Uma olhadinha no retrovisor
Novamente, o Internacional tinha a chance de encostar no Cruzeiro. Novamente jogou em casa contra um de seus concorrentes diretos. E novamente perdeu. Um resultado que decepcionou o Beira-Rio quase lotado, fechou pela enésima as chances de título para o Colorado mas, como bem alertou Alex, não permite espaços para qualquer tipo de depressão, pois o Inter acabou entrando numa indesejada briga por Libertadores - indesejada porque estava destacado dela.
O Inter se repetiu, mas o Corinthians também. A exemplo de vários dos seus jogos recentes, saiu ganhando bem cedo. Uma falha de marcação de Fabrício, que permitiu ao espetacular Guerrero dominar e fazer um golaço de sem pulo, inapelável. E aí o Timão fez o que tanto irrita seus torcedores: recua e chama o adversário para sua área. Foi assim nos três jogos recentes contra o Atlético-MG e até naquele já longínquo jogo contra o Inter em sua Arena, na volta da Copa. Na maioria dos casos citados a proposta deu certa, mas repeti-la quatro jogos após uma eliminação traumática como a de quarta-feira foi uma temeridade.
O longo atendimento a Cássio paralisou o jogo em um momento no qual o Inter ensaiava uma pressão. A pausa quebrou o ritmo da partida e tornou-a truncada. O Colorado só voltou a pressionar a partir dos 40 (30 corrigidos), mas as dificuldades de conclusão eram grandes, dada a retranca corintiana. Jogadores como Petros e Elias, bons no desarme e saída subsequente, ficaram sumidos com tal proposta de jogo. Guerrero lutava sozinho contra três os quatro defensores. A bola não parava no ataque do Corinthians, e voltava sempre para o campo de ataque gaúcho, onde era quase sempre levantada buscando o jogo aéreo. Estratégia equivocada para um time de jogadores baixos, mas que possui esse cacoete por ter jogado tanto tempo com um centroavante fincado na área.
O gol de Gil surgiu justamente quando um homem se juntou a Guerrero no ataque pela primeira vez em muito tempo. Foi Renato Augusto, que sofreu a falta que originou o gol. Ele veio antes do intervalo, e significava os mesmos 0 a 2 que o Inter levou para o vestiário em Belo Horizonte e Chapecó recentemente, mas desta vez, ao contrário dos dois jogos citados, em nada refletia o que era o jogo. Mais uma vez, Abel voltou com a solução de sempre: Valdívia. Foi insuficiente.
O Corinthians voltou valorizando mais a bola e jogando mais no campo gaúcho. A insistência do Inter em cruzamentos facilitou a tarefa da zaga corintiana. Abelão partiu pro tudo ou nada com Wellington Paulista e Jorge Henrique. Chegou ao gol na base do abafa, com participação do centroavante recém-colocado e um pouco de sorte, também. Ainda assim, a formação ultra-ofensiva tirou o pouco de articulação que a equipe exibia. Com Aránguiz e Paulão descontados nos minutos finais, não foi tão difícil para o Corinthians administrar a vantagem - o Timão ainda quase fez o terceiro, com Fábio Santos, no travessão.
O Inter não jogou mal, mas voltou a exibir alguns velhos problemas, como a lentidão e a pouca capacidade de concluir a gol contra adversários fechados. Produziu o suficiente para ao menos empatar, mas parou diante de um rival muito mais eficiente. O cenário está longe de ser inédito: contra Cruzeiro (no Centenário) e São Paulo já havia sido assim. Tirando o Gre-Nal, que foi contra um Grêmio quase emergencial montado por Felipão, e a vitória sobre o Fluminense, o Internacional perdeu para seus adversários fortes em casa de um modo muito semelhante. Não dá para atribuir nada ao acaso, visto que é um raio que já caiu pela terceira vez no mesmo lugar.
