Um falso bom resultado

Diante de um Coritiba frágil, que se debate para evitar um rebaixamento que está se ensaiando desde o início do campeonato, era uma obrigação do Grêmio vencer, mesmo no Couto Pereira, onde as coisas nunca são fáceis. Não se trata apenas de uma questão de fazer valer a superioridade técnica sobre o adversário: a tabela pedia isso, principalmente depois de o time de Luiz Felipe conseguir só um ponto fora de casa contra Palmeiras e Goiás, duas equipes igualmente mais fracas. O Grêmio não só não conseguiu vencer como deixou o gramado até de certa forma aliviado com o empate. E o pior: não foi um resultado tão ruim assim - desde que o Tricolor confirme o favoritismo diante do Vitória, na Arena, sábado que vem - pois mantém o time gaúcho ainda ao alcance do G-4, embora quase nunca entre nele.

Com Erik no lugar de Luan, Felipão ganhou uma alternativa rápida e de qualidade pelo lado. O menino de 19 anos entrou com personalidade, partindo para cima dos adversários com qualidade de quem sabe jogar, embora tenha caído de rendimento ao longo da partida. Faltava à equipe poder de fogo, o problema de sempre. O Grêmio dominou territorialmente o Coxa por pelo menos metade do primeiro tempo. A equipe paranaense, então, estabeleceu três minutos de blitz, conquistando quatro chances seguidas na bola aérea: um cruzamento de Norberto espalmado por Marcelo Grohe, uma cabeçada de Luccas Claro na trave, outra de Alex lindamente salva pelo goleiro gremista e o gol de Leandro Almeida. Em três destes lances, a zaga gremista foi batida pelo alto.

A pane aérea defensiva custou caro. Estas foram as únicas chances do Coritiba em todo o primeiro tempo, e no segundo as coisas não mudaram muito. Com Alán Ruiz e Nicolas Careca, o Grêmio adonou-se do campo adversário mais uma vez. Faltou ao Coxa alternativa de contragolpe. Desesperado por uma vitória, arriscou menos do que deveria no ataque, não tinha retenção de posse ofensiva e, por isso, trazia o Grêmio para a pressão o tempo todo. O time gaúcho ainda abusava dos chutões e facilitava por isso as coisas, mas sempre que colocava a bola no chão levava algum perigo. A melhor chance veio em lindo passe de Ruiz para Ramiro, que chutou para ótima espalmada de Vanderlei.

Com Lucas Coelho na área ao lado de Barcos, o poderio ofensivo ficava ainda maior - e não havia mesmo razão para não colocar vários atacantes, já que não havia riscos de contra-ataque (a única chance assim veio em bobeada de Bressan que Robinho chutou na trave). Coelho cabeceou uma na trave, mas Riveros, em um ingresso perfeito como elemento-surpresa, como ele tantas vezes fez quando era titular, empatou. Um empate merecido, conquistado através de um jogador que merece a titularidade. E que quase virou derrota no último lance, quando Grohe salvou a tentativa de Joel, mas Robinho entrou livre e mandou por cima, sem goleiro.

O Grêmio conquistou sua arrancada no Brasileiro por ganhar muitos pontos fora de casa em determinada fase do campeonato. Perdeu fôlego justamente por começar a perder pontos demais longe da Arena. Diante de Palmeiras, Goiás e Coritiba, sete foram deixados pelo caminho. Empatando fora e ganhando em casa, o time conquistará um lugar na Libertadores. O problema é que este é um aproveitamento idealizado: o Grêmio fecha outubro com 8 pontos conquistados em 18 disputados, 44,4% de rendimento, bem menos do que necessita e projeta. Precisará, em novembro, aumentar esta conta, ou assistirá à Libertadores pela televisão pela primeira vez em três anos. Esta, aliás, é a tendência neste momento.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 31ª rodada
25/outubro/2014
CORITIBA 1 x GRÊMIO 1
Local: Couto Pereira, Curitiba (PR)
Árbitro: Dewson Freitas Silva (PA)
Público: 16.356
Renda: R$ 287.116,50
Gols: Leandro Almeida 30 do 1º; Riveros 39 do 2º
Cartão amarelo: Norberto, Robinho, Zé Roberto, Riveros, Matheus Biteco, Alán Ruiz e Lucas Coelho
CORITIBA: Vanderlei (6,5), Norberto (5,5), Luccas Claro (6,5), Leandro Almeida (6) e Carlinhos (5); Sérgio Manoel (5,5), Rosinei (4,5), Robinho (5) e Alex (6,5) (Hélder, 30 do 2º - 5,5); Zé Love (4,5) (Élber, 20 do 2º - 5) e Joel (5,5). Técnico: Marquinhos Santos
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6,5), Pará (6), Geromel (5), Bressan (4,5) e Zé Roberto (5,5); Ramiro (5), Matheus Biteco (4,5) (Alán Ruiz, intervalo - 5,5) e Riveros (6); Erik (5,5) (Lucas Coelho, 26 do 2º - 6), Barcos (4,5) e Dudu (5) (Nicolas Careca, 17 do 2º - 5). Técnico: Luiz Felipe

Comentários

Anônimo disse…
Achei que o Felipão armou um time muito cauteloso ontem. Bastou entrar o Alan Ruiz que o time começou a criar mais chances na frente, o que podia ter acontecido desde o começo.

Foi o primeiro empate do Grêmio com gols no campeonato, e o segundo jogo em que o time reagiu a um placar adverso (o outro foi a virada sobre o Botafogo no 1° turno). Se o resultado foi o menos pior, pelo menos serviu para demonstrar algum poder de reação dentro de uma partida.

Tiago
Vine disse…
Cabeceio é uma arte, e o Riveros é um artista: que cabeceio bem difícil aquele, e ele ainda conseguiu jogar a bola longe do goleiro. Se já é bom como volante, o fato de ser mais um bom jogador na bola aérea faz necessária sua titularidade...
Chico disse…
Péssimo resultado. Tinha que ter ganho.

Ruiz tem que ser titular