O clássico mineiro do século

Cruzeiro e Atlético Mineiro dominaram o cenário nacional nos últimos dois anos. Tirando a Copa do Brasil do Flamengo e a Recopa do Corinthians, de 2013 para cá só os dois gigantes mineiros levaram os títulos relevantes para casa. O Galo ganhou a Libertadores do ano passado e a Recopa deste ano; a Raposa, os últimos dois Brasileiros. Hoje, um dos dois leva mais uma taça pro seu armário, em um jogo que fecha a temporada 2014 simbolizando a total supremacia dos clubes de Belo Horizonte no cenário nacional. Será o maior clássico mineiro da história, com atenção do Brasil inteiro.

É inegável constatar que o Atlético está mais perto de comemorar, mas é impossível falar em favoritismo. O Galo é mais time de mata-mata, é mais duro na queda neste sentido. Mas seu rival tem inegavelmente a melhor equipe em termos técnicos do país na atualidade. Diante de um Atlético que tem superado praticamente todos os obstáculos em mata-mata nos últimos dois anos, reverter um 2 a 0 parece algo impossível. Mas se há um time capaz de fazê-lo é este Cruzeiro de Marcelo Oliveira. Por ser uma equipe fortíssima e por ser o grande rival, e sabemos que clássicos são recheados de circunstâncias muito próprias.

Além da boa vantagem construída no Independência, o Atlético leva a campo um retrospecto bastante favorável nos duelos mais recentes com o seu rival. Já são sete clássicos sem perder. Em 2014, em seis jogos, foram três empates em 0 a 0 pelo Campeonato Mineiro e três vitórias atleticanas. A final do estadual de Minas, aliás, acabou com título cruzeirense pelo fato de o time ter tido melhor campanha, mas o equilíbrio nos confrontos de mata-mata foi absoluto sete meses atrás.

Em relação ao que deve ser o jogo, aposto numa forte pressão cruzeirense já de largada. Por dois motivos: a equipe precisa reverter o resultado ruim do Horto e chega mais cansada que o Galo - é melhor aproveitar enquanto há pernas, portanto. Nas últimas rodadas do Brasileirão, Marcelo Oliveira raramente botou time misto, já que tinha a necessidade de confirmar o título para jogar a decisão de hoje com a cabeça descansada. Já Levir Culpi pôde fazer isso, inclusive, no final de semana, quando a base titular do elenco descansou enquanto os reservas quase tiraram pontos do Internacional, em Porto Alegre. Deixar para definir as coisas no segundo tempo pode não ser uma boa estratégia para um time que chega um pouco mais desgastado, como o atual bicampeão brasileiro.

Só o fato de ambos pouparem ou cogitarem poupar titulares no Brasileiro, onde a disputa na ponta de cima é feroz, já dá a dimensão da importância deste jogo para os dois gigantes de Minas. Luan, que disputou a final da Libertadores de 2013, classifica a partida de hoje como a mais importante de sua vida, mesmo que a Copa do Brasil seja um torneio de menor importância em relação ao continental. As circunstâncias é que causam este sentimento: é uma final, é o maior clássico mineiro da história e é, em suma, uma batalha, um tira-teima, para saber qual dos dois mandou mais nos últimos dois anos. Ninguém quer ficar para trás numa disputa de tão alto nível e tamanha rivalidade.

Quer saber? Luan tem toda a razão.

E os neutros, por quem torcerão?
Todos os que disputam vaga na Libertadores deveriam estar hoje com o Cruzeiro. Para Corinthians e Internacional, o título da Raposa é quase a garantia de uma vaga direta para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem. Para Grêmio e Fluminense, a disputa por Copa ficaria menos difícil: o G-4 se transformaria em G-5, e aí a briga passaria a ser com o Atlético, que tem 61 pontos, contra 60 dos gaúchos e 58 dos cariocas. Os gremistas, porém, relutam em torcer pela Raposa por um nobre motivo: ultrapassaria o Tricolor Gaúcho em títulos da Copa do Brasil. Gremistas e cruzeirenses se secam sempre em Copas do Brasil, em nome da hegemonia de títulos da competição. Até a meia-noite de hoje, ao menos, cada um a ganhou quatro vezes, mais do que qualquer outro clube no país.

O jogo do ano em São Paulo
Nenhum jogo em 2014 terá sido mais importante para o futebol paulista do que o de hoje à noite. Fora da briga pelo título brasileiro, o São Paulo poupou titulares no clássico contra o Santos em nome da força total para eliminar o Atlético Nacional no Morumbi e chegar à final da Copa Sul-Americana. Será preciso, contudo, jogar muito mais que na partida de Medellín, quando o tricampeão colombiano venceu por apenas 1 a 0, mas poderia ter feito 3 ou 4 sem problema algum. O Nacional, aliás, eliminou o Atlético Mineiro da última Libertadores, façanha que talvez nem o poderoso Cruzeiro consiga hoje. Merece todo o respeito.

Carta na Mesa
Atrasamos, mas publicamos. A edição da quinta-feira passada está disponível para download. E, garanto, está muito boa. Vale à pena baixar, mesmo com a publicação tardia.

Comentários