Era só o que faltava

O Grêmio já ganhou de 1 a 0 de tudo que é jeito neste Brasileirão: tendo uma chance clara só em todo o jogo (contra o Fluminense); fazendo um gol de cara e depois administrando pelo resto dos 90 minutos (Figueirense, em Floripa); com um gol de chiripa, chorado (Bahia); com gol nos descontos (Flamengo e Atlético Paranaense); e com gol de pênalti (Figueirense, Arena). Faltava com um gol contra. Não falta mais.

A partida contra o Vitória foi a oitava que terminou com 1 a 0 para o time de Luiz Felipe em 32 jogos. Em 25% dos jogos do Brasileirão o Grêmio venceu por escore mínimo, e em outros 25% o jogo terminou sem gols. Desta vez, porém, ao contrário de algumas outras partidas, o placar acabou sendo merecido. Mesmo sem ter tido uma boa atuação, o time gaúcho foi o único que teve chances claras de marcar. Tirando uma cabeçada na trave de Edno logo no primeiro minuto de jogo, o Vitória não criou mais nada.

Era previsível que assim fosse. Sem quatro jogadores importantes do sistema ofensivo, era sabido que os baianos teriam imensa dificuldade para chegar à área de Marcelo Grohe. Ney Franco escalou quatro volantes, mas seu time surpreendeu pela postura. Encarou o Grêmio de igual para igual, mesmo sendo inferior, mesmo tendo desfalques, mesmo jogando fora de casa. Porém, mesmo que seu time se postasse de forma agressiva, não concluía quase nada, mesmo diante de um adversário com um visível buraco na meia-cancha, que entrou em campo praticamente num arcaico 4-2-4. Bastou o Tricolor forçar um pouco o ritmo nos 15 minutos finais da etapa inicial para chegar ao gol.

Felipão, aliás, surpreendeu duplamente. Primeiro, porque o mais esperado era o time com Fernandinho, Luan e Dudu. Segundo, porque Lucas Coelho não atuou como um segundo centroavante. Jogou, na verdade, como um meia postado logo atrás de Barcos, numa mesma linha que os pontas Luan e Dudu. E não se saiu mal, apesar de improvisado: foi dele um passe magnífico para Luan entrar livre, encobrir Wilson e só não marcar um golaço porque Roger Carvalho salvou em cima da linha. Mesmo assim, o Grêmio melhorou com a entrada de Fernandinho no segundo tempo. Teve mais agressividade nos contragolpes e poderia ter matado o jogo. Não o fez porque optou novamente pelo minimalismo, por sair só na boa. Mas também não correu riscos de sofrer o empate, pois faltou qualidade ao Vitória. Com Marcinho, Dinei e Escudero, certamente seria menos difícil criar oportunidades.

Depois de um período em que reagiu e passou a jogar bem, especialmente na virada do turno para o returno, o Grêmio vem sendo extremamente pragmático. O time de Luiz Felipe joga bem abaixo do que pode, pelos nomes que tem. Faz um campeonato metódico, a ponto de ser irritante para quem olha o jogo: abre o placar e sustenta a vantagem sempre, embora muitas vezes dê sopa para o azar. Daí essa enxurrada de um a zeros que temos visto. Ainda assim, uma campanha que funciona, e a prova é um dado aterrador: num dos poucos jogos em que foi bem, o Tricolor poderia ter vencido o Cruzeiro no Mineirão. Perdeu chances e acabou sofrendo um gol no fim do jogo. Se o 1 a 0 naquele dia tivesse sido a favor, e não contra, a distância para a Raposa, grande líder do Brasileirão, seria hoje de um ponto, e não de sete. Mesmo jogando essa bolinha que temos visto nas últimas rodadas.

Turma dos 54
O Fluminense reagiu de vez. Contra o Goiás, chegou à quarta vitória seguida e já entra na turma dos 54 pontos, que tem também o Grêmio e o Atlético Mineiro, que hoje visita o homônimo paranaense, em Curitiba. Quem fecha este grupo é o Corinthians, que tinha tudo para vencer ontem, mas tomou 2 a 0 de cara, em um primeiro tempo irreconhecível. Saiu comemorando o 2 a 2, mesmo em casa, já que Bruno Henrique empatou aos 49 do segundo tempo. Teve pênalti marcado e desmarcado e até cachorro em campo no Itaquerão. Uma noite daquelas.

Para quebrar o tabu
Vencer o Santos na Vila Belmiro é algo que o Internacional jamais conseguiu. Para piorar as coisas, a equipe entra em campo hoje na 7ª colocação, com 53 pontos, após ter sido ultrapassada por Grêmio, Corinthians e Fluminense ontem. O fato de o Santos vir com time misto facilita um pouco as coisas. Lembrando que, para chegar ao Gre-Nal no G-4, o Colorado precisa apenas de um empate hoje à tarde.

Espeto, cadeia e final
Nem sei porque continuam a partida. Depois do espeto, o Brasil já é o campeão moral da Série D.Teve de tudo em Londrina x Brasil. O Xavante vencia por 2 a 0, resultado que, combinado ao 3 a 1 do Bento Freitas, obrigava o campeão paranaense a fazer cinco gols para eliminar o time de Pelotas da Série D. O Londrina chegou ao empate em uma reação fulminante, exaltando os ânimos. Após uma confusão generalizada, os dois técnicos foram expulsos, Eduardo Martini também (se recusou a sair de campo e deixou o gramado preso) e até um espeto virou arma no Estádio do Café. O 2 a 2 leva o Xavante para a decisão da quarta divisão, contra Tombense ou Confiança.

E a pergunta que não quer calar: o que diabos fazia um espeto de churrasco no banco de reservas do Brasil? Seja qual for a resposta, uma atitude correta.

Comentários

Igor Natusch disse…
Aparentemente não era um espeto, mas sim uma das hastes de sustentação de uma das traves. Decepcionante.

Quanto ao Grêmio, é no momento um dos times mais chatos do Brasil - coisa que o Corinthians vinha sendo até há pouco tempo atrás. Vence de forma bocejante, mas vence. Serve, mas é meio entediante...
Vicente Fonseca disse…
Para a história, já entrou como espeto. Daqui alguns anos, falarão que havia um pedaço de cupim fincado nele.
Lique disse…
getúlio não apenas acertou na mosca o resultado inédito do inter, como cunhou a frase do ano: "neuer é um higuita melhorado."
Vicente Fonseca disse…
A frase do Getúlio foi ANTOLÓGICA.

No mais, acertei que o Grêmio ganharia de 1 a 0 com gol contra. Vamos ver quantos pontos isso me dará no palpitazo.
Chico disse…
Mais um triunfo do Ferrolho Tricolor.

Superclássico Grenal.