Uma aposta, mas quem não aposta?

Depois da experiência até bem sucedida, mas com turbulências, de Jorge Fossati em 2010, Vitório Piffero não queria apostar em mais um estrangeiro. Citou não apenas Fossati, mas Ricardo Gareca e seu período desastroso no Palmeiras, como exemplos de que técnicos de fora do Brasil precisam de um tempo de adaptação o qual o Internacional não disporá em 2015. Por isso, ele não queria um estrangeiro na casamata colorada. Foi o novo departamento de futebol que o convenceu de que Diego Aguirre é uma boa alternativa.

O novo treinador chega, portanto, com um desafio duplo: superar um histórico ruim de técnicos de fora no futebol brasileiro e conquistar a confiança não só do torcedor, mas do próprio presidente do clube. No entanto, que técnico não é uma aposta? Os mais consagrados e disputados se tornam arriscados porque ganham demais, e precisam de grandes resultados para compensar o alto investimento; os menos consagrados, claro, custam menos, mas nunca se sabe o que esperar deles. Tite no Corinthians, Felipão no Grêmio, Muricy no São Paulo, todos de certa forma são apostas. Assim como era Marcelo Oliveira no Cruzeiro, pelo lado contrário.

Diego Aguirre é um bom técnico. Ótimo, até, como Fossati e Gareca também são. Levou um Peñarol médio a um lugar o qual nenhum outro clube uruguaio chegava há 24 anos: a final da Libertadores. Naquela ocasião, uma equipe organizada, coesa, mas que não se furtava de atacar também. Agora, a responsabilidade é bem maior, mas o material humano é muito melhor. O terreno é menos conhecido, mas não é de todo estranho: foi jogador do Inter 25 anos atrás, e já jogou no São Paulo e na Portuguesa também. Conhece mais o futebol brasileiro que a imensa maioria dos técnicos de fora que aqui chegaram.

Talvez Aguirre já tenha aprendido a lidar com jogadores brasileiros, com pressão de torcedores e dirigentes brasileiros. Agora, é hora de o Inter aprender com tudo isso: a torcida, a ter paciência com o novo treinador, a mesma que não teve com Fossati cinco anos atrás; o presidente, a descartar menos gente antes de exercer qualquer contratação. Declarações evasivas são chatas, mas necessárias nessas horas. Sinceridade demais atrapalha quem precisa trabalhar com futebol.

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