E o Corinthians volta para a briga. Eliminado da Copa do Brasil, está um pontinho só atrás do G-4. O Inter, a um de distância para sua saída - está mais perto de sair da zona da Libertadores que de chegar à vice-liderança, portanto. Faltando nove rodadas para o fim e com alguns jogos difíceis por fazer ainda, a ordem no Beira-Rio deve ser a de esquecer o Cruzeiro e prestar atenção em quem está atrás. Pois há muita gente na cola, e gente boa, alguns que inclusive já ganharam do próprio Inter.
Em tempo:
- Mano Menezes segue seu retrospecto impressionante como técnico enfrentando o Inter no Beira-Rio. Desde 2006, acumula três vitórias e três empates comandando Grêmio e Corinthians, mantendo uma longa invencibilidade. Aliás, os dois dos empates deram títulos (a Copa do Brasil de 2009 com o Timão e o Gauchão de 2006 pelo Grêmio).
- O público do Gre-Nal de 10 de agosto segue sendo o maior em jogos oficiais do Inter no novo Beira-Rio. O jogo de ontem teve 210 espectadores a menos que naquela tarde.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 29ª rodada
19/outubro/2014
INTERNACIONAL 1 x CORINTHIANS 2
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Dewson Freitas Silva (PA)
Público: 37.012
Renda: R$ 1.439.260,00
Gols: Guerrero 3 e Gil 53 do 1º; Nilmar 27 do 2º
Cartão amarelo: Ernando, Paulão, Fabrício, Willians, Alex, Cássio, Fagner, Elias, Petros e Guerrero
INTERNACIONAL: Alisson (4,5), Wellington Silva (5) (Jorge Henrique, 21 do 2º - 5), Paulão (4,5), Ernando (5) e Fabrício (4,5); Willians (4,5) (Wellington Paulista, 21 do 2º - 5,5), Aránguiz (5,5), Alex (5,5), D'Alessandro (6) e Alan Patrick (4,5) (Valdívia, intervalo - 5); Nilmar (6). Técnico: Abel Braga
CORINTHIANS: Cássio (6,5), Fagner (5,5), Gil (6), Anderson Martins (5,5) e Fábio Santos (6,5); Bruno Henrique (5,5) (Guilherme Andrade, 20 do 2º - 5,5), Elias (4,5), Petros (5), Jadson (5,5) (Lodeiro, 26 do 2º - 5,5) e Renato Augusto (5,5) (Danilo, 46 do 2º - sem nota); Guerrero (7). Técnico: Mano Menezes
O Inter se repetiu, mas o Corinthians também. A exemplo de vários dos seus jogos recentes, saiu ganhando bem cedo. Uma falha de marcação de Fabrício, que permitiu ao espetacular Guerrero dominar e fazer um golaço de sem pulo, inapelável. E aí o Timão fez o que tanto irrita seus torcedores: recua e chama o adversário para sua área. Foi assim nos três jogos recentes contra o Atlético-MG e até naquele já longínquo jogo contra o Inter em sua Arena, na volta da Copa. Na maioria dos casos citados a proposta deu certa, mas repeti-la quatro jogos após uma eliminação traumática como a de quarta-feira foi uma temeridade.
O longo atendimento a Cássio paralisou o jogo em um momento no qual o Inter ensaiava uma pressão. A pausa quebrou o ritmo da partida e tornou-a truncada. O Colorado só voltou a pressionar a partir dos 40 (30 corrigidos), mas as dificuldades de conclusão eram grandes, dada a retranca corintiana. Jogadores como Petros e Elias, bons no desarme e saída subsequente, ficaram sumidos com tal proposta de jogo. Guerrero lutava sozinho contra três os quatro defensores. A bola não parava no ataque do Corinthians, e voltava sempre para o campo de ataque gaúcho, onde era quase sempre levantada buscando o jogo aéreo. Estratégia equivocada para um time de jogadores baixos, mas que possui esse cacoete por ter jogado tanto tempo com um centroavante fincado na área.
O gol de Gil surgiu justamente quando um homem se juntou a Guerrero no ataque pela primeira vez em muito tempo. Foi Renato Augusto, que sofreu a falta que originou o gol. Ele veio antes do intervalo, e significava os mesmos 0 a 2 que o Inter levou para o vestiário em Belo Horizonte e Chapecó recentemente, mas desta vez, ao contrário dos dois jogos citados, em nada refletia o que era o jogo. Mais uma vez, Abel voltou com a solução de sempre: Valdívia. Foi insuficiente.
