O melhor é ter a bola

A surrada estratégia utilizada pelo Grêmio diante do Bolívar, em 1983, segue sendo a melhor para quem vai subir a La Paz: chegar horas antes do jogo e, durante o mesmo, valorizar a posse de bola. É tudo o que fará o Internacional hoje, 32 anos depois do rival, iniciando a busca pelo tricampeonato da Libertadores.

Por isso, Diego Aguirre acerta ao escalar Anderson. Com ele, a posse de bola será mais valorizada. É um jogador experiente, de toque, mas que sabe arrancar quando há chance, e dá velocidade quando necessário. É, em suma, um jogador mais experimentado e adequado para esta ocasião que Vitinho, o preterido da vez. O ex-botafoguense tem velocidade, principalmente. Faltam-lhe outras características para ser indispensável numa partida como a de hoje. É um atacante que apressa o jogo, quando o que o Inter menos precisará na Bolívia é de pressa.

Se dará certo ou não, só a partida dirá. Mas Anderson tem tudo o que o Inter precisa para encarar as alturas: bom passe, experiência para correr na hora certa e chegar nos atalhos, vitória pessoal e bom chute de longe. Características comuns também a D'Alessandro. O chute de fora da área, aliás, é sempre um modo de decidir o jogo, ainda mais quando o ar é mais leve (China que o diga). Eduardo Sasha e Nilton são outros dois que sabem arrematar de longa distância - Alex, no banco, é outra ótima arma. Nilmar, mais leve e provavelmente um pouco mais isolado devido às circunstâncias, talvez sofra um pouco além da conta. Será difícil haver aproximação o tempo todo com o comando do ataque.

De qualquer modo, o Inter não pode apenas pensar nos 3.600 metros sobre o nível do mar e esquecer de seu adversário. O Strongest vive uma das melhores fases internacionais de sua história. Em 2012, quase venceu o Colorado, mesmo com um time bem mais fraco. Em 2014, mais forte, ganhou em casa do Vélez e eliminou o Atlético Paranaense na etapa de grupos; chegou às oitavas e só não tirou o Defensor, que foi semifinalista semanas depois, porque perdeu nos pênaltis. É um time que sabe utilizar a altitude e já se comporta bem fora dela.

O argentino Néstor Craviotto, comandante aurinegro, deve sacar o atacante Cuesta para rechear o meio - os articuladores Batjer e Veizaga são os mais cotados. O treinador sabe que Aguirre vai reforçar seu meio, e fará o mesmo. A parada será dura, não só por causa das alturas.

À moda 2014
Com Anderson, Diego Aguirre poderá repetir neste ano o esquema de Abel Braga no ano passado:um volante preso (Nílton, em vez de Willians), Aránguiz formando uma segunda linha com Anderson (ano passado era com Alex) e D'Alessandro uma terceira, com Sasha ou Vitinho do lado esquerdo. A diferença é que, além da maior qualidade de Nílton na primeira função, Anderson dá mais velocidade ao time que Alex.

Enfim, comando
Um dos erros mais graves cometidos pelo Grêmio em 2015 foi ter ficado sem vice de futebol neste começo de temporada, época em que esta figura é ainda mais necessária. Fábio Koff não emplacou Duda Kroeff, saiu de férias e o cargo ficou vago - esta função não pertence a Rui Costa, nem a Romildo Bolzan, menos ainda a Luiz Felipe. Agora, Koff volta e deve indicar seu assistente. Enfim, haverá comando no vestiário tricolor. Andava fazendo falta.

Abrindo a fase de grupos
Além de Strongest x Inter, outros quatro jogos abrem a fase de grupos da Libertadores. Pelo grupo colorado, a Universidad de Chile, em crise, recebe o Emelec. O Montevideo Wanderers recebe o Zamora, o campeão argentino Racing vai à Venezuela enfrentar o Deportivo Táchira e, por uma das chaves da morte, Atlas e Colo Colo se pegam no México.

Abrindo as oitavas
Paris Saint-Germain x Chelsea é o jogaço que abre as oitavas da Liga dos Campeões. No mesmo horário, o Shakhtar Donetsk desafia o Bayern em casa. É às 17h45.

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