), Léo (4,5), Ernando (5,5), Alan Costa (6) e Fabrício (4); Nílton (5) (Luque, 44 do 2º - sem nota), Aránguiz (6) e D'Alessandro (6,5); Vitinho (6) (Anderson, 14 do 2º - 4), Nilmar (5,5) e Eduardo Sasha (6). Técnico: Diego Aguirre (5,5)

Comentários

Lique disse…
esse penal do anderson já tinha acontecido: aquela despedida contra o vila nova, finzinho do jogo.
Vicente Fonseca disse…
Lembrei exatamente daquele lance também, Lique.