O Corinthians voltou valorizando mais a bola e jogando mais no campo gaúcho. A insistência do Inter em cruzamentos facilitou a tarefa da zaga corintiana. Abelão partiu pro tudo ou nada com Wellington Paulista e Jorge Henrique. Chegou ao gol na base do abafa, com participação do centroavante recém-colocado e um pouco de sorte, também. Ainda assim, a formação ultra-ofensiva tirou o pouco de articulação que a equipe exibia. Com Aránguiz e Paulão descontados nos minutos finais, não foi tão difícil para o Corinthians administrar a vantagem - o Timão ainda quase fez o terceiro, com Fábio Santos, no travessão.
O Inter não jogou mal, mas voltou a exibir alguns velhos problemas, como a lentidão e a pouca capacidade de concluir a gol contra adversários fechados. Produziu o suficiente para ao menos empatar, mas parou diante de um rival muito mais eficiente. O cenário está longe de ser inédito: contra Cruzeiro (no Centenário) e São Paulo já havia sido assim. Tirando o Gre-Nal, que foi contra um Grêmio quase emergencial montado por Felipão, e a vitória sobre o Fluminense, o Internacional perdeu para seus adversários fortes em casa de um modo muito semelhante. Não dá para atribuir nada ao acaso, visto que é um raio que já caiu pela terceira vez no mesmo lugar.
E o Corinthians volta para a briga. Eliminado da Copa do Brasil, está um pontinho só atrás do G-4. O Inter, a um de distância para sua saída - está mais perto de sair da zona da Libertadores que de chegar à vice-liderança, portanto. Faltando nove rodadas para o fim e com alguns jogos difíceis por fazer ainda, a ordem no Beira-Rio deve ser a de esquecer o Cruzeiro e prestar atenção em quem está atrás. Pois há muita gente na cola, e gente boa, alguns que inclusive já ganharam do próprio Inter.
Em tempo:
- Mano Menezes segue seu retrospecto impressionante como técnico enfrentando o Inter no Beira-Rio. Desde 2006, acumula três vitórias e três empates comandando Grêmio e Corinthians, mantendo uma longa invencibilidade. Aliás, os dois dos empates deram títulos (a Copa do Brasil de 2009 com o Timão e o Gauchão de 2006 pelo Grêmio).
- O público do Gre-Nal de 10 de agosto segue sendo o maior em jogos oficiais do Inter no novo Beira-Rio. O jogo de ontem teve 210 espectadores a menos que naquela tarde.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 29ª rodada
19/outubro/2014
INTERNACIONAL 1 x CORINTHIANS 2
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Dewson Freitas Silva (PA)
Público: 37.012
Renda: R$ 1.439.260,00
Gols: Guerrero 3 e Gil 53 do 1º; Nilmar 27 do 2º
Cartão amarelo: Ernando, Paulão, Fabrício, Willians, Alex, Cássio, Fagner, Elias, Petros e Guerrero
INTERNACIONAL: Alisson (4,5), Wellington Silva (5) (Jorge Henrique, 21 do 2º - 5), Paulão (4,5), Ernando (5) e Fabrício (4,5); Willians (4,5) (Wellington Paulista, 21 do 2º - 5,5), Aránguiz (5,5), Alex (5,5), D'Alessandro (6) e Alan Patrick (4,5) (Valdívia, intervalo - 5); Nilmar (6). Técnico: Abel Braga
CORINTHIANS: Cássio (6,5), Fagner (5,5), Gil (6), Anderson Martins (5,5) e Fábio Santos (6,5); Bruno Henrique (5,5) (Guilherme Andrade, 20 do 2º - 5,5), Elias (4,5), Petros (5), Jadson (5,5) (Lodeiro, 26 do 2º - 5,5) e Renato Augusto (5,5) (Danilo, 46 do 2º - sem nota); Guerrero (7). Técnico: Mano Menezes
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